MOVIMENTOS
Manifestantes vão às ruas por impeachment de Dilma
Pressão popular é essencial para definir desfecho do processo político. Aliados da presidente Dilma marcam protestos para quarta
Vista como um termômetro essencial para medir o humor da população em relação ao processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, as manifestações de rua contrárias e favoráveis ao afastamento da petista começarão a partir de hoje, com os protestos pró-impeachment. Para quarta-feira, estão previstos atos daqueles que apoiam a manutenção da presidente. A página do Vem para Rua no Facebook foi bloqueada ontem por quatro horas, após denúncia de conteúdo impróprio. O movimento classificou o episódio como “injusto”.
Em Brasília, a expectativa dos organizadores é de que o ato do fim de semana reúna 25 mil pessoas, mesmo contingente que em abril e menos do que os 50 mil de março. Há protestos marcados em pelo menos outras 30 cidades, incluindo São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Fortaleza, no Maranhão a manifestação está marcada para às 16h e seguirá da Avenida dos Holandeses até a Ponta D’ Areia. A organização é feita pelo Movimento Brasil Livre (MBL), Revoltados Online e Vem Pra Rua, principalmente.
Na avaliação do mestre em ciência política Lucas de Aragão, a pressão popular será um fator chave, especialmente devido ao agravamento da crise econômica e ao envolvimento do governo em escândalos de corrupção, como os desvios na Petrobras. Além das pedaladas fiscais, motivo de fundamentação do pedido de impeachment, os movimentos usam outros argumentos para pedir a saída da petista. “A campanha foi feita com dinheiro fraudulento do petrolão”, diz Renan Ferreira, um dos coordenadores do MBL. A acusação faz parte da delação premiada do empreiteiro Ricardo Pessoa nas investigações de desvios da Petrobras.
Afastamento
Por outro lado, com a deflagração do processo de afastamento de Dilma, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), denunciado por corrupção e lavagem de dinheiro na Lava-Jato, não é alvo prioritário do grupo. “Agora o foco é no impeachment”, justifica Renan. Para o cientista político Claudio Couto, da Fundação Getulio Vargas (FGV), essa é a principal fragilidade dos movimentos contra o governo. “É muito contraditório defender o impeachment por um processo fiscal e ao mesmo tempo não defender o afastamento do chefe de um poder contra quem as evidências de corrupção são numerosas. É uma ética seletiva”, afirma.
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