ARTIGO

O grande jornalismo

O Brasil sediou, há dias, grande encontro de jornalismo investigativo, o que atua com total independência dos governos e dos interesses das grandes corporações. Seymour Hersh esteve presente. O americano, com passagens pelo New York Times e pelo Washington Post, foi o primeiro a desmascarar a farsa espetaculosa do assassinato de Bin Laden, com fuzileiros […]

O Brasil sediou, há dias, grande encontro de jornalismo investigativo, o que atua com total independência dos governos e dos interesses das grandes corporações. Seymour Hersh esteve presente. O americano, com passagens pelo New York Times e pelo Washington Post, foi o primeiro a desmascarar a farsa espetaculosa do assassinato de Bin Laden, com fuzileiros navais descendo em cordas bambas, à noite, de barulhentos helicópteros estacionados a 20 metros acima da fortaleza do terrorista no Paquistão, sem encontrar resistência armada.

Desde quando Bin Laden não teria guarda de pelo menos 30 talibãs treinados e superarmados? O jornalista desmontou a farsa com vários argumentos, mas o mais convincente foi o do sumiço do corpo do terrorista mais procurado do mundo, morto havia tempos, segundo ele, sabe-se lá como, onde e por quê. Não exibiram o corpo em nenhum momento. Custava fazê-lo? E, para culminar, disseram que o jogaram no mar para a sua sepultura não virar lugar de peregrinação. Hoje é sabido ter sido uma filmagem que, aliás, catapultou a reeleição de Obama.

É desse jornalismo que os brasileiros precisam. Claro está que, no caso em apreço, se tratou de um lance propagandístico com fins eleitorais, mesmo assim reprovável por iludir os votantes, em nada parecido com a arapongagem de Nixon em Watergate para espionar os democratas. Aqui achamos à época ser fato pequeno. Os jornalistas do Washington Post, entretanto, desmascararam Nixon. Dissera não saber de nada. A pecha de mentiroso levou-o ao descrédito. A Procuradoria-Geral nomeou um membro independente para investigá-lo. Ele pediu ao Congresso o impeachment. Premido pela opinião pública, decepcionada em ter um presidente mentiroso, Nixon renunciou.

Aqui as mentiras de Lula e de Dilma são muitas, mas ninguém se importa. Nas eleições de 2014, Dilma “fez o diabo” e mentiu como nunca, enganando o povo e os eleitores. Ficou tudo por isso mesmo, fraco o nosso senso ético. Agora mesmo a OAB vem de constituir comissão para avaliar se os 13 ilícitos orçamentários da presidente são aptos a embasar pedido de impeachment. Comenta-se em Brasília que será comissão chapa-branca. A estranha atitude da OAB a põe em risco de partidarismo.

Se a comissão for de esquerdistas, cairá no ridículo. Somente se composta de juristas de alto coturno, desvinculados do governo, a opinião terá valor, assim mesmo relativamente. Juízes julgam, juristas emitem pareceres, advogados patrocinam. A OAB é órgão de classe, sem viés governista (quinta coluna). Pessoalmente, me nego a crer que Marcus Vinicius Coêlho, presidente da OAB, seja venal.

No Brasil, se o presidente não deixar a digital na cena do crime, é inocente. (Uma ova! Tem o domínio dos fatos.) A tese de que seus auxiliares foram os culpados pelos 13 desvios não passará. Se passar, o Congresso será vaiado. O PT nos faz retroceder em tudo, quer emplacar a ideia de que o governante eleito é irresponsável, juridicamente falando, contra a Constituição. O PT agora é monarquista, volta ao século 17 (the king do not wrong). O rei não pode errar. Aliás, pode, segundo Lula, para quem a transgressão das leis orçamentárias foi feita para pagar o Bolsa Família (confissão).

Mas as mentiras maiores ainda vão aparecer. O PT criou deficits nas contas para ajudar empreiteiras, cobrar comissão e fazer bonito nos países de esquerda. E a gente precisando tanto de obras urbanas e de infraestrutura. Vamos expor algumas, coligidas pelo movimento Consciência Patriótica: Barragem de Moamba Major (Moçambique), custo BNDES: US$ 350 milhões; BRT (corredores de ônibus) de Maputo (Moçambique), custo BNDES: US$ 180 milhões; Hidrelétrica de Tumarim (Nicarágua), custo BNDES: US$ 343 milhões; Projeto Hacia El Norte Rurrenabaque-El-Chorro (mais conhecida como entrada da cocaína — Bolívia), custo BNDES: US$ 199 milhões; Abastecimento de água em Lima (Peru), custo BNDES: não informado; Renovação da rede de gasoduto de Montevideo — Uruguai, custo BNDES: não informado.

Mais: Via Expressa Luanda – Kifangondo, custo BNDES: não informado; Segunda ponte sobre o rio Orinoco (Venezuela), custo BNDES: US$ 300 milhões; Linhas 3 e 4 – Metrô Caracas (Venezuela), custo BNDES: US$ 732 milhões; Soterramento do Ferrocarril Sarmiento (Argentina), custo BNDES: US$ 1,5 bilhão; Aqueoduto de Chaco (Argentina), custo BNDES: US$ 180 milhões; Autopista Madden-Colón (Panamá), custo BNDES: US$ 152,8 milhões; Metrô cidade do Panamá (Panamá), custo BNDES: US$ 1 bilhão; Hidrelétrica de Chaglla (Peru), custo BNDES: US$ 320 milhões; Hidrelétrica Mandariacu (Equador), custo BNDES: US$ 90 milhões; Porto Mariel (Cuba), custo BNDES: US$ 682 milhões; Aeroporto de Nagala (Moçambique), custo BNDES: US$ 125 milhões. Abrir a caixa-preta do BNDES é imperioso.

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