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Samarco reconhece riscos de rompimento em mais duas barragens em Mariana

Obras emergenciais buscam contornar o problema. Estado decretou situação de emergência

Outras duas barragens de rejeitos da mineradora Samarco, em Mariana, têm risco de rompimento. O problema foi reconhecido ontem por representantes da empresa, controlada pela brasileira Vale e pela anglo-australiana BHP. Os reservatórios de Santarém e Germano ficam perto da barragem do Fundão, que se rompeu no começo do mês deixando onze mortos, 12 desaparecidos e centenas de desabrigados, num rastro de destruição que cruza os estados de Minas Gerais e Espírito Santo e chega ao litoral brasileiro.
Foto: Alexandre Guzanche/EM/D.A Press.


Alexandre Guzanche/EM/D.A Press

Reservatório de Germano, um dos que têm risco de colapso, no Distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, recebe obras de emergência

A lama atingiu o Rio Doce, provocando morte de peixes e assoreando o leito do Rio. O abastecimento de água foi prejudicado nos municípios banhados pelo Rio, caso de Governador Valadares, onde ficou suspenso por uma semana. Apesar dos danos causados, que já resultaram em multa do Ibama de R$ 250 milhões e envolvem custos de mais de R$ 1 bilhão para recuperação e mitigação dos estragos, o diretor de operações e infraestrutura da empresa, Kléber Terra, disse que a empresa não deve desculpas à população. “Tem o risco, e nós, para aumentarmos o fator de segurança e reduzirmos o risco, estamos fazendo as ações emergenciais necessárias”, anunciou o gerente-geral de projetos estruturais da Samarco, Germano Lopes, em entrevista coletiva.

Segundo o representante da mineradora, o fator de segurança, estabelecido pela norma (NBR 13028), mede a estabilidade de uma estrutura. Para estruturas em condições normais de operação, a regra estabelece fator de segurança de 1,5, no mínimo. Em condições adversas, é admitido fator de segurança de 1,3. O índice igual a 1 representa que a estrutura está no limite de equilíbrio. Na barragem de Santarém, segundo Kléber Terra, o fator de segurança na barragem de Santarém é de 1,37. Na de Germano, de 1,22. Lopes afirmou que, antes do rompimento, a barragem de Fundão tinha fator de segurança de 1,58. Segundo ele, o valor foi atestado por um lado feito em julho de 2015 por empresas especializadas, contratadas pela Samarco.

Os representantes da empresa explicaram que, diferentemente do que havia sido em princípio anunciado, a única barragem que rompeu foi a de Fundão. Dos 55 milhões de metros cúbicos de rejeitos contidos na barragem, 40 milhões desceram e atingiram a barragem de Santarém. Terra informou que a empresa está promovendo obras emergenciais nas duas barragens para tentar evitar colapsos. Segundo ele, blocos de rocha estão sendo usados para reforçar as estruturas. Este procedimento deve durar cerca de 45 dias na barragem de Germano. Na de Santarém, as obras têm prazo de 90 dias.

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