Em uma noite marcada por celebração à vida de artistas e à malandragem, seis escolas desfilaram no segundo dia de desfiles do Grupo Especial das escolas do Rio de Janeiro. Entre a noite de segunda-feira dia 8 e a manhã de terça-feira dia 9, a Marquês de Sapucaí recebeu Vila Isabel, Salgueiro, São Clemente, Portela, Imperatriz e Mangueira. Homenagens para a cantora Maria Bethânia, Zezé Di Camargo & Luciano e para o político Miguel Arraes foram destaques.
No 1º dia de desfiles do Grupo Especial, se apresentaram Estácio de Sá, União da Ilha do Governador, Beija-Flor de Nilópolis, Acadêmicos do Grande Rio, Mocidade Independente de Padre Miguel e Unidos da Tijuca. Nove quesitos serão avaliados pelos jurados: mestre-sala e porta-bandeira, comissão de frente, bateria, harmonia, evolução, enredo, samba-enredo, alegorias e adereços, fantasia. A campeã será conhecida na quarta-feira dia 10
Retomando a tradição de enredos políticos, a Vila Isabel trouxe para o sambódromo o tema “Memórias do “Pai Arraia” – Um sonho pernambucano, um legado brasileiro”, abrindo a noite de desfiles. A agremiação usou as cores azul e branco e fez uma homenagem a Miguel Arraes, avô de Eduardo Campos, político cearense três vezes governador de Pernambuco. Símbolos de Pernambuco e da cultura do estado brilharam na passagem dos componentes. A caatinga, a arte no barro, a literatura de cordel e o frevo foram lembrados. Os filhos do ex-governador, a ministra do Tribunal de Contas da União Ana Arraes e o cineasta Guel Arraes, e o neto Antonio Campos, filho de Ana, desfilaram à frente da Vila. O carro que representou o Galo da Madrugada, todo colorido, soltava bombas de serpentina e ganhou aplausos dos espectadores. Arraes só foi representado ao fim, num boneco de Olinda, ladeado por integrantes vestidos como foliões do Galo da Madrugada.
“A Ópera do Malandro” foi o enredo escolhido pela Salgueiro, a segunda a entrar na Sapucaí. A vice-campeã dos dois últimos carnavais mostrou o universo dos cabarés, botequins e personagens das ruas e da noite do Rio de Janeiro, em um desfile divertido e que empolgou o público. Alguns problemas técnicos, no entanto, atrapalharam a evolução da vermelho e branco. Um zepelim de cerca de 20 metros que sobrevoou a avenida por cima da bateria foi um dos destaques. A estrutura inflável era segurada por componentes no chão por meio de cordas. Na figura do Zé Pilintra, entidade das mais importantes das religiões africanas que é exaltada no tema escolhido pelos carnavalescos, o malandro sambou “num palco sob as estrelas”, acompanhado de componentes caracterizados como a Pomba Gira.
Com as cores amarelo e preto, a São Clemente trouxe o enredo “Mais de mil palhaços no salão”. Apesar de problemas com os carros e da queda sofrida pela rainha da bateria, a escola levou muitas cores e protesto para o desfile. Narizes de palhaços foram distribuídos para a plateia. A última ala veio com palhaços batendo tampas de panela e chefs de cozinha com frigideira e colher de pau na mão, em ação que lembrou os protestos contra a presidente Dilma Rousseff. No entanto, a escola nega o cunho político. A única representante da Zona Sul do Rio no Grupo Especial falou dos palhaços.
Desde 1984 sem ganhar um título de campeã, a Portela levou para a avenida o enredo “No voo da águia, uma viagem sem fim…”. Nas cores azul e branco, os componentes fizeram várias surpresas na passagem pelo sambódromo. A estreia do carnavalesco Paulo Barros na escola foi marcada por um Poseidon que flutuou com uma prancha e jatos de água. Um carro com dinossauros que engoliam os foliões também foi destaque. Paulo Barros afirmou que a agremiação procurou se livrar do “ranço” da tradição e fez a sua passagem para a modernidade, credenciando-se ao título.
A Imperatriz Leopoldinense fez uma homenagem à dupla Zezé Di Camargo e Luciano e à música sertaneja, com o enredo “É o amor que mexe com minha cabeça e me deixa
assim… “Do sonho de um caipira nascem os filhos do Brasil””. Versos das músicas dos artistas empolgaram a plateia, com samba acompanhado de acordes de sanfona.
A Mangueira encerrou a noite com o samba enredo “Maria Bethânia – A Menina dos Olhos de Oyá”. A homenagem da verde e rosa celebrou os 50 anos de carreira da cantora baiana com um desfile bastante sofisticado, que contou com a presença de vários artistas e de uma porta-bandeira careca. Bethânia desfilou no último carro, ao lado de duas afilhadas.