ACIDENTE

Caixas-pretas de avião russo que caiu no Egito começam a ser analisadas

Continuam as buscas para encontrar os últimos corpos das 224 vítimas e potenciais pistas espalhadas por uma vasta área no deserto do Sinai

Os investigadores devem começar nesta terça-feira (3/11) a analisar as caixas-pretas do Airbus russo para determinar se sua queda foi provocada por um acidente ou um ataque, mas o presidente egípcio advertiu que a investigação pode ser longa.
Abdel Fattah al-Sissi também atacou, em uma entrevista com a BBC, a “propaganda” do grupo jihadista Estado Islâmico (EI), que afirmou no sábado (31/10) ter derrubado o A321 em represália aos bombardeios russos na Síria.
Na falta de certeza sobre as causas do acidente, as autoridades esperam a análise das duas caixas-pretas – uma registra as conversas a bordo e a outra os parâmetros de voo – com início previsto para hoje, de acordo com fontes próximas à investigação.
Enquanto isso, as buscas continuam para encontrar os últimos corpos das 224 vítimas e potenciais pistas espalhadas por uma vasta área no deserto do Sinai.
Além dos especialistas russos, uma dezena de investigadores franceses, representando a Airbus e o gabinete de Investigação de Acidentes (BEA), bem como seus colegas alemães do Bureau Federal de Investigação de Acidentes Aéreos (BFU), trabalham no terreno como previsto pelo procedimento internacional.
Por sua vez, a comissão do governo russo que acompanha o caso deve se reunir em Moscou para fazer um balanço dos avanços.
Uma bomba?
Metrojet, a empresa russa que fretava a aeronave que pertence à transportadora Kogalymavia, assegurou na segunda-feira que apenas um fator “externo” poderia explicar o acidente. Assim, rejeitou a possibilidade de “uma falha técnica ou erro de pilotagem”, ressaltando o “excelente estado” do avião.
No entanto, a agência federal russa encarregada do transporte aéreo, Rosaviatsia, considerou “prematuras” as conclusões da Metrojet. “Não há nenhuma razão para tirar conclusões sobre as causas da destruição em voo do aparelho”, afirmou seu diretor Alexandre Neradko.
O presidente egípcio Sissi também afirmou que “levará tempo para esclarecer o incidente”. “Olhe para o voo da Pan-Americana, que caiu na Europa (em Lockerbie, em 1988), levou anos para descobrir a verdade, as razões do acidente. Não podemos tirar conclusões precipitadas”, afirmou à BBC.
Em 21 de dezembro de 1988, um Boeing 747 da empresa americana se desintegrou sobre a cidade escocesa de Lockerbie alguns minutos após a decolagem, de um modo semelhante ao que aconteceu no sábado com o A321 da empresa Metrojet.
Vinte e três minutos depois de decolar na madrugada de sábado do resort de Sharm el-Sheikh, o Airbus se despedaçou durante o voo como comprovado pela dispersão dos destroços e corpos pelo chão, por uma área de mais de 100 km2, de acordo com alguns investigadores.
De acordo com especialistas entrevistados pela AFP, a aeronave sofreu um choque extremamente súbito, ao ponto de o piloto perder o controle do aparelho instantaneamente.
Todos excluem a possibilidade de o avião ter sido atingido a 10.000 m de altitude por um míssil disparado do ombro, o tipo que dispõe o EI no Sinai. Isso deixa duas possibilidades: um problema técnico que provocou uma explosão e deslocamento imediato do dispositivo sem dar tempo para o piloto se comunicar – caso raro segundo os especialistas, ou uma bomba, levada para dentro do avião por um ocupante ou coloca a bordo por um membro da tripulação em terra.
‘Flash de calor’
Para os especialistas, mesmo um pequeno explosivo seria suficiente para abrir uma brecha na cabine e, assim, destruir o avião em pleo voo em razão da pressurização na alta altitude.
Um satélite militar americano detectou um flash de calor sobre o Sinai no momento em que um avião comercial russo caiu, segundo noticiou a imprensa americano.
Isto poderia indicar um evento catastrófico durante o voo, possivelmente resultante da explosão de uma bomba, embora analistas estejam considerando um amplo espectro de possíveis causas, acrescentou a CNN.
Entre as outras possibilidades mencionadas na reportagem da CNN estão o mal funcionamento do motor, um incêndio provocado por problema estrutural no avião ou pela colisão com o solo.
Em São Petersburgo (noroeste da Rússia), de onde eram a maioria dos 224 passageiros, as famílias das vítimas começaram na segunda-feira a identificar 140 corpos que chegaram na antiga capital imperial.
“É um processo longo e laborioso que vai durar o tempo que for necessário”, declarou Igor Albina, vice-governador de São Petersburgo.
Um segundo avião transportando os restos de outras vítimas do pior desastre aéreo envolvendo a Rússia chegou na manhã desta terça.
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