GUIA DE OURO PRETO

Um encontro com o ‘Belo’

Veja só…que Livrinho Galante, que é, este “Guia de Ouro Preto”, do escritor Manuel Bandeira, criaturas de Deus! É um passeio sedutor, e silencioso (coisa de mineiros), que Manuel fez, ciceronando a gente, sem arredar o pé de casa, pelos vãos, desvãos e bibocas dos acidentes orográficos de Minas Gerais num todo e em particular […]

Veja só…que Livrinho Galante, que é, este “Guia de Ouro Preto”, do escritor Manuel Bandeira, criaturas de Deus!
É um passeio sedutor, e silencioso (coisa de mineiros), que Manuel fez, ciceronando a gente, sem arredar o pé de casa, pelos vãos, desvãos e bibocas dos acidentes orográficos de Minas Gerais num todo e em particular de Ouro preto!
Como num túnel do tempo, ele nos pega pela mão e leva a gente, para muito distante…às Entradas e Bandeiras; nos faz curvar a cerviz para penetrar nas locas e bibocas, para as cavernas, enfim, dos diamantes deslumbrantes, dos veios do ouro, nos joga na lama dos garimpos para batear pepitas de ouro puro! Empurra-nos para dentro das Casas Grandes e das Senzalas, para se contatar com brancos e com escravos; nos faz envergar as fatiotas da moda dali e de então, nos põe a dançar e cavaquear com gente rica, ricaços, remediados, negros e cafuzos, num contato bizarro com uma civilização esquisita, pelo roda-pé de tantos montes e montanhas!
Puxa a gente pela mão, digo outra vez, e nos introduz a dentro (‘péra aí, não é assim, não’) e nos introduz pelo belo da arte barroca, dos monumentos e ícones, Igrejas, pátios e sítios suntuosos, pelos profetas do Aleijadinho e por vários outros Santeiros, Paisagistas ou meros amadores que exornam com capricho e bom gosto as cidades mineiras…Um primor!
Depois Manuel leva a gente para uma praça ensolarada e bem tratada, fervilhando de gente, com hermas dos ícones de lá, com jardins ornados com uma profusão de flores, florais e árvores idosas sombreando tudo; que mesmo no outono pleno, suas folhas amarelecidas, parecem que já caem no depósito dos garis, que dali não se afastam e sabem tudo do turismo ligado ao logradouro. Em bancos bem tratados, nos faz sentar e, já pela cultura de que dispõe, já pelo entusiasmo que lhe brota d’alma, fala dos primores da cidade que ele, como se fora um estudante esnobe e entusiasmado, discorre sobre a história, a geografia, a ecologia, as crenças e crendices, comidas, usos e costumes do povo. Presos aos seus relatos, ali ficaríamos por mais tempo, se mais houvesse tempo! Mas o livro acabou, até…
Foi quando, como num susto, se olhou para ver tudo o que Minas Gerais conseguiu juntar e Manuel Bandeira se dispôs a nos descrever! Virando o rosto, vimos lá em cima, bem ali, no beicinho do mapa e abaixo do Equador, onde não há pecados, somente benquerenças; lavadas lhes as partes e as cerimônias nas águas grandes, lustrais e salinizadas do Oceano Atlântico, privilégios e primores que tais não se encontram lá; o que vimos? Um acervo arquitetônico de puro e inenarrável bom gosto, uma suntuosidade, mesmo maltratada, a fascinar os aficionados pela beleza e deslumbramentos, sedimentados em amor e dedicação; um litoral extenso e aconchegante: São Luís do Maranhão, que Ouro Preto das Minas Gerais não conseguiu empanar! São Luís, insular, impar, única, senhora e donatária de um fetiche, que eu vou te contaar!!!
Que, para enxergar, basta apenas querer ver…
Enxergue e Veja você, também!!!
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