ECONOMIA

Em tempos de crise, quase 900 mil pessoas se sustentam com a criatividade

Quem vê o Brasil mergulhado em uma grave crise política e na maior recessão em 80 anos tende a cair num desânimo sem fim. Mas, em tempos de turbulência, como o atual, é possível se reinventar e fazer a diferença. A criatividade pode valer ouro. Muitos dos gênios que revolucionaram a história realizaram seus melhores […]

Quem vê o Brasil mergulhado em uma grave crise política e na maior recessão em 80 anos tende a cair num desânimo sem fim. Mas, em tempos de turbulência, como o atual, é possível se reinventar e fazer a diferença. A criatividade pode valer ouro. Muitos dos gênios que revolucionaram a história realizaram seus melhores trabalhos nos momentos mais difíceis da vida. Talvez não fosse a depressão pela qual passou o músico alemão Ludwig van Beethoven, ele não teria composto algumas de suas obras-primas, como a Nona Sinfonia.
Ainda que timidamente, o Brasil vai se beneficiando de uma revolução silenciosa que fará a diferença para as novas gerações. A economia criativa já emprega quase 900 mil pessoas e, mantido o ritmo de crescimento observado nos últimos anos, tenderá a abocanhar parcela importante do Produto Interno Bruto (PIB). Apenas entre 2004 e 2013, os dados mais atualizados, a participação desse segmento nas riquezas produzidas no país passou de 2,1% para 2,6%, ou seja, saltou de R$ 74,3 bilhões para R$ 126,1 bilhões.
Na economia criativa não há barreiras. Uma boa ideia, um gerenciamento de qualidade, cooperação e vontade de vencer integram a receita do negócio. Os rendimentos mensais podem chegar a R$ 18 mil. Na média, estão em R$ 5.422, 161% acima do salário do mercado tradicional , de R$ 2.073.
“Mas que fique claro: esses números não significam que quem se dispuser a usar a criatividade como fonte de sustento já começará com esse ganho. Há um longo caminho. Não é um ganho fácil”, alerta Jasson Firme, consultor da Mecenatum Fábrica de Ideias. Há muito mais casos de fracasso do que de sucesso. Por isso, é preciso trabalhar duro e ter paciência. Criatividade e perseverança devem andar juntas.
Competência
Julia Hormann, 29 anos, aprendeu direitinho a lição. Ex-publicitária, ela percorreu um longo caminho até conseguir sucesso como promotora de eventos. O que começou como um desejo de ocupação de espaço urbano, depois de quatro anos se transformou em remuneração para ela e outras três pessoas, entre as quais a funcionária Paula Werneck, 29. “É o lado positivo do jeitinho brasileiro. Onde a situação parece não ter jeito, a gente vai e cria, se reinventa”, diz.
Natural de Brasília, Julia começou a trabalhar cedo. Aos 15 anos, pressentiu que o emprego tradicional não a faria feliz. Mesmo assim, cursou faculdade, trabalhou em agências de publicidade. Atenta aos movimentos, percebeu que precisava fazer alguma coisa pela cidade. “Sentia que, nos fins de semana, as ruas ficavam desertas, e estava cansada de ouvir amigos dizerem que aqui não tinha diversão, e que, por isso, pretendiam se mudar para São Paulo ou Rio de Janeiro”, relata.
Julia e dois amigos começaram, então, a promover piqueniques nos parques da capital, onde artistas plásticos, designers e músicos exporiam seus produtos e serviços, como em uma grande e festiva feira. Persistente, ela conseguiu um alvará para fazer o evento a cada dois meses.
No primeiro ano, ainda empregada como publicitária, Julia e os amigos colocavam dinheiro do próprio bolso para realizar o sonho. Mas o evento cresceu. Os 25 expositores se multiplicaram para 200 e o público passou de mil para 20 mil pessoas. “Foi uma revolução de hábitos, de autoestima, de conquista. A ideia era o lazer diurno, mostrar para a cidade o que ela tem de bom”, ressalta.
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