EDITORIAL

Corrupção em campo

A bola ficou quadrada. O futebol — o mais popular esporte mundial — amanheceu ontem sem gramado e atolado no lamaçal da corrupção. Investigação do FBI, iniciada há três anos, constatou fraude generalizada na Federação Internacional de Futebol (Fifa) nas últimas duas décadas. No período, foram transacionados US$ 150 milhões em pagamento de propina, extorsão, […]

A bola ficou quadrada. O futebol — o mais popular esporte mundial — amanheceu ontem sem gramado e atolado no lamaçal da corrupção. Investigação do FBI, iniciada há três anos, constatou fraude generalizada na Federação Internacional de Futebol (Fifa) nas últimas duas décadas. No período, foram transacionados US$ 150 milhões em pagamento de propina, extorsão, suborno e lavagem de dinheiro.
A escalação dos países sedes da Copa do Mundo movia a engrenagem das negociatas. Entre as identificadas pelas autoridades dos EUA, está a compra de votos para a África do Sul receber o Mundial de 2010. O esquema teria se repetido na escolha da Rússia e do Catar, que, respectivamente, vão recepcionar os torneios de 2018 e 2022. As investigações, por ora, livram o Brasil do rol de nações beneficiadas.
Ação combinada das polícias dos Estados Unidos e da Suíça culminou com a prisão de sete dirigentes da Fifa, hospedados em Zurique, onde está prevista para amanhã, apesar dos apelos para adiá-la, a eleição da nova diretoria da instituição. Entre os detidos, está o ex-presidente e atual vice-presidente da CBF, José Maria Marin. Todos foram provisoriamente banidos da Fifa.
Os envolvidos — 14 no total, contando com empresários e executivos de marketing — deverão ser extraditados para os Estados Unidos, onde serão julgados e poderão ser punidos com até 20 anos de reclusão. A atuação da Justiça norte-americana no episódio se justifica pelo fato de os cartolas terem movimentado o dinheiro desviado em instituições bancárias dos EUA. Além disso, as empresas de mídia estadunidense teriam pagado o maior valor pelo direito de transmissão dos mundiais.
Suspeitas de irregularidades sempre permearam a realização dos eventos promovidos pela Fifa, pois envolvem cifras bilionárias. Hoje, o escândalo dissipa dúvidas e deverá abrir caminho para a revisão da conduta que pauta a atuação da entidade. No âmbito nacional, caberá à CBF seguir trajetória semelhante, pois não pode se prestar a ser birô de negociatas em que cartolas fazem fortunas pessoais. A punição dos culpados tem de ser severa e exemplar. A ética e a honestidade, pilares das competições, devem, igualmente, pautar a conduta das organizações que congregam modalidades esportivas. Em campo não valem falcatruas.
VER COMENTÁRIOS
Polícia
Concursos e Emprego
Esportes
Entretenimento e Cultura
Saúde
Negócios
Mais Notícias