Banco Central avisa que juros vão aumentar
Ata do Copom diz que avanços no controle de preços são insuficientes e sugere necessidade de conter os salários
Os integrantes do Copom veem avanços na convergência da inflação para o centro da meta de 4,5%, mas apontam a persistência de fatores contrários a isso, sobretudo no mercado de trabalho — para economistas, o BC espera que os salários caiam mais do que a inflação, reduzindo preços no setor de serviços. Para os preços administrados, a projeção de alta neste ano é agora de 11,8%. Na reunião do Copom de março, era de 10,7%. Só a energia elétrica subirá 38,3%. A intenção é conter os efeitos secundários desses aumentos em 2015.
O texto afirma que “o cenário de convergência da inflação para 4,5% no fim de 2016 tem se fortalecido”. Antes, mencionava-se apenas tendência de convergência no próximo ano. Em seguida, porém, revela preocupação: “Os avanços alcançados no combate à inflação ainda não se mostraram suficientes. Nesse contexto, o Copom reafirma que a política monetária deve manter-se vigilante”. Para o ex-diretor do BC Alexandre Schwartsman, o texto sugere uma elevação de 0,25 ponto em junho. “Se eles afirmassem que o Copom está ‘especialmente vigilante’, eu esperaria aumento de 0,5 ponto. Mas não é o caso”, explicou.
A ata menciona “certa persistência da inflação, o que reflete, em parte, a dinâmica dos preços no segmento de serviços”. Esses preços são muito influenciados pelo nível de emprego. O texto observa que “a estreita margem de ociosidade no mercado de trabalho tem se arrefecido, com alguns dados indicando o início de um processo de distensão nesse mercado”. Em seguida, porém, faz um alerta: “O Copom pondera que é preciso ampliar o horizonte de observações, e que ainda prevalece risco significativo relacionado, particularmente, à possibilidade de concessão de aumentos de salários incompatíveis com o crescimento da produtividade, com repercussões negativas sobre a inflação”.
Mudança Embora a presidência do BC permaneça com Alexandre Tombini, o Copom agora tem dois novos membros, Toni Volpon e Otávio Damaso, empossados há duas semanas. Mas o fator principal é mudança da política econômica do governo. O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, é de linha ortodoxa, diferentemente do antecessor, Guido Mantega.