Foto: Menahem Kahana.
Sobreviventes recebem assistência em Kathmandu
O governo do Nepal não tem esperanças de encontrar mais sobreviventes do terremoto, uma semana depois da tragédia que deixou 6.621 mortos no país, um dos mais pobres da Ásia. As esperanças de encontrar sinais de vida entre os escombros de Katmandu praticamente acabaram, ao mesmo tempo que as equipes de resgate ainda tentam chegar aos sobreviventes nas áreas mais isoladas do país, que em muitos casos ainda não receberam bens de primeira necessidade.
O Unicef fez um apelo para uma ação rápida com o objetivo de evitar epidemias entre 1,7 milhão de pessoas que vivem nas áreas mais afetadas, a poucas semanas do início da temporada de chuvas de monção. O terremoto 7,8 graus de magnitude de sábado (25/3) destruiu grande parte de Katmandu e muitos vilarejos próximos ao epicentro, registrado a 70 km da capital.
“Uma semana passou desde o desastre. Estamos fazendo todo o possível em termos de salvamento e assistência, mas já não acredito na possibilidade de encontrar sobreviventes sob os escombros”, declarou à AFP o porta-voz do ministério do Interior, Laxmi Prasad Dhakal, que anunciou o balanço atualizado da tragédia: 6.621 mortos e 14.023 feridos.
O terremoto também matou mais de 100 pessoas na Índia e na China. Ao mesmo tempo, prosseguem as buscas para localizar quase 1.000 europeus, a maioria praticantes de alpinismo que estavam nas regiões do Everest e de Langtang no momento do tremor. “Estão desaparecidos, mas não sabemos exatamente qual a sua situação”, afirmou Rensje Teerink, embaixadora da UE no Nepal, à imprensa.
Em várias regiões, os sobreviventes esperam por alimentos e por transporte para um local seguro. “Em muitas áreas, as pessoas não têm acesso à ajuda e é normal que estejam irritadas”, admitiu Rameshwor Dangal, diretor da agência nacional de gestão de catástrofes. “Calculamos que quase mil pessoas precisam de auxílio nas regiões de Rasuwa e Sindhupalchowk”, disse. Na capital Katmandu, dezenas de milhares de pessoas continuam dormindo nas ruas. “Não moramos nesta barraca por nossa vontade. Estamos aqui porque não temos para onde ir”, declarou Dhiraj Thakur, refugiado há uma semana na esplanada de Tundi Khel Maidan.
O Unicef alertou para a situação de milhares de crianças desabrigadas, com a saúde em risco, traumatizadas pela tragédia e sem acesso à água potável ou alimentos. “Os hospitais estão lotados, a água começa a faltar, muitos corpos continuam sepultados sob os escombros e as pessoas continuam dormindo nas ruas. É uma situação perfeita para a proliferação de doenças”, advertiu Rownad Khan, funcionário do Fundo das Nações Unidas para a Infância. Khan afirmou que a margem de tempo é curta para adotar medidas de prevenção de doenças infecciosas antes do início das chuvas de monção, que com sua umidade podem agravar os riscos.