ENTREVISTA

“O desafio é montar uma estrutura exclusiva”, afirma Edivaldo Holanda Jr

Prefeito Edivaldo Holanda Jr. explicou as medidas que vem sendo tomadas pela Prefeitura de São Luís para diminuir os impactos econômicos da crise

Reprodução

A crise sanitária causada pelo novo coronavírus tem se agravado em São Luís. Diante deste cenário, a Justiça determinou ao Governo do Estado que seja decretado o lockdown na Ilha de São Luís a partir da terça-feira (05), aumentando as medidas restritivas para garantir o isolamento social e conter a transmissão da Covid-19 entre a população.

Em São Luís, epicentro da doença no Maranhão, o prefeito Edivaldo Holanda Junior (PDT) disse que cumprirá a decisão tão logo a medida seja efetivada pelo Governo e que seguirá implantando medidas para conter o avanço da doença entre a população, ampliando o número de leitos disponíveis na capital e da rede de atendimento exclusivo à Covid-19 e síndromes respiratórias e gripais.

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Em entrevista a O Impacial, o prefeito Edivaldo afirmou que a sua gestão, além das ações voltadas para a assistência em saúde e social, tem tomado medidas que fomentem de forma direta ou indireta a economia local como forma de diminuir os impactos econômicos que a cidade terá com a crise da Covid19. O prefeito de São Luís também garantiu que o salário do funcionalismo público é prioridade.

O IMPARCIAL – Como a Prefeitura tem enfrentado a pandemia em São Luís na rede municipal de Saúde?

PREFEITO EDIVALDO – É um desafio muito grande. Todos sabem as dificuldades enfrentadas no país em face da grande demanda e do subfinanciamento da área da saúde. Neste momento, o grande desafio é, ao mesmo tempo em que precisamos manter o atendimento normal que já fazemos, montar estrutura exclusiva por conta da pandemia do coronavírus. Ou seja, leitos, medicamentos e outros insumos, equipamentos de proteção individual para os profissionais, entre outros investimentos. Temos trabalhado muito, junto com o Governo do Estado, nas medidas de prevenção e para tratamento da população. Mesmo antes da confirmação do primeiro caso de Covid-19 em São Luís, mais de 40 dias atrás, vínhamos preparando a nossa rede de saúde. 

Destinamos de pronto uma unidade de referência, que é o Hospital da Mulher, colocando toda sua estrutura de leitos clínicos e de UTI, equipamentos e profissionais para o atendimento aos casos da Covid-19, além também de leitos de UTI conveniados com outras unidades hospitalares. Começamos com 93 leitos e já estamos ampliando. 

Nossa expectativa é dispor, nos próximos dias, de novos 200 leitos municipais com a criação de vagas nas unidades mistas, em duas unidades municipais na zona rural e, ainda, conveniando com hospitais privados de modo a ampliar a retaguarda de leitos para Covid-19. Estamos também implantando uma ala com 20 novos leitos clínicos exclusivamente para o atendimento infantil. E seguimos buscando outras medidas que reforcem nosso sistema de saúde, garantindo a assistência necessária à população neste momento de pandemia.

Outra medida importante para ampliar essa rede exclusiva foi a destinação de 12 unidades básicas de saúde para pessoas com síndromes gripais ou respiratórias leves, compondo o fluxo de atendimento inicial à população com suspeita da doença, composta por UPAs e outros equipamentos da rede estadual de saúde.

A pandemia é hoje o inimigo a ser batido. Mas existem outras comorbidades em curso precisando de atenção. Quais os cuidados estão sendo tomados para essas pessoas?

Mesmo com essa situação de excepcionalidade por conta da crise sanitária que vivemos, não deixamos de prestar atendimento de saúde de rotina à população. Tivemos algumas alterações, entre as quais a suspensão temporária do agendamento de consultas e exames e a realização de cirurgias eletivas; atividades do Centro de Atenção Integral à Saúde do Idoso (Caisi) e atendimento odontológico eletivo. Parte se deu por conta do público de risco. Todos os demais serviços funcionam regularmente. As unidades estão atendendo a população, seja nas unidades básicas para o pré-natal, imunização, gestantes, hipertensos, diabéticos, doenças sexualmente transmissíveis, dentre outros, quanto os serviços ambulatoriais. Os hospitais municipais, como Socorrão I e II, continuam funcionando plenamente, atendendo todas as especialidades, inclusive realizando cirurgias.

“A principal medida é a diminuição do contato social”

Há muitas pessoas em situação de risco devido à consequência econômica do coronavírus. Como a Prefeitura tem atuado para ajudar essas pessoas?

