Brasil tem mais de 5 mil casos de microcefalia notificados no país
Dos 467 diagnósticos confirmados da doença até o início deste mês, foram identificados, em 41 pacientes, correlação com o vírus zika
Já há confirmações de diagnóstico em Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Pernambuco, primeiro estado a identificar o aumento do número de casos da malformação, tem o maior número de confirmações (167), seguido pela Bahia (101), Rio Grande do Norte (70), Paraíba (54), Piauí (29) e Alagoas (21).
Dos 91 óbitos notificados, supostamente causados por microcefalia ou alterações no sistema nervoso central e ocorridos durante a gestação ou após o parto, 24 já possuem a confirmação da condição congênita ou dos problemas neurológicos; oito já foram descartados e 59 estão em investigação.
Segundo o Ministério da Saúde, os 765 casos descartados ou são de bebês com exames de imagem e laboratoriais normais, ou possuem microcefalia ou alterações no sistema nervoso central que não foram causadas por infecção.
“Cabe esclarecer que o Ministério da Saúde está investigando todos os casos de microcefalia e outras alterações do sistema nervoso central, informados pelos estados e a possível relação com o vírus zika e outras infecções congênitas. A microcefalia pode ter como causa diversos agentes infecciosos além do zika, como sífilis, toxoplasmose, outros agentes infecciosos, rubéola, citomegalovírus e herpes viral”, lembrou a pasta.
Vacina
Mais cautelosa que o Ministério da Saúde, a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou uma previsão maior para a produção de uma vacina contra o zika. Segundo a OMS, só deve ficar pronta para testes clínicos em, pelo menos, 18 meses, frente aos 12 estimados pelo ministro Marcelo Castro na última quinta-feira.
Em Genebra, a vice-diretora da OMS, Marie-Paule Kieny, garantiu que 15 laboratórios e agências de pesquisa se dedicam atualmente à elaboração da vacina. Segundo Kieny, duas delas são promissoras, a que está sendo desenvolvida pelo Instituto Nacional de Saúde (INH) dos Estados Unidos, e a do laboratório indiano Bharat Biotech.
A produção de uma vacina tem duas etapas, com subdivisões, que podem tomar até uma década. Na primeira, chamada de pré-clínica, a nova molécula é testada em laboratórios e, depois, em animais, que geralmente são camundongos. Durante a etapa clínica, a primeira fase começa com o teste em humanos para avaliar a segurança do produto. Na segunda, calcula-se qual seria a dose ideal e o esquema de vacinação para a imunização eficiente. Na fase três, a proteção é posta à prova por meio de vacinação em grande número de pessoas com chances maiores de infecção. Na fase final, é feito o acompanhamento, para confirmar se a vacina provoca efeitos adversos ou se é segura para uso em grande escala.
A OMS ainda não confirmou a relação entre o zika e o aumento no número de casos de microcefalia, síndrome de Guillain-Barré e outros possíveis desdobramentos neurológicos da infecção. “Ainda precisamos de algumas semanas para demonstrar se há uma relação de causalidade, mas é altamente provável”, disse Kieny.