ECONOMIA

Dólar tem instabilidade, mas fecha cotado a R$ 3,87

O mercado respondeu com alívio às declarações da presidente Dilma sobre a permanência de Levy no Ministério da Fazenda

Esta segunda-feira  foi um dia misto de alívio e cautela no mercado de câmbio, que dividiu as atenções entre fatores nacionais e internacionais. Após a disparada do dólar para novembro no fim da sessão de sexta-feira, em meio a rumores sobre a saída de Joaquim Levy do Ministério da Fazenda, a moeda neste vencimento recuou hoje durante toda a sessão. Isso porque a presidente Dilma Rousseff garantiu a permanência de Levy no cargo. No mercado à vista, a divisa americana subiu durante todo o dia, em meio a ajustes técnicos após a disparada das cotações no segmento futuro na reta final da sexta-feira. O dólar à vista fechou cotado a R$ 3,87 (+1,28%). Já o dólar futuro para novembro, que encerra apenas às 18 horas, era negociado a R$ 3,902 (-0,90%) há pouco.
Em função da forte volatilidade verificada no câmbio nos últimos meses, aliás, o Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, também passará a calcular e a divulgar, a partir de terça-feira (20/10) cotações do dólar à vista até as 18 horas.
As declarações de ontem da presidente Dilma Rousseff reforçando a permanência de Joaquim Levy à frente do Ministério da Fazenda foram bem recebidas no mercado, que encerrou a semana passada com alto grau de desconfiança quanto ao futuro do ministro. Os rumores em torno de uma suposta carta de demissão no final da tarde de sexta-feira pareciam fazer sentido, uma vez que a política econômica de Levy vinha sofrendo críticas dentro do PT e, principalmente, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Em Estocolmo (Suíça), Dilma foi enfática ao garantir que Levy não está saindo do governo e classificou como especulação os questionamentos quanto a esse assunto. O mercado respondeu com alívio, mas não deixou de lado a cautela com a questão política. Isso porque a percepção é de que o “fogo amigo” em torno de Levy deve continuar nos próximos dias, uma vez que há assumida discordância em setores do PT em relação à condução da política econômica do governo.
Além da permanência de Levy em seu cargo, há ainda as incertezas quanto à sobrevivência do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMBD-RJ), que busca manter seu cargo em meio às crescentes evidências de manutenção de contas secretas na Suíça. Nas mãos de Cunha também estão os pedidos de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff. Nesta tarde, o presidente da Câmara confirmou que deverá protocolar ainda hoje os recursos às liminares concedidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) barrando o rito de tramitação do processo de impeachment.
Outro fator que manteve a cautela do investidor foi o cenário internacional, que teve na divulgação de indicadores econômicos na China a sua principal influência. O Produto Interno Bruto (PIB) chinês cresceu 6,9% no terceiro trimestre, na comparação com o mesmo período do ano anterior. O resultado veio abaixo dos 7% registrados nos dois primeiros trimestres do ano.
Esta foi a primeira vez que o indicador fica abaixo dos 7% desde 2009. Os dados sugerem que as medidas do governo para apoiar a atividade econômica não foram suficientes para evitar a desaceleração da economia. As incertezas quanto à capacidade da China de voltar a crescer levaram à valorização do dólar frente à maioria das moedas ao redor do mundo, com reflexos também no Brasil.
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