Volkswagen busca culpados e acelera plano de reparação de carros adulterado
Nesta quarta-feira foi anunciado nos Estados Unidos que a Volkswagen perdeu o título de “Automóvel Verde do Ano”
Um diretor da Volkswagen acusou os responsáveis pelo escândalo dos motores a diesel de comportamento “criminoso”, mas sem identificá-los. A empresa já se prepara para fazer o recall de milhões de veículos adulterados.
Um comitê do Conselho de Vigilância da empresa integrado por apenas cinco pessoas se reuniu nesta quarta-feira em uma nova reunião de crise. O órgão de controle prometeu “uma investigação sem concessões”.
Traçando um paralelo com a crise financeira de 2008, o ministro da Economia alemão, Wolfgang Schäuble, criticou nesta quarta-feira “a avidez de glória, de reconhecimento” na Volkswagen.
“Quando se quer triunfar nos mercados, a concorrência é terrível. Estamos chocados e veremos como isso vai terminar”, acrescentou.
Nesta quarta-feira foi anunciado nos Estados Unidos que a Volkswagen perdeu o título de “Automóvel Verde do Ano” por dois modelos que usavam a tecnologia que agora está no centro do escândalo dos motores a diesel poluentes, informaram nesta quarta-feira os organizadores do prêmio.
A publicação Green Car Journal anunciou que rescinde o prêmio de 2009 dado ao Volkswagen Jetta TDI e o prêmio de 2010 ao Audi A3 TDI, depois que a fabricante alemã reconheceu ter instalado em 11 milhões de veículos um software que falsificava os controles de poluição.
Quase 1,2 milhão de carros no Reino Unido e cerca de um milhão na França foram equipados com o software de falsificação dos controles de contaminação em diferentes marcas de carros a diesel do grupo Volkswagen (VW), segundo as revelações desta quarta-feira.
Ações da VW se recuperam
O escândalo provocou a renúncia do presidente da VW, Martin Winterkorn, e do diretor de vendas Christian Klingler. As ações também despencaram e já foram abertos processos e investigações contra a companhia.
O novo presidente, Matthias Müller, prometeu trabalhar para reposicionar o grupo no mercado, em que conquistou posição de maior vendedor de carros do mundo no primeiro semestre deste ano.
“Não há nenhuma justificativa para o engano e a manipulação”, declarou o executivo na segunda-feira em uma reunião com executivos do grupo.
Um membro do Conselho de Vigilância da empresa, Olaf Lies, deu mais um passo, ao assegurar que os responsáveis pelo escândalo agiram de modo “criminoso”.
Depois de sofrer uma desvalorização de 40% de seu valor ao longo da semana, a ação da empresa se recuperou um pouco, fechando com alta de 2,68% na Bolsa de Frankfurt nesta quarta-feira, a 97,75 euros por ação.
Sob suspeita
Segundo a Manager Magazin, uma dezena de executivos foram afastados de suas funções durante as investigações, por suspeita de participação ativa na fraude ou por terem se omitido no caso.
“As pessoas que permitiram que isso ocorresse, ou que tomaram a decisão de instalar este programa, atuaram de forma criminosa. Elas têm que assumir sua responsabilidade pessoal”, disse Lies à rede britânica BBC.
“Foi cometido um erro muito grande, porque milhões de pessoas perderam a sua fé na Voklswagen. Certamente sofreremos processos por danos”, completou.
“Me envergonha que as pessoas nos Estados Unidos tenham comprado carros com plena confiança esteja decepcionada”, concluiu.
Milhões de carros para recall
O grupo Volkswagen anunciou na terça-feira que fará o recall para revisão de todos os veículos adulterados, no contexto de um “plano de ação de grande escala” para enfrentar a pior crise de sua história.
“Os proprietários desses carros serão informados nas próximas semanas e meses”, afirmou o gigante automobilístico em comunicado. “Todas as marcas atingidas terão páginas nacionais na internet, onde os clientes poderão acompanhar a evolução dos acontecimentos”, acrescentou.
O governo alemão exigiu que a companhia apresente antes de 7 de outubro um plano para solucionar os problemas dos software fraudulentos.
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