EDITORIAL

Tragédia anunciada

Tão previsível quanto o Natal, o réveillon e a Páscoa, é o período das chuvas de verão. Ninguém precisa consultar a meteorologia, os búzios ou a bola de cristal para tomar conhecimento de que dezembro, janeiro, fevereiro e março são generosos em torrentes de água. Tempestades caem pesadas e ventos sopram fortes. Com eles, a […]

Tão previsível quanto o Natal, o réveillon e a Páscoa, é o período das chuvas de verão. Ninguém precisa consultar a meteorologia, os búzios ou a bola de cristal para tomar conhecimento de que dezembro, janeiro, fevereiro e março são generosos em torrentes de água. Tempestades caem pesadas e ventos sopram fortes. Com eles, a tragédia anunciada. E, porque previsível, evitável.
Enchentes, inundações, desmoronamentos e desabamentos de casas desalojam, desabrigam e roubam vidas. Diante do mal que desaba do céu, não dá outra no país avesso à prevenção. Os governos se mobilizam nas emergências e retomam velhas promessas de que a calamidade não se repetirá. Passado o perigo, porém, esquecem os trabalhos de prevenção ou os põem em prática de forma bastante lenta e insuficiente para enfrentar a próxima temporada.
Minas, São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Espírito Santo são velhos fregueses dos meses chuvosos. Este ano os estragos começaram em duas unidades da Federação. No sábado, deslizamento de terra em Itapecerica da Serra, na região metropolitana de São Paulo, fez sete vítimas, três das quais — uma criança e duas mulheres — morreram. Em Capati, interior do estado, uma pessoa foi a óbito.
No Rio Grande do Sul, os gaúchos enfrentam os estragos das cheias dos rios. Nada menos de 40 municípios foram afetados. Entre eles, 12 decretaram estado de emergência. São 2.200 famílias atingidas, obrigadas a deixar para trás não só a casa onde moram mas também os bens duramente acumulados ao longo da vida.
Vale repetir a pergunta que se faz todos os anos. Por que não tomar as medidas aptas a evitar tragédias? Ou reduzir os danos? É o caso de proibir construções em áreas de risco, remover famílias cujas casas se encontram em regiões perigosas, criar espaços como praças e parques gramados (capazes de absorver água), promover a limpeza de bueiros e de galerias de águas pluviais, construir muros de contenção e piscinões que recebem água da chuva em lugares onde o relevo favorece inundações.
Mais: manter rigoroso controle sobre o lixo. De um lado, coletar os resíduos das residências e os deixados pelas ruas ou nos rios das cidades. Impõem-se campanhas educativas ao longo do ano. Adultos e crianças têm de aprender que áreas públicas não são lixeiras. O destino de embalagens, garrafas, brinquedos, cacos de vidro, eletrodomésticos e móveis com certeza não é a calçada, o asfalto ou as águas de rios e lagos.
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