Verificar o caráter pacífico do programa nuclear iraniano levará muitos anos no caso de um acordo entre a República Islâmica e as grandes potências, no fim deste mês, avaliou nesta segunda-feira (8/6) a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
“Esta será uma questão de anos. Não de meses, nem de semanas, mas de anos. Anos e anos”, declarou à imprensa Yukiya Amano, diretor da AIEA, organização que celebrou seu conselho trimestral em Viena.
O Irã e as grandes potências estabeleceram como prazo 30 de junho para alcançar um acordo que garanta que Teerã não tenha acesso à arma atômica, em troca da suspensão das sanções internacionais que afetam o país.
O acordo ajudaria a apaziguar mais de uma década de tensões na região e abriria múltiplas perspectivas de cooperação entre o regime iraniano e o resto do mundo.
Segundo Amano, a conclusão do acordo dependerá, em boa medida, da aplicação, por parte de Teerã, do protocolo adicional ao Tratado de não proliferação Nuclear (TNP), já aprovado por 120 países.
O Irã começou a aplicar este protocolo provisoriamente, nos termos de um acordo-quadro concluído em abril, em Genebra, com o grupo “5+1” (Alemanha, China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia).
Esta gestão obrigará este país a dar uma declaração “muito detalhada” sobre suas instalações nucleares a cada três meses, lembrou Amano.
Este mesmo protocolo permite à AIEA solicitar acesso aos locais, inclusive militares, onde se suspeita que tenha armazenado material nuclear não declarado.
A agência especializada da ONU investiga há anos o que os especialistas chamam de “a possível dimensão militar” do programa nuclear iraniano. Tratam-se de afirmações, desmentidas pelo Irã, segundo as quais este país até 2003, e inclusive até mais recentemente, faz pesquisas com o objetivo de desenvolver a bomba atômica.