SEM DINHEIRO
Mais um rebaixamento de nota destrói valor no país
Preço das companhias na bolsa caiu de US$ 1,54 tri em 2010 para US$ 550 bi. Para especialistas, reconquista da confiança vai demorar uma década
Na iminência de perder o grau de investimento por mais uma agência de classificação de risco, o Brasil vive o fim de uma era em que se sentiu mais próximo do Primeiro Mundo. “A vida com dinheiro fácil acabou”, vaticina Ivo Chermont, economista-chefe da Itaim Asset Management.
Em abril de 2008, já depois do estopim da crise global, a agência Standard & Poor’s concedeu o tão esperado selo de bom pagador para o risco soberano do governo brasileiro. No mês seguinte, foi a vez da Fitch conceder o grau de investimento ao país. A reação dos mercados foi eufórica. O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa) atingiu o seu ápice naquele mês, com 73.516, um patamar que nunca mais voltou a atingir. A Fitch Ratings demorou um pouco mais: só em setembro de 2009 colocou o Brasil no patamar dos países mais desenvolvidos.
“O custo de investir no Brasil despencou, o que viabilizou vários projetos e o acúmulo de US$ 373 bilhões de reservas internacionais. Agora, tudo isso está se revertendo”, explica Marcos Molica, sócio da Rosenberg Investimentos.
Se o país tem o selo de bom pagador, é menor o risco para quem lhe empresta dinheiro. Assim, os credores aceitam pagar juros mais baixos. Isso vale para os papéis do governo, no caso do risco soberano, mas também para as empresas, estejam elas ou não no grau de investimento. O valor de mercado das empresas listadas na BM&FBovespa passou de US$ 722 bilhões em dezembro de 2006 para US$ 1,54 trilhão em dezembro de 2010, quando atingiu o auge — no mês passado, havia recuado para US$ 550 bilhões.
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