IDENTIFICAÇÃO

Terrorista francês era um delinquente comum do subúrbio de Paris

Omar Ismaïl Mostefaï foi identificado por análise de DNA colhidas de um dedo encontrado na casa de shows Bataclan. Seu histórico consta oito condenações de 2004 a 2010, sem nenhuma ordem de prisão

Um dedo cortado revelou a identidade do terrorista francês que detonou na noite sexta-feira 13 de novembro, seu cinto de explosivos, depois de ter atirado sobre o público durante um show no Bataclan: ele era um delinquente comum do subúrbio de Paris, que acabou sucumbindo ao Islã radical. De acordo com fontes policiais, seu nome era Omar Ismaïl Mostefaï.
Foto: Jean Francois Monier /AFP.


Jean Francois Monier /AFP

Vista da casa onde Omar Ismael viveu há dois anos, em Chartres

O homem de 29 anos (nasceu no dia 21 de novembro de 1985) foi formalmente identificado por “análise de digitais” colhidas num dedo encontrado na casa de shows parisiense, informou neste sábado o procurador de Paris, François Molins. Natural de Courcouronnes, município situado ao sul de Paris, ele tinha cometido apenas pequenos delitos até então. Seu histórico consta oito condenações de 2004 a 2010, sem nenhuma ordem de prisão. “Em 2010, ele foi fichado por radicalização, mas nunca foi aberto contra ele um caso de associação de terroristas”, ressaltou o procurador.
De acordo com uma fonte próxima da investigação, Omar frequentava uma mesquita em Lucé, perto de Chartres, outra cidade ao sul de Paris. Os investigadores ainda buscam confirmar se o homem-bomba viajou à Síria em 2014. ‘Coisa de louco’Seu pai e seu irmão foram detidos na noite de sábado. O irmão, de 34 anos, se apresentou por conta própria na delegacia de Créteil (perto de Paris), e mostrou-se surpreso quando soube que o caçula estava envolvido nos atentados, mais especificamente na tomada de reféns do Bataclan, que terminou em banho de sangue, com ao menos 89 mortos.
“É coisa de louco, devo estar delirando”, reagiu o irmão em entrevista à AFP, com a voz trêmula, antes de ser colocado sob custódia. “Ontem, eu estava em Paris, e vi toda a merda que aconteceu por lá”, relatou. Ele confirmou que seu irmão “teve problemas com a justiça, detenções provisórias, coisas assim”.
Por mais que tenha cortado relações com Omar há muitos anos, por conta de “problemas familiares”, o irmão mais velho não imaginava que o caçula pudesse se tornar um islamista radical. “Ele viajou para o país de origem dos nossos pais, a Argélia, com sua família, e sua filha pequena. Já fazia um tempo que eu não tinha notícias”, explicou. Pai de família, que vive numa casa modesta no subúrbio parisiense, o irmão do terrorista revela que tem outros dois irmãos, com os quais também cortou relações, e duas irmãs. “Liguei para minha mãe, mas parece que ela não sabe de nada”, completou.
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