O Ministério da Saúde vai distribuir para estados e municípios 10 milhões de testes rápidos de gravidez. A iniciativa, anunciada nesta segunda pelo governo, tem como objetivo identificar precocemente mulheres com suspeita de gravidez para que elas se protejam contra o zika, vírus associado à epidemia de microcefalia no País. A pasta quer ainda aumentar a busca ativa de mulheres em idade fértil e garantir a oferta de métodos contraceptivos, caso não haja interesse de engravidar.
As medidas fazem parte do protocolo de atenção à saúde para microcefalia, um manual dirigido para profissionais de saúde com orientações para o atendimento adequado à gestante e ao bebê com diagnóstico da doença.
“Quanto antes a mulher souber da sua condição de gestante, melhor. O fundamental é que tomem todos os cuidados necessários para reduzir o risco de contaminação”, afirmou o secretário de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, Alberto Beltrame. Atualmente, cerca de 50% das gestantes iniciam o pré-natal depois da 12ª semana de gestação, um início considerado muito tardio. Com acompanhamento precoce, mulheres serão orientadas a adotar medidas de prevenção contra o vírus, a tomar as vacinas adequadas para o período.
O plano prevê ainda aumentar as visitas domiciliares de agentes de saúde e de endemias para identificar gestantes que tenham suspeita de terem tido contato com zika, vírus transmitido pela picada do Aedes aegypti contaminado e que, transmitido durante a gravidez, pode levar o feto a desenvolver microcefalia.
Se a mulher apresentar sintoma de zika – febre, coceiras e manchas vermelhas pelo corpo – os sinais serão anotados na caderneta da gestante. “Isso vai agilizar também no acompanhamento do bebê, caso ele apresente microcefalia”, disse o secretário. Assim que o bebê nascer, sangue e líquido amniótico serão coletados para uma futura análise. Também será coletado sangue da mães. O exame do material é considerado importante para estudos científicos que estão em curso no País. A associação do zika com microcefalia foi feita no Brasil, a partir da análise de material coletado em exames de dois fetos e um bebê. O achado, no entanto, é considerado como ponto de partida de uma série de estudos, que começam agora a ser delineados.
A gestação de um bebê com microcefalia não é considerada de risco. O parto pode ser normal. Beltrame afirma que o ultrassom pode ser feito no primeiro trimestre da gestação. O manual recomenda que profissionais de saúde façam a medição do perímetro cefálico logo depois do nascimento. Bebês que apresentarem um perímetro igual ou inferior a 32 centímetros deverão fazer ultrassom. A tomografia somente será feita em casos específicos. “Com a restrição, queremos evitar que o bebê seja exposto desnecessariamente a uma dose maior de radiação e à sedação”, disse Beltrame. Bebês com perímetro cefálico entre 32 centímetros e 33 centímetros serão acompanhados.
O secretário disse não ser necessário a ampliação dos serviços para realização dos exames. “Levantamento feito pelo ministério mostra haver aparelhos suficientes”, disse. A maior preocupação da pasta é com o atendimento dado para bebês. “Ouvimos que não há o que fazer para recuperação desses bebês. Não é verdade. Há recursos que podem ser usados”, completou.
A eficácia do tratamento, no entanto, vai depender de bebê para bebê. “Tudo depende da extensão da doença”, contou Beltrame. Os estímulos podem começar a ser feito no primeiro mês e vão até o terceiro ano de vida do bebê. Beltrame afirmou que, se necessário, recursos adicionais poderão ser destinados para garantir o cuidado dos bebês.
O Ministério da Saúde recomenda que bebês com microcefalia sejam alimentados com leite materno até os dois anos ou mais. “Embora boatos tenham surgido, não há nada que indique que o aleitamento seja prejudicial. Não há nenhum motivo para mudar a conduta de recomendação do aleitamento materno”, disse o Beltrame.