As abelhas não estão se adaptando bem às mudanças climáticas. Ao invés de migrarem para o norte para buscarem temperaturas mais clementes, estes insetos cruciais para a polinização estão morrendo, de acordo com um estudo divulgado nesta quinta-feira, 9.
A pesquisa publicada na revista Science é o primeiro estudo que explica a responsabilidade da mudança climática para o declínio das populações de abelhas e mamangabas a nível mundial.
Até agora, os principais suspeitos desta diminuição eram a utilização de pesticidas, doenças e parasitas.
“Imagine um parafuso. Agora imagine que o habitat das abelhas é no centro do parafuso”, disse o principal autor do estudo, Jeremy Kerr, professor de macroecologia e conservação na Universidade de Ottawa.
“Conforme o clima esquenta, as espécies de abelhas e mamangabas são esmagadas por este ‘parafuso climático’ que comprime as zonas geográficas onde o inseto consegue viver”, explicou.
“O resultado é o declínio rápido e generalizado dos polinizadores em todos os continentes, que não é devido ao uso de pesticidas ou à perda de habitat”, acrescentou.
Para o estudo, os pesquisadores analisaram quase meio milhão de registros – anotados por museus e cientistas voluntários – de 67 espécies de abelhas e mamangabas na América do Norte e Europa desde o início dos anos 1900.
“O território abrangido pelas abelhas no sul da Europa e da América do Norte caiu cerca de 300 quilômetros. O escopo e o ritmo destas perdas são sem precedentes”, disse Kerr.
Esses insetos “geralmente não conseguem” migrar para o norte. Ao contrário das borboletas, que se mudam mas não desaparecerem, acrescentou o estudo.
As abelhas são muito importantes para a agricultura e para a vida silvestre porque polinizam plantas, flores e frutos.
Caso as emissões de efeito estufa não sejam reduzidas, a redução da polinização poderia fazer que algumas plantas, frutos ou legumes se tornem mais escassos e mais caros, alertou o estudo.