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Ricardo Teixeira movimentou R$ 464,56 milhões em contas pessoais durante organização da Copa

Polícia Federal indiciou Ricardo Teixeira por quatro crimes

Foto: AFP PHOTO / Antônio Scorza.


AFP PHOTO / Antônio Scorza

Teixeira comandou a organização da Copa, entre 2009 e 2012, ano em que renunciou a esse cargo e à CBF

Um relatório produzido pela Polícia Federal em janeiro, e divulgado nesta segunda-feira pela Revista Época, revela que o ex-presidente da CBF e ex-presidente do Comitê Organizador Local da Copa de 2014, Ricardo Teixeira, movimentou R$ 464,56 milhões em suas contas pessoais no período em que comandou a organização da Copa do Mundo do Brasil, entre 2009 e 2012, ano em que renunciou aos dois cargos.

A Polícia Federal indiciou Ricardo Teixeira pelos crimes de lavagem de dinheiro, evasão de divisas, falsidade ideológica e falsificação de documento público.
De acordo com documentos obtidos pela revista Época, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) mostrou que Ricardo Teixeira mantinha contas no exterior e repatriou valores, considerados atípicos, para comprar um apartamento. Segundo a PF, Teixeira “não teria como justificar os valores envolvidos na aquisição” e, por isso, trouxe dinheiro de fora do país.
O cartola é suspeito de fazer parte de um esquema internacional de propinas. Na última quarta-feira, o também ex-presidente da CBF, José Maria Marin, foi um dos sete cartolas da Fifa presos em Zurique, acusado pelo FBI de corrupção e envolvimento num esquema que movimentou US$ 150 milhões (R$ 423,7 milhões).
Segundo os investigadores, o inquérito não tem relação imediata com o escândalo de corrupção que atingiu a Fifa, mas pode dar subsídios à apuração que está em curso nos Estados Unidos tocada pelo FBI. O inquérito no Brasil foi concluído em janeiro deste ano, mas só agora veio a público. As investigações duraram dois anos.
No inquérito, ao qual o Estado de S. Paulo teve acesso, a PF afirma que nas declarações de imposto de renda do ex-dirigente “não existe referência alguma a contas bancárias em seu nome no exterior”, o que configura crime de evasão de divisas.
A reportagem revelou que Teixeira possui 30 milhões de euros numa conta secreta em Mônaco e a procuradoria da Suíça também identificou movimentações no país.
A PF destacou informações da procuradoria da Suíça de que Teixeira teria recebido, ainda, 12,7 milhões de francos suíços de suborno enquanto esteve na CBF, de 1989 a 2012, inclusive envolvendo a realização de Copas do Mundo, ao considerar que “ele vem praticando atos contra a administração pública brasileira, com exigência de vantagens para práticas administrativas da CBF, contra a administração pública estrangeira e o sistema financeiro nacional”.
Operações
A PF acusou Teixeira de simular operação de compra de vários imóveis, entre eles uma cobertura na Barra da Tijuca, no Rio. Ele adquiriu o apartamento em bairro nobre que estava avaliada em R$ 4 milhões por R$ 720 mil. O imóvel foi comprado de Claudio Abrahão, irmão de Wagner Abrahão, dono do Grupo Águia. Em depoimento à PF, Claudio justificou o preço porque o imóvel estava “em mau estado de conservação, precisando de reforma”. A PF considerou suspeito o fato de Claudio ter comprado o imóvel em 2002, por R$ 1,9 milhão, mas só ter escriturado em 2009, mesmo ano em que foi vendido para Teixeira.
A PF também encontrou irregularidades na compra de uma aeronave pela Alianto Marketing por R$ 8 milhões da empresa 100% Brasil Marketing, que não tem endereço fixo. As duas empresas têm como sócios Alexandre Rosell Feliu, conhecido como Sandro Rosell, ex-presidente do Barcelona. Ou seja, ele vendeu a aeronave para ele mesmo.
Outro negócio investigado pela PF é a simulação de operação de compra de ações de Teixeira e Rosell numa transação que envolveu a cifra de R$ 22,5 milhões. A PF descobriu que a Alpes Eletronic Broker não era detentora de opção de venda, como informado no negócio. A Alpes negou em depoimento relação com Teixeira. Como moram no exterior, a PF indiciou Teixeira e Rosell sem a presença deles. Os dois, contudo, conforme o inquérito “tomaram conhecimento dos fatos e não tiveram interesse em desmentir”. A reportagem não conseguiu contato com Teixeira e Rosell.
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