EDITORIAL

Mais atenção às escolas de medicina

O Ministério da Educação decidiu impor mais rigor às escolas de medicina do país. A decisão vem depois de série de denúncias dando conta da fragilidade na formação dos futuros profissionais que vão lidar com o bem maior do ser humano, a vida. Em busca da qualidade dos cursos, o MEC vai fazer, a partir […]

O Ministério da Educação decidiu impor mais rigor às escolas de medicina do país. A decisão vem depois de série de denúncias dando conta da fragilidade na formação dos futuros profissionais que vão lidar com o bem maior do ser humano, a vida. Em busca da qualidade dos cursos, o MEC vai fazer, a partir de 2016, avaliações progressivas para os estudantes nos segundo, quarto e sexto anos. Será também realizada avaliação in loco nas faculdades para referendar os atos de reconhecimentos e de renovações. Hoje, entre estabelecimentos públicos (federais e estaduais) e privados de ensino superior, o país conta com 257 faculdades de medicina.
Assim como na saúde, a medida é preventiva. Detectados os problemas, a instituição será alertada para corrigi-los. O intuito é evitar que o nódulo cresça, comprometa os semestres seguintes e, ao fim, o mercado receba profissionais com formação deficiente. As faculdades terão que se adaptar às mudanças. Para cada vaga do curso de medicina, serão necessárias duas de residência.
De acordo com o ministro Renato Janine Ribeiro, as mudanças são estratégicas. A criação de mais cursos de medicina é meta estruturante do Mais Médicos. O programa prevê, até 2017, mais 11,5 mil vagas de graduação e 12,4 mil de residência médica, com ênfase na atenção básica e em outras áreas prioritárias do Sistema Único de Saúde (SUS).
As intenções do governo podem ser nobres, com o intuito de suprir as necessidades de profissionais de saúde em todos os municípios. Hoje, por meio do Mais Médicos, 3.785 cidades e 34 distritos indígenas são atendidos por 14.462 médicos — a maioria deles cubanos. Porém, elevar a oferta de profissionais poderá não ser suficiente para garantir atendimento digno à população.
Nos grandes centros urbanos e na capital da República, tornaram-se corriqueiras as denúncias de falta não só de médicos, mas de medicamentos, equipamentos e estrutura para atendimento da população. Muitos recém-formados migram facilmente para o setor privado. Buscam condições mínimas para o exercício da atividade. Assim, a tentativa de corrigir equívocos no campo da saúde não pode ficar restrita apenas à formação acadêmica.
O mesmo rigor dedicado à formação deve se estender às redes públicas (hospitais e clínicas), grande parte sucateada, produto do descaso e da má gestão. Para bem cuidar da saúde dos brasileiros, as ações do governo têm que combinar ensino de qualidade e meios para a boa prática da medicina com monitoramento da aplicação dos recursos públicos destinados ao setor. Esses elementos são indissociáveis e da harmonia deles dependerá a mudança no perfil dos serviços de saúde no país.
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