Após horas reunido com membros de seu partido, o Syriza, o primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, anunciou nesta quinta-feira (20), em Atenas, a renúncia ao cargo, em um discurso transmitido pela TV. Com a renúncia, ele abre caminho para antecipar as eleições, previstas para ocorrer em 20 de setembro.
“Agora, as pessoas terão de decidir se mostramos coragem nas negociações e se esse acordo pode dar à nossa economia um respiro, de modo que a crise econômica termine logo”, disse Tsipras, ao anunciar a renúncia.
A decisão foi tomada a partir da situação política da semana passada, quando quase um terço dos membros do Syriza votou contra o pacote de ajuda, ou se absteve. Isso fez com que o primeiro-ministro perdesse a maioria no Parlamento. O acordo foi aprovado com apoio da oposição.
Antes de confirmar a renúncia, Tsipras fez uma análise do último acordo assinado com credores. Segundo ele, as negociações garantiram ao país um pacote de ajuda maior, condições melhores de financiamento e contrapartidas menos austeras que em propostas anteriores.
“Nesse acordo, encontramos novos caminhos para fazer as coisas mais fáceis. Não vamos voltar atrás e aceitar mais cortes em postos de trabalho no setor público. Negociamos menos austeridade”, informou Tsipras. Ele reconheceu que não conseguiram alcançar as demandas que tinham antes das eleições, mas afirmou: “pela primeira vez, dissemos que poderemos cortar a dívida grega. Isso é muito importante.”
Ontem (19), o primeiro-ministro enviou uma carta ao Parlamento Europeu, pedindo que o órgão colabore para negociar a dívida grega. Esse é um ponto delicado entre Grécia e os demais países do Eurogrupo, que não têm falado em cortes, enquanto o Fundo Monetário Internacional (FMI) afirma que só participará do acordo se a sustentabilidade da dívida grega for garantida.
Mais que um discurso de renúncia, Tsipras falou ao povo grego pedindo apoio nas próximas eleições. “Apesar das dificuldades, estou otimista. Acredito que belos dias virão. Vou pedir o voto de vocês para ter êxito com nosso programa.”
O anúncio do primeiro-ministro se seguiu ao recebimento dos primeiros 13 bilhões de euros do terceiro pacote de ajuda aprovado semana passada pelos credores e pelos ministros de Finanças europeus. Com os recursos, Atenas pode liquidar a dívida de mais de 3 bilhões de euros com o Banco Central Europeu, vencida nesta quinta-feira. Cerca de 7 bilhões euros ainda devem ser usados para pagar o empréstimo de emergência acertado em julho, para que o país pudesse cumprir os prazos de outras dívidas com o FMI e o Banco Europeu.
Apesar de ter cedido às pressões dos credores, contra as promessas da eleição, no começo do ano, Tsipras continua popular na Grécia. A expectativa é que ele volte ao poder depois de setembro.
O ministro das Finanças grego, Euclid Tsakalotos, disse que essas eleições serão diferentes, pois “agora, existe um acordo”. Pelo Twitter, o chefe de gabinete da presidência da Comissão Europeia, Martin Selmayr, afirmou que as eleições antecipadas podem ser uma forma de “ampliar o apoio” ao acordo recém-fechado com os credores.