Brasil e EUA retomam negociações para uso da base de Alcântara
O ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes confirmou após encontro com autoridades dos EUA, na reunião da Organização dos Estados Americanos (OEA), nesta segunda-feira, 4.
O Ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, confirmou nesta segunda-feira, 04, que foram retomadas as negociações para um acordo tecnológico entre Brasil e Estados Unidos para viabilizar o uso do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão.
A informação foi divulgada após um encontro entre Nunes e o secretário de estado americano, Mike Pompeo, em reunião da Organização dos Estados Americanos (OEA).
O acordo de salvaguarda já era esperado, uma vez que companhias aeroespaciais estiveram em Alcântara em dezembro do ano passado, demonstrando interesse na tratativa.
Em fevereiro deste ano, o site Reuters divulgou que representantes do governo brasileiro, junto com companhias espaciais dos dois países, realizaram uma teleconferência com uma autoridade da Casa Branca que foi questionada se o governo Trump concordaria com um acordo de salvaguardas tecnológicas com o Brasil.
O objetivo do Brasil seria impulsionar o programa espacial do país, atraindo clientes para Alcântara como uma alternativa de menor custo em relação à base espacial europeia localizada na Guiana Francesa.
A última tentativa de uma parceria semelhante foi entre 2002 e 2003, quando o acordo foi rejeitado por parlamentares do Congresso Nacional brasileiro, que consideraram inaceitável o sigilo total sobre os lançamentos a serem feitos. Desde então, os Estados Unidos se recusaram duas vezes à estabelecer novos diálogos.
Desta vez, Aloysio Nunes garante que os diálogos estão sendo realizados com vistas à defender que não haja nenhuma violação à soberania nacional. “Nós estamos começando agora a discussão para ver quais pontos podem ser mantidos e onde é possível mudar, enfatizou o chanceler brasileiro em Washington.
O ministro ainda informou que entre os dias 26 e 27 de junho o tema será tratado durante a visita do vice-presidente dos EUA, Mike Pence, ao Brasil.
Centro de Lançamento de Alcântara (CLA)
O Brasil abandonou planos de construir seu próprio foguete para transportar grandes satélites após uma explosão que matou 21 pessoas no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) , em 2003. Desde então, a base está subutilizada, sob proteção da Força Aérea Brasileira (FAB), e nunca conseguiu colocar nenhum satélite na órbita da Terra.
Ainda em 2003, uma empresa binacional ACS (Alcântara Cyclone Space) foi criada entre Brasil e Ucrânia para lançar foguetes produzidos no leste europeu a partir do CLA. Apesar disso, nunca houve se quer um lançamento, o que levou o governo brasileiro em 2015, a denunciar o acordo e solicitar o encerramento das atividades da ACS.