PRISÃO
Agente da Polícia Federal é rosto conhecido na Operação Lava-Jato
Membro da PF desde 1976, Newton Ishii foi preso em flagrante pela própria corporação, em 2003, mas foi reintegrado aos quadros após decisão judicial
O agente da Polícia Federal Newton Hidenori Ishii é um dos rostos mais conhecidos e inusitados da Operação Lava-Jato. Todo preso que chega na carceragem de Curitiba, ou é transferido, aparece ao lado do policial em toda e qualquer foto. Foi assim com José Carlos Bumlai, Marcelo Odebrecht, João Vaccari Neto, Pedro Corrêa, Ricardo Pessoa… Todos com Ishii, que quase sempre está de óculos escuros e colete.
Com a prisão do senador Delcídio do Amaral (PT-MS), a atenção dos leitores se voltou novamente para Ishii por conta do diálogo gravado entre o parlamentar; Edson Ribeiro, advogado de Nestor Cerveró; Bernardo Cerveró e Diogo Ferreira, chefe de gabinete de Amaral. Ribeiro, que rotula o agente como “japonês bonzinho”, afirmou que Ishii é o responsável pelo vazamento da delação premiada do ex-diretor da estatal, além de o acusar de vender informações. Na tarde de hoje, a Polícia Federal no Paraná vai ouvir Cerveró para apurar o vazamento da delação. Ishii também deve depor, em outra data.
Membro da PF desde 1976, Newton Ishii foi preso em flagrante pela própria corporação, em 2003, mas foi reintegrado aos quadros após decisão judicial. A Operação Sucuri, da Polícia Federal, começou no fim de 2002 e revelou que 23 agentes, sete técnicos da Receita Federal e três Policiais Rodoviários Federais estavam envolvidos com facilitação de contrabando em Foz do Iguaçu, que fica na fronteira entre Brasil, Paraguai e Argentina. Após a prisão, Ishii se aposentou em outubro de 2003, mas, em abril de 2014, a aposentadoria foi revogada e ele retornou à atividade.
De acordo com o Ministério Público Federal, os servidores públicos deixavam veículos contendo mercadorias contrabandeadas, conduzidos por outros intregrantes do grupo, entrarem no Brasil sem a devida fiscalização. As penas variaram entre oito anos, um mês e 20 dias de prisão; 160 dias-multa a quatro anos e oito meses de reclusão e 100 dias-multa. O Superior Tribunal de Justiça, em 2012, confirmou a reintegração de Ishii, anulando o processo administrativo disciplinar de 2009 que determinava a demissão de alguns dos policiais envolvidos. A Polícia Federal informou que o agente, após ser inocentado e reintegrado, trabalha normalmente e não passa por nenhuma distinção no ambiente de trabalho devido ao caso.
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