OPINIÃO

Caiu o sarneísmo: agora é uma outra história

Flávio Dino desmonta o sarneísmo no Maranhão, elege dois senadores e afasta da política as famílias Murad, Lobão e Sarneys

Flávio Dino elegeu aliados no senado e a maioria na assembleia e bancada na câmara. (Foto: Raillen Martins)

Caiu o sarneísmo. Durou tanto que não sustentou a corrosão do tempo de 53 anos. Foi o sistema político regional que mais durou na história do Brasil. Ontem, desabou nas urnas da eleição mais importante do Maranhão. Roseana Sarney perdeu para ela mesma.

Resistiu o quanto pode a ideia de concorrer a um eventual quinto mandato, contra o candidato mais forte que o sarneísmo já enfrentar durante cinco décadas. Roseana foi para a disputa empurrada pela família – principalmente, o pai, José Sarney – para tentar se eleger e manter o irmão Zequinha no Senado.

Com 88 anos e uma trajetória política inigualável no país, José Sarney não contava ver a sua oligarquia ser desmantelada nesse domingo. Com toda a experiência que acumula em tantos mandatos de presidente da República, governador do Maranhão e cinco de senador pelo seu Estado e pelo Amapá, o filho ilustre de Pinheiro viu seu inimigo preferencial Flávio Dino dar um passeio de urnas, ganhando sempre com quase o dobro, de Roseana Sarney, desde a primeira urna até o fim.

Derrotada, Roseana viu os aliados serem derrotrados, inclusive o próprio irmão, Sarney Filho (Foto: Divulgação/Assessoria)

Flávio Dino deu uma geral no sarneísmo. Elegeu os dois senadores, colocou seus adversários Roberto Rocha e Maura Jorge lá atrás. Ela só elevou seu percentual de voto, puxado pelo prestígio do presidenciável do PSL, Jair Bolsonaro. Roberto Rocha só veio mostrar que, se não fosse Flávio Dino, o senador eleito em 2014 seria Gastão Vieira e não ele. Sarney Filho, Edison Lobão e os Murad estão, ao longo da história política do Maranhão, sem mandato federal. Dino elegeu ainda a maioria das bancadas de deputados federais e estaduais.

Desta vez, as pesquisas acertaram. Nunca chegaram tão perto da realidade saída das urnas, mesmo as feitas por institutos pagos pelo sistema de comunicação da família Sarney. De nada adiantou a campanha sistemática dos mesmos veículos de mídia dos Sarney e dos Lobão contra o governador, chamado, diariamente de “comunista”, com a intenção de qualificá-lo como um elemento pernicioso à sociedade. Usaram da artimanha, como se fazia antigamente, para “dedurar” adversários da ditadura militar de 64.

Flávio Dino derrotou as famílias Sarney, Lobão e Murad. Não foi diferente com as mídias ligadas e agregadas ao seu sistema de comunicação, com dezenas de blogs que entraram na mesma faixa de repulsão ao governador do PCdoB. O próprio ex-presidente José Sarney, que não chegou a ir diretamente às ruas pedir voto para os filhos e o neto Adriano (único a ser reeleito deputado estadual), mas usou semanalmente o seu jornal para escrever artigos duros, escrachando o governo e a pessoal do adversário.

Governo proficiente

Flávio Dino fez um governo proficiente em vários setores. Na organização de sua equipe de secretários, escolhida com técnicos e não políticos, nas principais pastas. A divisão dos cargos concedidos aos partidos, Dino foi o autorizador. Estruturou as ações políticas em qualquer município, agindo diretamente sobre elas, quando são parcerias com prefeituras.

Em 2016, o governador atuou forte nas eleições para eleger o maior número possível de prefeitos e conseguiu. Governou com uma bancada majoritária na Assembleia Legislativa, presidida por Humberto Coutinho (PDT), que faleceu no cargo, e depois, Orthelino Neto (PCdoB), deputados de sua inteira confiança.

Dino agiu sintonizado com a Polícia Militar e a Civil, conseguindo mantê-las sobre seu comando direto. Reduziu os números da violência, aumentou o efetivo, promoveu milhares de policiais e colocou na gestão do sistema Penitenciário, um técnico pouco conhecido, trazido de Minas Gerais, Murilo de Andrade Vieira, hoje, admirado até pelos juízes criminais do Maranhão, em razão do trabalho que realiza. Nenhuma rebelião em quatro anos.

Mesmo com a crise econômica que afundou vários estados ricos, o Maranhão, com os piores indicadores sociais do Brasil, conseguiu atravessá-la até hoje sem dar sinal de fracasso na gestão. Paga o melhor salário do Brasil aos professores, não atrasa salário e programou na campanha eleitoral outras ações inovadoras para o segundo mandato. Agiu em sintonia com o setor empresarial, apoiando-o no que pôde e tornando-se respeitados, também junto ao agronegócio e à agricultura familiar.

O governador mantém com os municípios parcerias em vários programas sociais, dando prioridade o combate à miséria e às desigualdades sociais, onde a pobreza torna o Maranhão uma vergonha nacional. O programa mais IDH nos 30 municípios mais carentes foi uma ação combinada com o “Escola Digna”, escola de tempo integral e ampliação da Universidade, o “Mais Asfalto”, hospitais regionais de alta resolução, deu visibilidade até nacional à gestão do “comunista”. Agora outra história está começando.

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