Com exceção da alta do dólar, viajar aos Estados Unidos se tornou bastante atrativo nos últimos meses, com mais opções de voos (incluindo os diretos, saindo de Brasília) e preços promocionais nas passagens. Mas o que ainda aborrece muitos brasileiros é ter que passar pelo burocrático processo de retirar o visto e, chegando lá, enfrentar longas filas na imigração. Mas, aos poucos, essa situação está mudando.
A presidente Dilma Rousseff esteve nos EUA para discutir com o presidente Barack Obama, entre outros assuntos, a entrada de brasileiros no país. A partir do ano que vem, viajantes frequentes terão acesso facilitado e, em um futuro ainda a espera de data, os dois se comprometeram a abolir o visto para o trânsito dos cidadãos entre os dois países.
A partir do primeiro semestre de 2016, a inscrição no programa Golbal Entry começa a valer. Ele vai beneficiar viajantes frequentes – quem vai muito aos EUA a negócios, por exemplo -, agilizando a entrada. Em vez de enfrentar a longa fila da imigração, você poderá ir direto em um quiosque eletrônico e fazer todo o processo com rapidez em uma máquina.
A adesão ao programa custa US$ 100 (cerca de R$ 320) e vale por cinco anos. Para ser aceito, é preciso que as autoridades norte-americanas considerem a pessoa de baixo risco para a segurança do país.
A medida é vista como um primeiro passo pela indústria do turismo, mas seu objetivo – e, certamente, dos viajantes – é que o Brasil entre para o Visa Waiver Program (VWP). Esse programa permite que cidadãos dos países membros (que, atualmente, são 38), entrem nos EUA sem visto para viagens de até 90 dias.
Os dois presidentes concordaram em tomar medidas para acabar com a necessidade de visto, mas, infelizmente, ainda não há uma previsão de quanto isso vai acontecer.
O Turismo conversou sobre o assunto com Patricia Rojas Ungar, vice-presidente da U.S. Travel Association, que representa a indústria de viagens dos Estados Unidos. Confira:
O que muda com a entrada do Brasil no Global Entry? Vai ser mais fácil para viajar agora?
O programa Global Entry expede uma permissão alfandegária nos Estados Unidos para cidadãos brasileiros pré-aprovados. Os participantes devem submeter-se a uma checagem do passado e a uma entrevista feita pessoalmente, antes do registro. Uma vez registrados no Global Entry, os viajantes brasileiros poderão usar o quiosque automatizado na imigração: escanear o passaporte, verificar a impressão digital e completar os procedimentos de verificação da alfândega. Ampliar o Golbal Entry é um incentivo significativo para os visitantes brasileiros frequentes, especialmente quem viaja a negócios, a vir aos EUA.
É interessante para a U.S. Travel que o Brasil se una ao VWP?
O Brasil representa um mercado de viagens crucial, com forte demanda e recursos financeiros para viagens internacionais. Aceitar o Brasil no U.S. Visa Waiver Program (VWP) geraria níveis recordes de viagens (dos dois lados) e impacto positivo na economia dos dois países. Expandir o VWP para o Brasil adicionaria quase 650 mil novos visitantes aos Estados Unidos, o que, aumentaria o número total de visitantes, em 2015, para mais de 3 milhões. Se o Brasil receber o status VWP, isso adicionaria US$ 6,7 bilhões à economia dos Estados Unidos neste ano, aumentando o total do PIB para US$ 35,4 bilhões, o que poderia sustentar mais de 176 mil empregos.
A senhora vê isso acontecer em um futuro próximo?
A U.S. Travel Association espera que o Brasil seja admitido no VWP em um futuro próximo. A indústria de viagens tem advogado por essa expansão para o Brasil. Nós estamos contentes que o presidente Barack Obama e a presidente Dilma Rousseff recentemente renovaram seu compromisso em expandir o VWP para o Brasil. Apesar de isso ser um passo na direção certa, nós vamos continuar incentivando os governos dos dois países para tomarem passos definitivos nesse intuito. Especificamente, nós encorajamos os dois a continuarem avançando no diálogo com encontros regulares e ajustando referências aos requisitos do programa.