Três anos depois, outra barragem da Vale rompe em Minas Gerais
Sete mortes confirmadas e 150 desaparecidos. “Como posso dizer que aprendemos com Mariana?”, diz presidente da Vale
Uma barragem da mineradora Vale S.A. rompeu na última sexta-feira (25), na cidade de Brumadinho, próxima a Belo Horizonte, Minas Gerais, deixando a região em colapso. Até a manhã de domingo (27), os bombeiros contabilizavam 37 mortes e 287 desaparecidos. Pela madrugada de domingo, após perigo de outra barragem se romper, mais de 20 mil pessoas das redondezas precisaram ser evacuadas. Dados fornecidos pela empresa e divulgados pelo governo mineiro apontam que havia 427 trabalhadores no local.
“Com enorme pesar dizemos que isto é uma enorme tragédia, que nos pegou totalmente de surpresa. Ainda ainda não sabemos o que aconteceu (de errado)”, disse Fabio Schvartsman, presidente da Vale. Em outro trecho da entrevista coletiva, ele ainda se perguntou: “Como posso dizer que aprendemos com Mariana?”
A empresa responsável pela barragem divulgou nota logo após o acidente. “As primeiras informações indicam que os rejeitos atingiram a área administrativa da companhia e parte da comunidade da Vila Ferteco. Ainda não há confirmação se há feridos no local. A Vale acionou o Corpo de Bombeiros e ativou o seu Plano de Atendimento a Emergências para Barragens”, informou a empresa. O comunicado não explica a causa do rompimento.
A prefeitura lançou um pedido no Instragram para que os moradores fiquem longe do leito do Rio Paraopeba.
Através do tuíter, o governador Flávio Dino (PCdoB), se solidarizou com as vítimas.
Solidariedade às vítimas e suas famílias em Brumadinho. Solidariedade à população de Minas Gerais. Solidariedade aos que lutam em favor do Direito Ambiental como uma contenção à onipotência e à ganância dos que se acham donos dos recursos naturais.
— Flávio Dino 🇧🇷 (@FlavioDino) January 26, 2019
TRAGÉDIA DE MARIANA
A maior tragédia ambiental do Brasil foi causada em novembro de 2015 pelo rompimento de outra barragem de rejeitos minerais – esta, controlada pela Samarco, operada pela Vale S.A. e a anglo-australiana BHP Billiton – também em Minas Gerais. A cidade histórica de Mariana virou símbolo da catástrofe, uma vez que a primeira vila a ser atingida pela lama foi o arraial de Bento Rodrigues, que faz parte do município.
62 milhões de metros cúbicos de lama de rejeitos de minério mataram 19 pessoas, atingiram mais de 30 cidades e contaminaram mais de 600km do Rio Doce, que corre de Minas Gerais até o litoral do Espírito Santo. O fato deixou milhares de atingidos que até hoje, mais de três anos depois, não receberam reparação.
O Greenpeace publicou em 2017 um estudo sobre os impactos do desastre na vegetação local e outro sobre os riscos para a saúde da população afetada. O rapper Criolo gravou uma canção sobre a tragédia, denunciando os riscos de novos desastres em Minas Gerais, que conta com mais de 700 barragens de rejeito.
Leia a nota da Vale na íntegra:
A Vale informa que, no início desta tarde, ocorreu o rompimento da Barragem 1 da Mina Feijão, em Brumadinho (MG). A companhia lamenta profundamente o acidente e está empenhando todos os esforços no socorro e apoio aos atingidos.
Havia empregados na área administrativa, que foi atingida pelos rejeitos, indicando a possibilidade, ainda não confirmada, de vítimas. Parte da comunidade da Vila Ferteco também foi atingida.
O resgate e os atendimentos aos feridos estão sendo realizados no local pelo Corpo de Bombeiros e pela Defesa Civil. Ainda não há confirmação sobre a causa do acidente.
A prioridade máxima da empresa, neste momento, é apoiar nos resgates para ajudar a preservar e proteger a vida de empregados, próprios e terceiros, e das comunidades locais.
A Vale continuará fornecendo informações assim que confirmadas.