Ucrânia impõe sanções a 400 personalidades, incluindo repórteres

A partir de agora, eles estão proibidos de ingressar em território ucraniano

As autoridades ucranianas anunciaram, nesta quarta-feira, a imposição de sanções a cerca de 400 personalidades, incluindo jornalistas ocidentais, assim como a 90 entidades jurídicas.
Os órgãos jurídicos e as personalidades estariam envolvidos, segundo Kiev, na anexação da Crimeia por parte da Rússia e no conflito na região leste do país pró-Moscou.
A lista de pessoas afetadas pelas sanções inclui funcionários de alto escalão do governo russo e separatistas, além de inúmeros jornalistas, muitos deles ocidentais. Entre eles, estão três correspondentes da rede BBC instalados em Moscou, um do jornal alemão “Die Zeit” e um jornalista espanhol. A partir de agora, eles estão proibidos de ingressar em território ucraniano.
As sanções têm duração de um ano, acrescentou o governo.
O presidente ucraniano, Petro Poroshenko, ratificou a decisão, adotada em 2 de setembro pelo Conselho de Segurança Nacional e de Defesa, acrescentaram as autoridades.
A publicação dessa lista acontece no mesmo dia em que a República Popular Autoproclamada de Donetsk confirmou a realização de eleições, em seu território, em 18 de outubro próximo. O anúncio do pleito se deu apesar da ferrenha oposição de Kiev, que adverte para a possibilidade de rompimento do processo de paz.
“A República Popular de Donetsk é um Estado independente e democrático, e a eleição das instâncias de governança local é um passo importante para todos os cidadãos da República”, declarou o líder separatista da “república”, Alexandre Zakhartchenko, depois de sancionar um decreto nesse sentido.
O presidente Poroshenko reagiu, denunciando uma decisão “irresponsável” e que representa, segundo ele, “um grande perigo” para a evolução do processo de paz.
No âmbito dos acordos de paz de Minsk 2, concluídos em fevereiro, eleições locais devem ser realizadas na zona de conflito antes do fim de 2015, em conformidade com a lei ucraniana e com as normas internacionais.
As autoridades de Kiev preveem a realização de eleições locais em 25 de outubro. Em julho, porém, os rebeldes pró-russos já haviam anunciado sua intenção de ter eleições segundo suas próprias regras e em datas diferentes – 18 de outubro, em Donetsk, e 1º de novembro, em Lugansk.
As autoridades separatistas de Lugansk ainda não se pronunciaram.
Um novo cessar-fogo foi decretado em 1º de setembro no leste da Ucrânia, onde a violência já deixou quase 8.000 mortos desde sua deflagração em abril de 2014. Essa nova tentativa parece ser a mais sólida até o momento. A anterior remonta à assinatura dos acordos de paz de Minsk 2.
No último sábado, após encontro ministerial em Berlim, Alemanha e Rússia anunciaram um avanço no processo de paz, sobretudo, na questão sensível das eleições locais e da retirada das armas.
Uma fonte ligada às negociações chegou a dizer que, no marco de uma possível fórmula de compromisso, os separatistas pró-russos poderão renunciar a seus projetos de eleições separadas.
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