Além da saúde, temos nos preocupado em garantir a segurança alimentar e proteger a renda das famílias mais vulneráveis, que acabam sendo as mais afetadas pelos efeitos econômicos da crise sanitária. Dentre as medidas já tomadas, está a concessão do auxílio-renda e a isenção do pagamento da taxa de iluminação pública. Quem está enquadrado na faixa de consumo de até 220 kWh de energia elétrica e é beneficiário da tarifa social de energia elétrica já não paga a taxa de iluminação pública este mês. A medida vale para as tarifas referentes aos meses de abril, maio e junho e beneficia mais de 85 mil famílias.

Estamos finalizando os trâmites burocráticos para o pagamento do auxílio-renda, beneficiando mais de 12 mil famílias em situação de extrema pobreza. Temos feito a entrega de cestas de básicas e cestas de alimentos naturais como reforço de outras medidas às famílias atendidas nos Cras da Prefeitura. 

São Luís é o epicentro do vírus e percebemos um afrouxamento do isolamento por parte da população. Como resolver essa questão? O fechamento total é o caminho?

Não existe vacina contra o novo coronavírus e a principal medida de prevenção da população neste momento é a diminuição do contato social. As redes de saúde, pública e privada, mesmo com os leitos novos incorporados, estão com sua capacidade esgotada diante do crescimento diário de casos. Os números nesses mais de 40 dias de crise são preocupantes. Somos a segunda capital com maior número proporcional de infectados pela Covid-19 no Brasil.

Desde o início da pandemia, tenho defendido e pedido de forma incisiva à população que mantenha o distanciamento social. Tanto a Prefeitura de São Luís quanto o Governo do Estado têm adotado providências em relação ao serviço público, determinando a suspensão do atendimento presencial em todos os órgãos e serviços não essenciais, alterando o calendário escolar, além das recomendações à iniciativa privada e das medidas de fiscalização rigorosa para evitar aglomerações, entre outras ações preventivas importantes. Nas primeiras semanas, quando a população seguiu a orientação, surtiu efeito com a redução da contaminação comunitária do vírus. 

Quais as medidas estão sendo tomadas para proteger os servidores da saúde que estão no front do combate ao vírus?

Os profissionais de saúde têm sido incansáveis na batalha para salvar vidas. Reforçamos a compra de equipamentos de proteção individual, que está sendo distribuído e seguimos fazendo novas compras, apesar das dificuldades do mercado mundial, para evitar o desabastecimento, garantindo assim a segurança dos profissionais e pacientes. Montamos fluxo para atendimento de nossas equipes com tomografia, caso seja necessário, e contratamos um laboratório para fazer exames PCR para os profissionais que precisem ser testados.

Também estamos adquirindo testes rápidos para nossas equipes. Disponibilizamos ainda um serviço de suporte psicológico, vamos realizar seletivo para novas contratações de recursos humanos. Agradecemos a dedicação de todos, especialmente daqueles dos que estão na linha de frente de combate à pandemia.

A pandemia traz consequências econômicas graves para pequenos comércios e microempreendedores. O que a Prefeitura tem feito para arrefecer essa crise econômica?

A Prefeitura tem tomado medidas que fomentem de forma direta ou indireta a atividade econômica local. Uma medida importante é continuar mantendo a folha de pagamento tanto do funcionalismo quanto dos nossos fornecedores em dia. Isto garante a circulação da renda entre a população e a manutenção do emprego de quem trabalha para as prestadoras de serviço. A construção civil é o setor que mais emprega no país. Mantendo estas obras em andamento dentro das possibilidades sanitárias é outra forma de manter empregos e garantir renda às famílias.

Por meio do Programa de Aquisição de Alimentos temos adquirido produtos dos pequenos produtores rurais de São Luís para distribuição de alimentos às famílias mais vulneráveis. Estamos dando isenção ao pagamento da taxa de iluminação pública e vamos começar a pagar o auxílio-renda. Estas medidas garantem a circulação da renda entre a população e, neste momento em que as pessoas têm priorizado o comércio do bairro, mantém a economia circular aquecida.

Qual sua opinião sobre o confinamento à população imposto pelo juiz Douglas Martins?

Decisão judicial se cumpre, então, tão logo seja efetivada a medida de lockdown pelo Governo do Estado, conforme determinação da Vara de Interesses Difusos e Coletivos, a Prefeitura adotará as providências para o cumprimento das medidas. Entendo que a decisão corrobora com a preocupação da Prefeitura de São Luís, que é conter a contaminação comunitária, protegendo a população da Covid-19. Já reuni com nossa equipe e estamos montado o plano de trabalho para ação nesses 10 dias. É fundamental que a população colabore, ficando em casa, saindo apenas em casos de extrema urgência ou necessidade, evitando aglomerações. Neste momento, só os profissionais que atuam em serviços essenciais devem sair para as ruas.

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