APNEIA DO SONO

Causas, sintomas e tratamento: saiba tudo sobre o distúrbio respiratório que pode até matar durante o sono

Famosa por provocar roncos, conheça o distúrbio que tirar o sossego de muita gente na hora do sono

Reprodução

Mais do que incomodar, o ronco e a apneia do sono podem ser sinais de alerta para doenças como a hipertensão arterial e a insuficiência cardíaca. “A apneia do sono é um distúrbio que pode desencadear arritmias cardíacas, infarto do miocárdio e acidentes vasculares cerebrais (AVC) durante o sono. Por isso, nos últimos anos, passou a ser visto com mais seriedade, devido não somente ao aumento dos casos, como também por suas complicações cardiovasculares”, explica a cardiologista Silvia Gomes.

A professora aposentada Geralda Marcelino, de 63 anos, conhece de perto esse problema. Ela convive há mais de 20 anos com a apneia do sono e sempre ouviu queixas sobre o seus roncos, mas nunca imaginava que tinha o distúrbio. “Antes de saber que tinha apneia do sono, eu roncava e as pessoas se queixavam do meu ronco. Até que comecei a ouvir-lo no início do sono e passei  a ficar muito preocupada. Foi então que procurei um especialista”, explica a aposentada.

O que é apneia do sono?

Conhecida entre as sociedades médicas como Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS), o problema já atinge cerca de 30% da população adulta mundial. Em grande parte dos casos, entre 85% e 90%, os pacientes convivem com a doença sem receber o devido diagnóstico e permanecendo sem tratamento, segundo o Instituto do Sono da USP.

Quais são os riscos da apneia?

Segundo a cardiologista Silvia Gomes, um dos principais riscos da apneia é a sua relação com as doenças cardiovasculares, como arritmias cardíacas e a hipertensão arterial. Com isso, pacientes com Distúrbios do Sono Grave possuem chances de até 2,5 vezes a mais de sofrer um AVC (Acidente Vascular Cerebral). “A explicação para isso se deve ao fato de que a apneia provoca algumas paradas respiratórias durante o sono. O que aumenta a pressão arterial e a frequência cardíaca. Além disso, os vasos ficam mais estreitos por conta da baixa oxigenação no sangue”, detalha Silvia.

Entre os fatores de risco que contribuem para aparecimento da Apneia Obstrutiva do Sono estão a obesidade, o tabagismo, o alcoolismo e a congestão nasal. “A idade é outra fator que muito contribui para o aparecimento da apneia. Geralmente, a partir dos 50 anos, ela se torna bastante prevalente devido ao relaxamento e à flacidez dos músculos”, destaca a cardiologista.

Quais os sintomas da apneia do sono?

O primeiro sintoma que vem à mente quando falamos da apneia do sono é o ronco. O som alto emitido pelo paciente durante o sono costuma incomodar muito que dorme ao se lado.

Em quem tem apneia do sono, o ronco é muito característico. “Por várias vezes o paciente para de roncar por alguns instantes, mas depois volta com um som mais forte, acompanhado algumas vezes de tosse ou engasgos”, explica a especialista.

A má qualidade de vida também é um fator de atenção. Você dorme, dorme e acorda cansado, é essa a sensação de quem sofre com a apneia do sono. “Durante o sono são liberados hormônios como o cortisol, que controla o estresse e mantém a estabilidade emocional. Dessa forma, em pacientes com apneia do sono têm a qualidade do sono afetada, o bem-estar é comprometido e o mau humor passa a ser um sintoma comum no dia a dia”, revela. “Sensação de sufocamento ao dormir, sono agitado, sonolência excessiva ao longo do dia, dificuldade de concentração e dor de cabeça matinal, são outros sintomas”, completa.

Para dona Geralda, muitos destes fatores tornaram-se parte da sua rotina ao longo dos anos, principalmente antes da perda de peso que contribuiu para a diminuição os episódios de apneia. “Eu acordava cansada, irritada, com muita dor de cabeça. Mas mesmo assim não tinha consciência de que era uma doença. Só descobri porque tive que fazer um exame da pressão alta, e nele, meu cardiologista percebeu a minha pressão altíssima durante a noite”, lembra.

Diagnóstico

Para ser diagnosticado com a apneia do sono é preciso realizar a polissonografia, um exame em que a pessoa dorme com vários sensores ligados ao corpo para registro do fluxo respiratório, da atividade elétrica cerebral, da frequência cardíaca, da oxigenação do sangue e dos movimentos do corpo.

Como tratar a apneia?

O tratamento muitas vezes demanda atuação multidisciplinar, como acompanhamento clínico e psicológico, por exemplo. O que varia de acordo com a gravidade de cada caso.

Para os casos mais simples, pequenas mudanças comportamentais podem ajudar a alterar esse quadro, como a perda de peso, a eliminação do consumo de álcool e tranquilizantes, a redução ou a suspensão completa do fumo, além da correção da postura durante sono, que deve ser obtida aliada ao uso do travesseiro em altura e suporte apropriados para cada tipo físico. Em outros, são necessárias medidas como o uso de aparelhos na boca ou de máscaras que facilitam a respiração durante o sono.

O grande problema é que para grande parte das pessoas não encaram o ronco como um sinal de um problema de saúde potencialmente grave, e é verdade que nem todo mundo que ronca tem apneia do sono. Mas em caso persistentes é fundamental buscar um especialista para o devido tratamento. “É importante a conscientização do paciente que o tratamento eficaz da Apneia do Sono não resulta apenas em uma maior qualidade do sono, mas também tem impacto positivo na redução da pressão arterial, insuficiência cardíaca e arritmias”, enfatiza Silvia Gomes.

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