Minas Gerais poderá dar ao Brasil o primeiro santo negro. Na tarde de ontem, o papa Francisco reconheceu o milagre atribuído ao padre Francisco de Paula Victor (1827-1905), que é mineiro natural de Campanha, no Sul de Minas. O reconhecimento de milagre dá continuidade ao processo de canonização do sacerdote brasileiro, que já ostenta o título de venerável e se tornará beato. O processo começou em 1993 e a beatificação deverá ser celebrada em Três Pontas, onde o sacerdote morreu. Padre Victor é o segundo candidato a santo da Diocese de Campanha. Em maio de 2013, Nhá Chica (Francisca de Paula de Jesus) foi proclamada beata em Baependi, onde viveu e está sepultada.
Padre Victor é filho de uma escrava. O memorial dedicado a ele foi montado em um imponente casarão colonial ao lado da matriz de Três Pontas. Na exposição, é possível ver paramentos usados pelo sacerdote, livros, fotos de procissões, objetos pessoais, uma escultura em tamanho natural e documentos. A devoção ao sacerdote é confirmada anualmente na festa em homenagem a ele em 23 de setembro. Todo ano, de 50 mil a 60 mil pessoas vão até a cidade pedir graças ao sacerdote. Ele dedicou a vida aos pobres, ficou conhecido em sua região por sua caridade e morreu com fama de santidade. Nos três dias em que durou o velório, seu corpo exalava suave perfume, segundo relatos de testemunhas da época.
No comunicado, a Santa Sé não detalhou o milagre. No entanto, é atribuído ao Padre Victor a cura inexplicável de um morador de Três Pontas. O fato foi analisado por uma junta médica do Vaticano e por uma comissão de teólogos.
Canonização A beatificação, que dá aos beatos um culto restrito, é o último passo para a canonização, de culto universal. Para ser canonizado e adquirir a condição de santo, a Igreja Católica exige a certificação de um segundo milagre depois de o candidato ser proclamado beato. Também da Região do Sul de Minas, outros dois candidatos passam pelo processo de canonização. Juntamente com Nhá Chica, está em processo o levantamento histórico da madre Tereza Margarida do Coração de Maria (1915-2005).