CAGED

Com recessão, Brasil já perdeu meio milhão de empregos em 2015

Somente em julho, 157 mil vagas com carteira assinada foram fechadas no país

A recessão bate forte no mercado de trabalho. Os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado pelo Ministério do Trabalho e Emprego ontem, mostram que, somente em julho, 157 mil vagas com carteira assinada foram fechadas no país. É o pior resultado para o mês desde o início da série histórica, em 1992. Neste ano, o número de empregos extintos já está perto de meio milhão – 494.386. Em 12 meses, 778.737 postos de trabalho sumiram em consequência da queda no ritmo de atividade econômica.
A rapidez com que o quadro se deteriorou chama a atenção. Nos primeiros sete meses do ano passado, foram criados mais de 700 mil empregos. A amplitude da crise também mostra a gravidade do problema. Dos oito setores analisados, sete apresentaram perdas generalizadas no mês passado. A indústria foi a que mais demitiu, dispensando 64.312 trabalhadores. Mas o setor de serviços, que vinha se destacando por manter o quadro de pessoal, já aparece em segundo lugar, com 58.010 empregos fechados. O comércio perdeu 34.545 vagas e a construção civil veio em seguida, com menos 21.966 postos de trabalho. A exceção foi a agropecuária que apresentou saldo positivo 24.465 vagas.
Fábio Bentes, economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC), acredita que é apenas uma questão de tempo para todos os setores apresentarem resultados negativos. “A economia está se deteriorando rapidamente. As vendas do varejo este ano já caíram 15,6%, transformando 2015 no pior ano do comércio”, afirmou. “A inflação está por trás de todas essas maldades e o aumento dos preços administrados foi o que estragou o IPCA”, acrescentou.
O ministro do Trabalho, Manoel Dias, que até o começo do ano costumava anunciar o resultado para os jornalistas, apenas divulgou os dados de julho pelo site do Ministério e limitou-se a comentar pela manhã, em São Paulo, que a situação será revertida até o fim do ano. Dias acredita que os empréstimos liberados à indústria automobilística pelo Banco do Brasil e pela Caixa Econômica Federal, no começo da semana, e investimentos do FGTS na construção podem criar vagas.
O economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, discorda. “Vivemos um momento realmente trágico e não há para onde correr. O uso de políticas pontuais de créditos direcionados a setores econômicos através dos bancos públicos será desastroso, pois apenas prolongará o tempo do ajuste. É um erro fazer isso agora”, avaliou.
É a mesma opinião de Jason Vieira, economista-chefe da consultoria Infinity Asset. Ele acredita que, para reverter o quadro, é necessário uma alteração profunda na economia, o que inclui rever o sistema tributário, além de saber como lidar com o empreendedorismo. “É preciso uma reforma para desburocratizar e melhorar o ambiente de negócios no país. Os políticos precisam acabar com o patrimonialismo da economia e aprovar logo a reforma do ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços). Enquanto o governo tiver medo de reduzir impostos, a economia não vai andar. Um exemplo concreto é o Simples, que aumentou a arrecadação”, citou.
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