ALERTA

Aulas on-line podem prejudicar visão de crianças durante isolamento

Especialista alerta excesso da exposição às telas e orienta cuidados para reduzir danos

Foto: Divulgação

O isolamento social provocado pela pandemia do novo coronavírus levou a maioria da população a passar mais tempo on-line. Com novos hábitos, o uso dos aparelhos eletrônicos passou a ser ainda mais constante, sobretudo para os estudantes que agora, assistem às aulas através da tela do computador e até mesmo pelo celular, como alternativas para cumprir o isolamento social e manter o aprendizado.

Apesar de necessário, o contato constante com a tela de perto, ao longo do dia, seja pelo computador ou pelo celular, pode causar diversos desconfortos à visão. De acordo com o médico oftalmologista Eduardo Camilo, os primeiros sinais de um possível problema na visão são claros e bem definidos. “Dor de cabeça, embaçamento da visão para perto, dificuldades para ler, ressecamento dos olhos com sensação de areia e coceira. Esses sintomas não refletem necessariamente uma doença, mas um cansaço visual causado pela exposição excessiva à tela”, esclarece o especialista.

Dados do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) apontam que entre 70% e 90% da população mundial sofre com desconfortos visuais ao longo do dia, principalmente depois do uso contínuo de eletrônicos. Entre as crianças, cerca de 20% em idade escolar apresentam problemas na vista. A miopia é a campeã e já é considerada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) a epidemia do século.

Ana Gabriela, de 9 anos, passou a sentir na pele, ou melhor, nos olhos os efeitos da exposição às telas no dia a dia. A estudante passa a maior parte da manhã de frente para o computador acompanhando as aulas da escola que, com a pandemia, passaram a ser remotas. “Minha aula começa às 8h e no início achava muito legal assistir às aulas de casa, mas agora fico cansada, minha vista fica exausta e quando termina só quero descansar”, conta a aluna do 4º ano do ensino fundamental, lamentando a falta que sente do ambiente escolar.

Estudante Ana Gabriela assistindo aula on-line

A mãe da estudante, a funcionária pública Kath Aragão, sempre se preocupou com a exposição e agora, mais do que nunca, sabe que precisa intensificar os cuidados e levar a filha ao oftalmologista com mais frequência. “Sei que toda essa exposição pode prejudicar a visão dela. A avaliação era feita a cada dois anos, mas dessa vez iremos antecipar a ida ao oftalmologista para verificar se já não há nenhum prejuízo”, preocupa-se.

Comportamento tecnológico – Geração Y

Nascidos no século 21, crianças e adolescentes simplesmente desconhecem o que seja um mundo sem tecnologia. Afinal, nasceram em plena explosão da cultura digital e, por isso, estão mais familiarizados com a tecnologia que os rodeia do que os adultos. Acostumados com o meio tecnológico, as interações com os amigos, o lazer, a leitura, trabalhos escolares e as diversas atividades que compõem a rotina das crianças e adolescentes acontecem de forma natural por meio dos dispositivos eletrônicos.

Se, por um lado, nascer em um mundo digital tem suas vantagens, por outro, os problemas decorrentes do uso excessivo dos dispositivos eletrônicos com tela, crescem a cada dia. Estudos realizados pela American Academy of Ophthalmology apontam que o aumento dos casos de fadiga ocular e miopia entre crianças e adolescentes é motivo de preocupação entre os especialistas. Nos resultados da pesquisa, a maioria das pessoas que utilizam os computadores, seja adulto ou criança, desenvolvem fadiga ocular.

Segundo o especialista Eduardo Camilo, durante a pré-adolescência e antes da fase adulta, é muito comum o uso em excesso (após 2 horas) de aparelhos eletrônicos que podem causar danos à visão. “Síndrome da Visão do Computador (CVS) e o agravamento da miopia e da hipermetropia são algumas doenças causadas pelo excesso”, informa. “Dores de cabeça, olhos vermelhos, olho seco, coceira e problemas de focagem após estudar em computadores ou assistir à televisão podem ser sintomas de doenças oculares. Isso ocorre porque durante o uso dos equipamentos nossa visão é constantemente forçada a focar, desfocar e mover para frente e para trás, com o intuito de destacar aquilo ao que queremos dedicar nossa atenção”, alerta.

Médico oftalmologista Eduardo Camilo

Com a comportamento e a presença diária da tecnologia na vida da população, em especial das crianças, os pais precisam ficar atentos e não esperar que os filhos se reclamem de alguns desconfortos na visão. “As crianças devem fazer os primeiros exames de vista ainda na maternidade, para identificar possíveis problemas congênitos. Já a primeira visita ao oftalmologista precisa ser feita entre os 4 e os 5 anos de idade, mesmo que a criança ainda não consiga relatar como está a qualidade da visão”, orienta o médico.

Dicas para o dia dia

Para reduzir os danos, é possível tomar pequenas atitudes que podem fazer grande diferença na saúde ocular. Confira algumas dicas que podem ser práticas ao longo do dia!

Ajuste a iluminação do ambiente
Em um espaço bem iluminado, a luz direcional da tela fica menos agressiva aos olhos.

Atenção à luminosidade da tela
Em ambientes mais escuros, por exemplo, é desnecessário um nível alto de brilho no display da tela.

Ajuste a postura e altura da tela
No caso do monitor do computador, por exemplo, a tela deve ficar na altura da linha dos olhos e a distância deve ser de cerca de 50 cm.

Pisque com mais frequência
Enquanto usamos as telas de eletrônico, o índice de piscadas pode reduzir pela metade. Piscar mais vezes vai ajudar a reduzir o déficit na hidratação ocular e a sensação de olho seco.

Regra do 20-20-20
A cada 20 minutos de uso do equipamento eletrônico, faça uma pausa de 20 segundos e olhe em um objeto que esteja a cerca de 20 metros.

Atividades ao ar livre
Incentive as crianças a realizarem atividades em ambientes externos diariamente, por 40 minutos, no mínimo. Pode ser um quintal ou um terraço, por exemplo.

Limite o uso do celular por parte das crianças
O uso de tablets e celulares por crianças de 2 a 5 anos não deve ultrapassar 1 hora por dia.

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