De Sarney para Dino

“A política é muito dinâmica”, afirma ex-deputado federal Gastão Vieira

Sem mágoas em relação ao seu grupo político anterior (Grupo Sarney), Gastão Vieira é consciente de que ainda pode contribuir com o Maranhão, agora junto a Dino

Foto: Reprodução

“A política é muito dinâmica”. A afirmação é do ex-deputado federal Gastão Vieira, presidente estadual do PROS, que deixou o Grupo Sarney para assumir compromisso ao lado do governador Flávio Dino. Gastão garante que decidiu estar com Dino não por benefícios políticos, mas por acreditar no “movimento político”.

“Fui para o Flávio, para o movimento político. Não estou negociando nada: secretarias, posições. Não que eu veja erro nisso, mas não estou negociando. Estou indo porque acredito no projeto dele e acredito que ele tem o direito de buscar uma participação por mais algum tempo à frente do governo do estado para realizar as coisas que ele vem realizando e complementá-las e fazer uma maior expansão desses objetivos”.

Sem mágoas em relação ao seu grupo político anterior, Gastão Vieira é consciente de que ainda pode contribuir com o Maranhão, agora junto a Dino. O ex-deputado revela ao jornal O Imparcial que após a derrota em 2014, quando disputou a eleição para senador, percebeu a necessidade de buscar um campo em que fosse visto de forma diferente.

“Eu precisava buscar um campo em que eu fosse visto como um bom político que eu sou, fosse respeitado, fosse considerado e fosse muito bem aceito. Por essa razão, eu encontrei isso junto ao governador Flávio Dino e fiz essa mudança, que foi uma mudança nitidamente política”, explica.”

O Imparcial –  Como o senhor analisa o momento político do Maranhão, que está prestes a colocar Flávio Dino e Roseana Sarney frente a frente?

Gastão Vieira –  O Maranhão, necessariamente, está atrelado ao país. Hoje é impossível dizer com certeza se Lula vai disputar a eleição, quem será o candidato do centro, se é [Henrique] Meirelles, se é [Geraldo] Alckmin, se é o Rodrigo Maia. E, até na impossibilidade do Lula, quem vai ocupar o campo da esquerda? Será ocupado por Ciro [Gomes] ou por outro candidato que os partidos de esquerda estão lançando, como Manuel Dávila. Então, não há previsão em nível nacional. E aqui a eleição vai ser muito condicionada pelo que acontecer no plano nacional. Não se sabe o que vai acontecer na medida em que ninguém tem convicção de que a ex-governadora Roseana Sarney vai disputar a eleição, ninguém tem convicção que o deputado Eduardo Baide consegue viabilizar a sua campanha. Ninguém pode afirmar que a ex-prefeita Maura Jorge vai efetivamente se lançar na campanha, muito menos o senador Roberto Rocha. Portanto, candidato posto mesmo só tem o Flávio Dino. E aí é bem mais complicado você fazer uma boa análise.

O Imparcial –  O senhor acredita que esses pré-candidatos ao governo correm algum risco de não participar da eleição?

Gastão Vieira –  Correm sim. Eu não acredito que alguém possa disputar com êxito, com chances reais de vitória uma eleição majoritária para governador do Maranhão se não for suficientemente conhecido pelo eleitorado. O desconhecimento da pessoa do candidato numa eleição majoritária é fatal. Portanto, os candidatos que formam uma possível terceira via, eles não partem de uma plataforma estadual, eles partem de uma plataforma localizada: Santa Rita, São Luís, enfim. É muita coisa para uma dimensão muito pequena em termos de conhecimento do eleitor.

O Imparcial –  O retorno da Roseana seria bom para o Maranhão e para essas eleições?

Gastão Vieira –  A Roseana é uma candidata fortíssima, dotada de um enorme carisma, tem experiência política e gosta desse exercício da disputa eleitoral. Portanto, não deve ser desprezada de nenhuma forma as suas possibilidades.

O Imparcial –  Mas o senhor acredita que um retorno dela para um quinto mandato seria uma espécie de retrocesso?

Gastão Vieira –  Eu não posso fazer uma afirmação desse tipo. Eu digo apenas que eu tenho sentido, por onde eu ando no interior do estado, que há um sentimento de um lado que o governador Flávio Dino merece continuar no governo para efetivamente cumprir aquilo que prometeu e que não pôde fazer até agora. E que esse sentimento de mudança continua muito forte. Eu diria até que a ex-governadora Roseana tem uma taxa de rejeição muito próxima da taxa de aceitação, o que pode confirmar o que estou dizendo.

O Imparcial –  O senhor fazia parte do Grupo Sarney e até disputou uma eleição para senador por lá, mas agora trocou de lado e está com o governador Flávio Dino. Por que isso aconteceu?

Gastão Vieira –  A eleição para o Senado demonstrou que, com um pouquinho de esforço, eu poderia ter sido vencedor. Eu levei essa eleição na frente até as duas últimas semanas e, ao mesmo tempo em que o candidato a governo Flávio Dino aumentava o seu desejo de ter o candidato Roberto Rocha do seu lado, praticamente a campanha do meu candidato [Lobão Filho] se acabava. É como se ele tivesse jogado a toalha uns 15 dias antes da eleição. A partir daí, cresceu em mim o desejo de criar um projeto novo, de ir para um partido onde eu tivesse ascendência sobre esse partido, um partido que expressasse as minhas ideias, as minhas esperanças na construção de uma política melhor. Eu me afastei completamente do grupo e as minhas relações eram, exclusivamente, com a ex-governadora Roseana Sarney. Era com ela que eu tinha contato, era com ela que eu trocava ideias etc. No momento em que esse contato ficou dificultado porque as pessoas que eu não tinha contato, que eu não tinha mais relação, eram as pessoas do comando da campanha dela, eu vi que estava efetivamente na hora de me afastar completamente. Sem mágoas, sem desespero. Eu precisava buscar um campo em que eu fosse visto como um bom político que eu sou, fosse respeitado, fosse considerado e fosse muito bem aceito. Por essa razão, eu encontrei isso junto ao governador Flávio Dino e fiz essa mudança, que foi uma mudança nitidamente política.

