A Organização Mundial da Saúde (OMS) cita o Brasil como exemplo a ser seguido em campanhas educativas. Apesar da extensão continental e do desnível cultural da população, o país colheu louros na luta contra a febre amarela, o sarampo, a Aids, a paralisia infantil. Levantamento do Ministério da Saúde publicado na semana passada comprova outra vitória: o número de fumantes caiu 31% em nove anos.
Trata-se de redução considerável, que se observa na mudança de comportamento da população. Jovens e adultos demonstram intolerância com o fumante, que vê o espaço público cada vez mais reduzido para a prática do vício. Mantida a estratégica e corrigidas as falhas observadas no percurso, é possível apostar em avanços mais significativos.
Ainda há muita estrada a percorrer. Nada menos de 11% dos brasileiros são fumantes. O tabagismo responde anualmente por 200 mil mortes e 90% dos casos de câncer no pulmão. É duplo prejuízo. As vidas que se perdem abandonam projetos e realizações pelo caminho. A saúde comprometida sobrecarrega a Previdência e o equipamento hospitalar.
A política antitabagismo apoia-se em três medidas: proíbe fumódromos e publicidade, eleva preços e oferece tratamento gratuito. Falhas na fiscalização e na lei, porém, comprometem a aceleração do processo. O mercado ilegal, apesar da má qualidade do produto, responde por 31% do total das vendas no país. Os displays, expostos em lugar privilegiado, chamam a atenção para o cigarro.
São brechas que precisam ser fechadas para acelerar o progresso e abrir espaço para outra investida. O álcool tem de ser alvo de ataque semelhante ao promovido contra o tabaco. Apesar dos danos por ele causado, é crescente o consumo da bebida por pessoas cada vez mais jovens. Pesquisa da Unesco comprova que crianças de 12 anos vão à escola em estado alterado em decorrência da bebida.
O Brasil provou que tem competência para mudar comportamentos nocivos. O cigarro foi símbolo do charme, da elegância e do sucesso. Hoje representa o atraso, a dependência e a repulsa social. A embriaguez responde por boa parte dos acidentes de trânsito, da violência doméstica e da barbárie social. Passou da hora de enfrentar o problema com determinação. O país sabe como fazê-lo. Precisa de vontade.