EDITORIAL

Educação violentada

Os muros das escolas deixaram de ser barreira à violência. O crime avançou para o interior dos estabelecimentos. Professores, funcionários, pais e alunos vivem acuados e temem os grupos de infratores. Os jovens usam e traficam drogas, portam armas de fogo, ameaçam colegas, furtam, roubam e afrontam os docentes e a direção. Os aspirantes ou […]

Os muros das escolas deixaram de ser barreira à violência. O crime avançou para o interior dos estabelecimentos. Professores, funcionários, pais e alunos vivem acuados e temem os grupos de infratores. Os jovens usam e traficam drogas, portam armas de fogo, ameaçam colegas, furtam, roubam e afrontam os docentes e a direção. Os aspirantes ou os recém-integrantes do universo do crime desafiam as autoridades e colocam em xeque as políticas voltadas à educação e à segurança pública.
Os alunos vítimas das gangues juvenis sabem que o colégio não é mais local de sossego e aprendizado — virou área de risco, onde educação passou de atividade principal para acessória ou eventual. Algumas unidades chegam a suspender as aulas, pois não dispõem de meios adequados para conter a agressividade dos grupos.
No Distrito Federal, pelo menos uma ocorrência policial é registrada, por dia, na rede pública de ensino, que conta com 657 centros educacionais. Em cinco meses de aula, foram 156 casos, a maioria deles (60) relacionada a porte, uso e tráfico de entorpecentes. Os 2.740 porteiros e vigias não conseguem evitar que a brutalidade chegue à sala de aula ou ao pátio.
Quem diariamente leva os filhos ao colégio teme pela segurança deles. Mas é preciso que dominem o medo e pressionem o poder público por ações eficazes em defesa da instituição. Intimidados, os professores buscam lugares mais seguros para trabalhar. Fugir é virar as costas para problema cuja solução depende de esforço coletivo. O educador tem papel importante no processo. A crise, garante o sindicato da categoria, não é restrita às instituições das regiões menos abastadas do DF. Todas estão desprotegidas e à mercê dos nocivos reflexos, em especial, do narcotráfico.
O Estado tem farto conhecimento da caótica situação. Implantação de equipamentos, reforço no policiamento, rondas ostensivas, palestras e visitas educativas de representantes da PM são medidas importantes, mas têm se revelado insuficientes. A crise no ambiente escolar vem se agravando. Mais do que recursos materiais, é preciso que os agentes de segurança investiguem e alcancem os gestores do crime organizado. O governo tem que agir com ousadia e destemor. Não dá para continuar perdendo jovens para a bandidagem, que aposta na ignorância e no medo para derrotar a sociedade.
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