DIA MUNDIAL DA ÁGUA

Em São Luís o problema não é escassez, mas distribuição da água

Importante e necessária, em São Luís boa parte da população ainda vive com racionamento de água. Algo que ainda vai demorar um pouco para ser resolvido

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Afinal, que futuro queremos? Essa indagação, que pode ser aplicada a várias questões, hoje se refere à água, tema recorrente, objeto de discussão em todo o mundo. O 22 de março marca o Dia Mundial da Água, instituído, em 1992, pela Organização das Nações Unidas (ONU), mas durante toda a semana em todo o mundo, especialistas, autoridades e população se envolvem com o tema.

Importante e necessária, em São Luís boa parte da população ainda vive com racionamento de água. Algo que ainda vai demorar um pouco para ser resolvido.

“Água é vida. E se a gente não cuidar, uma hora vai faltar. Aliás, já falta. No meu bairro, por exemplo, há muitos anos nós convivemos com o racionamento de água. Infelizmente, não temos abundância de água na torneira todos os dias”, lamenta a dona de casa Luciane Monteiro, moradora da Camboa.

Não raro é comum vermos pessoas lavando calçadas, lavando carros e deixando a mangueira ligada, canos estourados na cidade, enfim, desperdício de água. “Acho que se cada um fizer a sua parte, fizer o uso consciente da água, não vai faltar para ninguém”, comenta outra dona de casa, Ana Maria Santos.

Segundo o cientista ambiental Márcio Vaz, a grande questão que precisa ser observada é que o problema da água em São Luís não é de agua física, é de distribuição. Ele diz que temos água proveniente do Italuís, poços artesianos, mas não há como levar água para as residências de todo mundo.

“Se nós tivéssemos uma adutora lá do Itapecuru duplicada, se tivéssemos mais reservatórios na Ilha como o Batatã, não teríamos problemas, porque temos um período regular de chuva, temos uma Ilha de dimensões satisfatórias. Teríamos condições de ter um abastecimento sem problemas. Essa questão de racionamento, de carência, não é um problema de ausência de água, mas de infraestrutura de distribuição”, diz o cientista.

Ele diz ainda que a nova adutora que está sendo colocada em funcionamento é uma substituição à antiga e que não duplica o volume de água. “Para abastecer São Luís, precisamos de 1m³/segundo para cada 500 mil pessoas, uma conta estimada. São Luís seria abastecida tranquilamente com 2m³/s. A vazão histórica mínima do Italuís em época de seca é de 35m³/s. Então, a gente teria condição de puxar 3 a 4m³/segundo que não causaria problema nenhum. A questão é que não tem uma adutora duplicada, então, vai continuar esse problema de água. O que há é um projeto original de 1980 que puxava 1,5m³. A adutora não vai ainda resolver o problema de São Luís”, aponta o cientista.

A adutora do Campos de Perizes tem 20 km de extensão e segundo o Presidente da Caema, representará mais 30 por cento de vazão de água vinda do Italuis, o que vai possibilitar fazer a regularização em muitas áreas de São Luís e em outras, encurtar o tempo de desabastecimento. “Isso vai ser um avanço extraordinário e esperamos com isso regularizar muito o abastecimento na cidade”, disse o Presidente.
Segundo Márcio Vaz, São Luís tem 30% de abastecimento de água pelo sistema Italuís, 35 a 40% de água de poço e 10% vindo proveniente da reserva do Batatã”.

A barragem é responsável pelo abastecimento de cerca de 80 mil imóveis, ou seja, quase 30 bairros de São Luís. Em dezembro de 2015, o reservatório operou com menos de 5% da sua capacidade. Em maio de 2016, foi para 20%. Em julho de 2016, o Batatã não operou e permaneceu inativo por nove meses. Em abril de 2017, houve uma leve elevação que permanece até os dias atuais, de 18% de sua capacidade.

Gerenciamento de Recurso

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Estudantes de Engenharia de uma universidade local resolveram pensar na água com um debate sobre a utilização do recurso hídrico, buscando reunir soluções com base no próprio meio ambiente. Eles pensaram em dicas, aliando os conhecimentos científicos, para ajudar na preservação do recurso.
“A captação ou o aproveitamento da água da chuva proporciona uma economia de, aproximadamente, 50% do consumo – quando adotadas medidas eficientes de coleta, condução, pré-tratamento, armazenamento e distribuição. A partir da área do telhado das edificações e da precipitação pluviométrica local, é possível dimensionar os dispositivos (calha, tubulação, válvulas, tanques, etc.) envolvidos no sistema de captação e das águas da chuva e, assim, reutilizar para atividades como lavagem de carros, de pisos etc.”, aponta Silvan Silva – Engenharia Ambiental e Sanitária e membro da Ecobahia (empresa Jr.).

Para Taciana da Costa Queiro, da turma de Engenharia Ambiental e Sanitária, “uma boa dica para preservar a água, bem como reutilizar os plásticos, é colocar uma garrafa pet vazia dentro da caixa de descarga. Assim, você estará auxiliando na redução dos gastos de água residencial, visto que a quantidade de água que a descarga suporta é superior a necessária e, utilizando a garrafa, você limita para um volume menor”.

Sobre os rios

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Maltratados, locais de despejo de lixo, esgoto e de resíduos, os rios de São Luís sofrem com a ação do homem, o que compromete o seu curso, o meio ambiente e a população hídrica.

Quanto a isso, segundo a Caema, vem sendo feito um trabalho de interceptação dos esgotos que eram sendo lançados nos corpos hídricos. São estações de tratamento na margem do rio Anil, Baganga, Jaracaty, Vinhais, Anil, com propósito de alcançar 70 por cento do esgoto coletado.

A falta de educação ambiental afeta as bacias, e consequente as áreas de mangue. Em recente entrevista a O Imparcial, a pesquisadora Flávia Rebelo Mochel, do Departamento de Oceanografia e Limnologia da UFMA, afirmou que as áreas mais impactadas da Ilha são a Bacia do Bacanga, e a Bacia do Rio Anil. “A Bacia do Bacanga coincide com a zona industrial. E na Bacia do Rio Anil a perda de mangue é principalmente pelo crescimento urbano. Se compararmos com 30, 35 anos, vemos áreas que eram mais largas e agora são estreitas. Algumas desapareceram, outras encolheram. Essa diminuição em milhares de hectares de manguezal no município é que provoca todos esses problemas. As bacias hidrográficas do Tibiri e Paciência também sofrem com a degradação”, atestou.

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