SUCESSO MARANHENSE

Zoom Zoom Noturno: relembre o ícone da tevê na década de 90

Além de divulgar festas de todos os matizes, o programa tem quadro de strip-tease feminino – a sensação entre os garotos na puberdade

Luís Fernando Pinto, 68 anos, queria mesmo era ser jogador de futebol. Apesar de na sua juventude ter sido atacante de times grande visibilidade, como o Vasco da Gama, Sampaio e Moto Club, seu golaço foi fora dos gramados.

Há 34 anos, ele apresenta o programa Zoom Zoom Noturno, ícone da tevê nas décadas de 80 e 90, quando, além de divulgar festas de todos os matizes, ele era – por conta de um quadro de strip-tease feminino do programa – a sensação entre os garotos na puberdade.

Tudo começou no Carnaval de 1983, quando a TV Ribamar decidiu mostrar ao público os blocos que desfilavam na Praça Deodoro. Com um gravador que pesava 30 quilos, uma câmera de 28 e várias fitas VHS, Luís Fernando foi incumbido de fazer a mais rápida cobertura da folia. “Filmava, corria para editar e já entrar no ar no mesmo dia”, relembrou.

O sucesso do evento carnavalesco na televisão fez surgir o Zom Zom Noturno. Na semana seguinte, bastou um caminhão, caixas de som emprestadas e uma praça em qualquer bairro da cidade, para que a ideia saísse do papel. “Nós íamos aos bairros, colocávamos o som [que logo virava uma festa] e filmávamos. Ninguém mostrava as festas dos bairros de São Luís. A noite maranhense era esquecida. Nos fomos dar o zoom. O zoom, zoom da câmera no povo.” O programa, a partir de então, começou a visitar as festas que não ganhavam visibilidade na “grande mídia”. Do bar no Anil a um clube de festas em Paço do Lumiar.

Já que o programa retratava a noite em sua realidade. O lado devasso dela também deveria entrar na tela. “Quando você fala ‘mulher nua’, o pessoal se assusta. Aqui foi uma aberração quando entrou no ar”, lamentou. A despeito dos críticos e para a alegria dos adolescentes, Zoom Zoom Noturno exibia semanalmente mulheres que se despiam olhando para as câmeras.

Epitácio Cafeteira, governador do Maranhão à época, não gostou do que viu enquanto zapeava com o controle. Em uma visita a TV Ribamar, deu um “puxão de orelha” no apresentador do Zoom: “Meu jovem, gostei muito do programa. Mas você tem que avisar a hora que vai botar essa mulher nua [o vídeo sensual entrava a qualquer momento durante o programa]. Se a Dona Isabel Cafeteira tá vendo televisão e aparece esse bichão na tela?”, gargalhou.

Não bastassem as críticas dos jornais da cidade e do governador do Maranhão, Luís Fernando era cobrado nas ruas da cidade pela sua seleção de estripers: “Eu parava meu carro no sinal, o pessoal gritava do ônibus ‘ei, Zoom Zoom! Aquela mulher que tu botou ontem era muito feia, doido ’”.

O Zoom Zoom Noturno continua no ar, todas as sextas-feiras (com os famosos strip-teases) na programação televisiva maranhense, e, com toda história que adquiriu, o semanal faz, agora, contrapontos entre o passado e o presente. Perguntado sobre o que mudou no programa após todos esses anos, Luís Fernando arremata: “Sabe qual é a diferença entre o programa antigo e esse novo? Os pelos. Só isso. Hoje, é tudo depilado”.

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