CLIMA

Negociadores sobre mudanças climáticas concordam que tempo é curto

A ambiciosa negociação aborda as medidas para combater o aumento da temperatura do planeta, como cortar progressivamente a dependência das energias fósseis

Os representantes que negociam um acordo de luta contra as mudanças climáticas em Bonn se mostraram de acordo nesta quarta-feira que é urgente entrar em acordo a respeito de um texto, a três dias do fim da rodada, e também concordaram em fazer todos um mea culpa.
“Não acredito que este trabalho nos conduza aonde queremos estar no fim desta semana”, advertiu, no entanto, em sessão plenária a negociadora-chefe da França, Laurent Tubiana, que assumirá a organização das discussões na grande conferência do clima em Paris, dentro de seis semanas.
Os negociadores de 195 partes da Conferência sobre as Mudanças Climáticas se encontram em pleno combate em Bonn para redigir o primeiro grande acordo mundial de luta contra as mudanças climáticas.
Este acordo deve ser fechado durante outros dez dias de negociações pelos ministros do Meio Ambiente em Paris, em dezembro. “É óbvio que se os ministros examinassem o parágrafo um (do texto) neste momento, provavelmente muitos delegados perderiam a metade de seus salários”, disse um dos chefes do grupo de trabalho, Artur Runge-Metzer.
O texto, que tinha 20 páginas até segunda-feira, sofreu um grande retoque após os protestos do grande grupo de nações em desenvolvimento, o chamado G77, assim como a China.
O documento cresceu novamente para 34 páginas, e o trabalho, em sessões que se prolongam até a noite, foi dividido por capítulos em vários grupos de trabalho. “Houve um progresso substancial para corrigir desiquilíbrios no texto”, observou a porta-voz do chamado G77, que agrupa os países em desenvolvimento e a China, a sul-africana Nozipho Mxakato-Diseko.
Nesta quarta-feira, em sessão plenária para recapitular o ritmo do trabalho, o ambiente era de nervosismo. “Todas as partes estão desanimadas ou porque não nos movemos suficientemente rápido, ou porque não têm tempo de examinar todas as propostas”, disse outro chefe de grupo de trabalho, Frank Perrez.
A ambiciosa negociação aborda as medidas para combater o aumento da temperatura do planeta, como cortar progressivamente a dependência das energias fósseis, o financiamento de todas estas medidas e como controlar o progresso de forma mútua, entre muitos temas.
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O alcance destas propostas gera tensão basicamente entre países desenvolvidos e em desenvolvimento, mas as brigas também ocorrem no seio dos diferentes grupos e regiões. “Peço que discutam com seus pares” fora dos grupos de trabalho, implorou o copresidente das negociações, o argelino Ahmed Djoghlaf.
Os contatos bilaterais ou em pequenos grupos são essenciais para acelerar o trabalho de leitura do texto nos grupos de trabalho, lembraram os chefes da negociação. “Não há um plano B. A única opção é ter sucesso com o plano A”, alertou Tubiana.
O que está em jogo
O que está em jogo: mudar a matriz de produção energética do planeta, os compromissos de redução de emissões de gases e as gigantescas ajudas de que os países pobres necessitam para enfrentar o impacto do aquecimento global.
Essas ajudas estão estimadas em 100 bilhões de dólares anuais a partir de 2020, quando deveria entrar em vigor esta convenção da COP21.
“Vemos uma desproporção total entre o que agregamos ao problema e o que recebemos para combater o problema”, explicou à AFP Edwin Castellanos, negociador-chefe da Guatemala.
Para adiantar os trabalhos, as partes decidiram encerrar o acesso dos grupos de trabalho às organizações não-governamentais.
Nesta fase, 150 Estados apresentaram à ONU sua “proposta de contribuição” para reduzir as emissões no período de 2025-2030 visando à conferência de Paris.
Os países desenvolvidos já atingiram seu pico de produção de energia em geral, e seus avanços tecnológicos permitem a eles buscar simultaneamente alternativas para reduzir suas emissões de gases de efeito estufa.
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