ARTIGO

Educação Pós-Moderna

Por que certos estudantes não conseguem compreender conceitos relativamente simples? ou que eles não conseguem aplicar conceitos, já estudados e assimilados, em situações diferentes daquelas mostradas na sala de aula? Por que a maioria dos alunos estuda para a “prova” ao invés de estudar para adquirir uma compreensão profunda nos assuntos em questão? Por que […]

Por que certos estudantes não conseguem compreender conceitos relativamente simples? ou que eles não conseguem aplicar conceitos, já estudados e assimilados, em situações diferentes daquelas mostradas na sala de aula? Por que a maioria dos alunos estuda para a “prova” ao invés de estudar para adquirir uma compreensão profunda nos assuntos em questão? Por que os conceitos aprendidos são voláteis (pouco duram na mente do estudante)?
Afinal, de quem é a culpa? é do Estudante? é do Professor? ou é do Sistema educacional em vigor? Ocorre que temos hoje um sistema educacional composto por uma sala de aula do século IXX, um professor do século XX, e alunos do século XXI. Portanto, precisamos, sobretudo, refletir sobre as estratégias de ensino-aprendizagem que estão sendo usadas.
Nosso ensino é conteudista, i.e. baseado no conteúdo, e portanto, aluno bom é aluno que decora o conteúdo no momento da prova. Nosso ensino não prioriza a formação do pensamento, do senso crítico, da curiosidade e da criatividade.
O comportamento de nossos estudantes tem mudado radicalmente nos últimos anos e, infelizmente, o sistema educacional vigente não foi planejado para esse tipo de estudante e encontra-se defasado em relação ao perfil do estudante de hoje.
Precisamos conhecer melhor nosso aluno. Quem é ou quem será? É uma nova geração chamada geração Z ou geração dos “Homo Zappiens”, constituída por pessoas nascidas após o ano 2000. A palavra zappiens foi criada em 2009 e deriva do verbo zapear, ato de utilizar o controle remoto (joystick, etc.) e de ficar trocando de canal, e de tarefa, com frequência e rapidez. É uma geração multitarefas i.e. é uma geração de pessoas que fazem muitas coisas ao mesmo tempo.
Estamos, portanto, enfrentados a uma geração caracterizada por uma falta de concentração devido à excessiva exposição à televisão durante a infância e a este aspecto multitarefas. Estudos demonstrarem que o intervalo de atenção dos estudantes durante a aula passou de 15 minutos em 2000 a apenas 11 minutos em 2014.
A geração X é composta por pessoas nascidas nas décadas e 60 e 70 que lutaram contra a guerra e por uma sociedade baseada no amor e nos valores cidadãos, porém são poucos usuários da tecnologia). A geração Y é composta por pessoas nascidas nas décadas de 80 e 90 e que são grandes usuários de tecnologia.
Contrariamente às Gerações X e Y que são conhecidas como imigrantes digitais, a geração Z e a geração Alpha (nascidos após 2012) são conhecidas como geração dos nativos digitais. É uma geração que nasceu imersa no mundo das tecnologias digitais e que aprende brincando, independentemente da classe social e da localização geográfica onde se encontra. Ela é conhecida também como Geração Digital, Geração Online, ou Geração Pontocom.
Precisamos apreender as características dessa geração e destacar quais as suas influências no ambiente escolar? A diferença fundamental entre o Homo Zappiens ou Nativo Digital, em relação aos imigrantes digitais é o modo como ambos se relacionam com as tecnologias. Os Homo Zappiens são íntimos da tecnologia, possuem um desenvolvimento tecnocognitivo muito forte, e aprendem em uma relação dialógica que se contextualiza pela prática e pela experimentação. Entretanto, as gerações anteriores X e Y, chamadas de Imigrantes Digitais, seguem um modelo de aprendizagem instrucionista (sequência de conteúdos pedagógicos), i.e., se baseiam na instrução para efetivação da aprendizagem.
Neste contexto, a UNESCO definiu quatro pilares da educação do século XXI, chamada educação pós-moderna, e que foram publicados no livro “Educação: um Tesouro a Descobrir”: (1) aprender a aprender, (2) aprender a fazer, (3) aprender a ser, e (4) aprender a conviver.
Assim buscamos formar cidadãos competentes e sociais. A competência é definida por um tripé chamado CHA: Conhecimento (adquirir os conceitos), Habilidade (poder fazer, aplicando o conhecimento adquirido), e Atitude (querer fazer –desejo de transformar a sociedade com o bom uso do conhecimento adquirido).
Ao observar a pirâmide da aprendizagem, destaca-se que o aluno armazena apenas 15% de que ele lê, 20% de suas atividades audiovisuais, 30% das demonstrações, 50% das discussões/dinâmicas de grupos, 75% praticando e fazendo atividades, e 90% ensinando/mostrando os outros como fazer. Daí a famosa frase: “Eu leio e esqueço, eu vejo e me lembro, e eu faço e aprendo”.
De fato, o texto é unidirecional e não permite a interação. Ao ler um conteúdo textual, o aluno não tem meios para se manifestar, dar feedback, interagir, etc. Entretanto, nosso ensino ainda á baseado no texto.
Para atingir os objetivos traçados pela UNESCO e adequar nossa educação à pós-modernidade a “Aprendizagem Ativa”, ou AA, está se firmando com uma estratégia pedagógica extremamente eficiente. A ideia básica é que os estudantes aprenderão melhor os assuntos a serem estudados se eles realmente pensarem a respeito, discutirem sobre, e aplicarem o que eles estão aprendendo.
A Aprendizagem ativa é definida como qualquer processo por meio do qual o estudante deixa de ser passivo e passa a ser o ator principal do seu processo de aprendizagem. As estratégias de AA são baseadas na filosofia construtivista que estipula que os estudantes aprendem melhor construindo seu próprio entendimento, ao invés de simplesmente “receber” conhecimento. Há várias estratégias de aplicar a Aprendizagem Ativa como a Aprendizagem Cooperativa, o Problem Based Learning –PBL, o Project Oriented Learning, Estudos de Caso, etc.
A evolução da humanidade depende fundamentalmente da evolução de como vemos e compreendemos o nosso mundo. Essa visão é essencialmente determinada pela maneira pela qual aprendemos a aprender esse mundo i.e. pelas estratégias educacionais que precisam ser adequadas e adaptadas à nossa realidade.
A aprendizagem precisa ser ativa, focada na experiência, na solução de problemas, projetos, na criatividade, etc. Não tem mais sentido focar as aulas só no conteúdo teórico, na memorização, na competição. Está na hora de parar, refletir, e repensar e fazer evoluir o nosso sistema educacional.
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