O Imparcial –  Por que sua chegada ao grupo Dino é política?

Gastão Vieira –  Eminentemente política. Ela não foi pessoal, eu não saí por raiva, por desespero, só para me eleger. Eu sou diferente. Fui para o Flávio, para o movimento político. Não estou negociando nada: secretarias, posições. Não que eu veja erro nisso, mas não estou negociando. Estou indo porque acredito no projeto dele e acredito que ele tem o direito de buscar uma participação por mais algum tempo a frente do governo do estado para realizar as coisas que ele vem realizando e complementá-las e fazer uma maior expansão desses objetivos.

O Imparcial –  Faltou esforço do seu grupo anterior para viabilizar sua campanha?

Gastão Vieira –  Eu sempre tive dificuldades. Olhando para trás, eu vejo que finalmente me aceitaram como candidato ao Senado porque eu tinha um acervo eleitoral de 134 mil votos, que tinha sido a minha votação em 2010. Esses 134 mil votos podiam perfeitamente ser divididos entre vários companheiros. Não saí como candidato ao Senado por um desejo de que disputasse a eleição, mas porque eu oferecia mais vantagem na medida em que meu capital político podia ser – como foi – dividido por um número crescente de candidatos do meu grupo político. Depois, realmente eu não tive apoio. Eu não tive palanque, apoio decidido. Tive de um candidato a governador, Lobão Filho, que abriu para mim a possibilidade de usar a sua mesma estrutura de campanha, o que de certa forma foi fundamental. Eu pude viajar, pude produzir os meus programas. Mas fora daí eu não tive nenhum tipo de apoio.

O Imparcial –  O senhor se arrepende de ter concorrido ao Senado nessas condições?

Gastão Vieira –  Eu tinha uma forte intuição de que eu teria êxito. Eu tive 1,2 milhão de votos. Perdi uma eleição em que o vento de mudança era muito forte promovido pelo Flávio Dino. Perdi a eleição por 150 mil votos, basicamente localizados na Região Tocantina. Era um desejo meu dar um salto para cima. Eu já tinha completado o meu quinto mandato de deputado federal. Era meu anseio ir para o Senado. É o ponto máximo que se pode atingir na carreira do Legislativo. Eu, sem dúvida nenhuma, repetiria. Não estou arrependido, não culpo ninguém pela minha derrota. Enfim, eu sou responsável pelo o que aconteceu comigo.

O Imparcial –  Então por que não tentar concorrer ao Senado em 2018?

Gastão Vieira –  No meu ex-grupo, de repente eu vivi com dois candidatos escolhidos sem grande discussão dentro do grupo, que era os candidatos ao Senado. Quando fiz a mudança para o governador Flávio Dino, ele já tinha uma série de candidatos e que ele precisava escolher, coisa que até hoje não aconteceu. Portanto, entre aquilo que você quer e aquilo que é possível conquistar, estou conquistando um mandato, me dou bem na Câmara, como me dava no Senado. Adoraria e adorarei em ser senador, mas nesse momento estou focado na minha eleição para deputado federal.

O Imparcial –  Se o senhor pudesse indicar o segundo nome para o Senado na chapa de Dino, quem seria?

Gastão Vieira – 
Estou na base do governador, meu partido está na base do governador, portanto eu não tenho como impor nomes para o governador. Eu já encontrei essa história andando. Portanto, vou esperar a escolha do governador. Já fiz uma referência à candidatura do Weverton Rocha e estou esperando o governador definir o segundo para também definir o meu apoio.

O Imparcial –  Como o senhor analisa a questão do ex-governador José Reinaldo estar pleiteando uma vaga ao Senado?

Gastão Vieira –  O ex-governador Zé Reinaldo tem todas as pré-condições para ser senador. Além de tudo isso, ele foi fundamental na minha eleição ao Senado. Ele trabalhou por mim, me ajudou, pediu votos. Portanto, eu tenho muito agradecimento a ele e acho, portanto, que ele tem todo o direito de reivindicar a vaga que está reivindicando.

O Imparcial –  Como está a sua relação com a ex-governadora Roseana agora que o senhor está no grupo do Flávio Dino?

Gastão Vieira –  Essa ligação permaneceu e era o único vínculo que eu tinha era com ela. Evidente que há um desconforto. Creio que, com certeza, da minha parte e da parte dela. Convivemos muito tempo. Não foi pouco tempo, foi uma convivência longa, de quase 30 anos, trabalhando e agindo juntos, mas eu creio que a amizade, pelo menos da minha parte, eu farei todo o possível para que ela não se rompa, até porque eu já não estou em uma idade de romper amizades. Estou numa idade de fazer das minhas amizades uma herança para meus filhos. Portanto, como não teve nada de sacanagem, ninguém abandonou ninguém, eu tive todas as conversas necessárias com a ex-governadora antes de tomar a minha decisão final, eu creio que o tempo se encarregará de superar essas eventuais dificuldades que hoje possam acontecer.

O Imparcial –  O que o senhor espera de 2018 politicamente?

Gastão Vieira –  Primeiro me eleger deputado federal e dar minha contribuição, que eu sei que eu tenho uma contribuição a dar a esse novo Brasil que, de qualquer forma, vai sair da eleição presidencial e que o Maranhão continue lutando com suas dificuldades, com chance de vencê-las. Isso é o que eu espero.

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