A Grécia mantém as esperanças de chegar a um acordo com seus credores na cúpula europeia de segunda-feira (19/6), com o objetivo de evitar o “default”.
Os dirigentes europeus pedem a Atenas, entretanto, que prepare um compromisso já a partir do fim de semana para evitar o calote nos credores.
“Queríamos que as negociações finais acontecessem no mais alto nível político da Europa e, agora, trabalhamos para conseguir o sucesso dessa cúpula”, declarou o gabinete do primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras.
Depois do fracasso da reunião dos ministros das Finanças da zona do euro na quinta-feira, várias autoridades europeias advertiram que a reunião excepcional de chefes de Estado e de Governo de segunda-feira não terá serventia, se não se trabalhar seriamente já no fim de semana.
“Precisamos de uma forma de proposta sobre a mesa para a cúpula”, insistiu o ministro finlandês das Finanças, Alexander Stubb, segundo o qual “a bola está claramente no lado grego”.
Atenas mantém que suas propostas são críveis e podem atender às expectativas de seus interlocutores sem castigar excessivamente uma população já abatida por seis anos de crise econômica.
A chanceler alemã, Angela Merkel, deu sinais de pessimismo e disse que o encontro será meramente “consultivo”, caso não haja uma “base para um acordo” ligado a novas concessões gregas.
“Todos os que contam com uma crise e um cenário de medo serão desmentidos”, garante o governo grego, na tentativa de conter a corrida aos bancos, que aumentou significativamente nos últimos dias.
Somente esta semana foram sacados cerca de 3 bilhões de euros, noticiou a imprensa local. Em abril, último mês sobre o qual há dados oficiais, a sangria bancária chegou a 4,7 bilhões de euros.
Diante disso, o Banco Central Europeu (BCE) aprovou aumentar nesta sexta-feira – pela segunda vez esta semana – o limite da ajuda de urgência (ELA) para os bancos gregos.
Caminho do default
Frente a uma situação que está se tornando “crítica”, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, pediu à Grécia para se entender com seus credores, ou o país “se encaminhará para o default”.
O encontro de segunda-feira será uma das últimas ocasiões para se tentar obter um acordo antes de 30 de junho. Nessa data, a Grécia deve pagar cerca de 1,5 bilhão de euros ao Fundo Monetário Internacional (FMI) para evitar entrar em default.
Os cofres de Atenas estão vazios, e é provável que o governo de Tsipras tenha de escolher entre pagar o FMI, ou os salários dos funcionários públicos e as aposentadorias.
O calote da Grécia ao FMI se torna uma hipótese cada vez mais plausível, assim como a saída de Atenas da zona do euro – cenário já apelidado de “Grexit”.
“Há tanto em jogo” que um fracasso não pode ser considerado, afirmou o secretário-geral da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), Ángel Gurría, de visita na Eslováquia.
Está em jogo, principalmente, o pagamento dos 240 bilhões de euros emprestados à Grécia desde 2010 e dos empréstimos concedidos, sobretudo, pelos Estados europeus.
O governo americano também se manifestou nesta sexta-feira. Segundo o porta-voz da Casa Branca, Eric Schultz, a Grécia e seus sócios internacionais devem alcançar, urgentemente, um compromisso para evitar o calote.
“As duas partes devem trabalhar rapidamente na finalização de um programa de reformas críveis que possa estabelecer as bases para um crescimento sustentável na zona do euro”, frisou o porta-voz.
O premiê Tsipras deve retornar no sábado a Atenas, após uma viagem à Rússia. Hoje, inclusive, os dois países firmaram um acordo para a construção de um gasoduto russo na Grécia, com recursos de Moscou.