ENTREVISTA

“Vamos sair mais fortes”, afirma Juscelino

Presidente estadual do DEM destaca aliança com o PCdoB, garante participação da legenda na chapa majoritária e esclarece situação do secretário Felipe Camarão

Foto: Reprodução

O dinamismo político é algo que supera as barreiras das ideologias. Prova disso é a recente aliança firmada entre o DEM e o PCdoB no Maranhão. Partidos com correntes ideológicas distintas, mas que agora são aliados em 2018. A “jogada” feita com a chegada do DEM à base do governo mostra que o PCdoB não quer deixar brechas para seus rivais políticos. As alianças são necessárias visando à reeleição do governador Flávio Dino. Mas todos esses apoios têm seu preço. No caso do DEM, uma vaga na chapa majoritária.

O presidente estadual do DEM, deputado federal Juscelino Filho, deixou bem claro que não há outro caminho a não ser esse de indicar o nome de um senador ou do vice-governador na chapa de Flávio Dino. Em entrevista ao jornal O Imparcial, Juscelino Filho afirma que a legenda não definiu quem será o escolhido para concorrer ao Senado ou ocupar o cargo de vice.

“O partido vai estar na chapa majoritária. Agora, com quem e aonde, tudo tem sua hora. Só vamos decidir no momento certo”, disse.

Com a certeza de compor a tão desejada chapa majoritária, onde muita gente segue se engalfinhando para estar lá, o DEM já começou a pensar em um nome “ideal”. Quem ganhou força nos bastidores foi o secretário de Educação, Felipe Camarão, que se filiará ao partido em breve. Isso não significa que ele já disputará as eleições deste ano, mas, sem dúvida, parece ser uma estratégia de fortalecer tanto o DEM, como o nome de Camarão para as próximas eleições.

Jogo político

Há quem defenda que o secretário de Educação do Governo Dino seria um bom nome para ocupar o cargo de vice-governador. Tal escolha mexeria com a situação do atual vice Carlos Brandão e o PRB, partido que abriu as portas para Brandão após sua saída do PSDB. Mexeria, inclusive, com quem ainda nem é do DEM, como é o caso do deputado José Reinaldo.

O parlamentar deve se filiar ao DEM para poder concorrer ao Senado com apoio de Dino. Na teoria, o plano é bom, mas falta a execução para se tornar realidade. Caso sua filiação se concretize, o nome de José Reinaldo tem muita força perante o presidente estadual do partido, Juscelino Filho.

“O governador Zé Reinaldo tem uma história brilhante e tudo. Tem um grande trabalho em nosso estado, uma grande aceitação na classe política. Então, qualquer partido que ele estiver, ele é um quadro para disputar qualquer coisa, até o governo. É um grande nome que o DEM vai ter em seus quadros para poder estar na mesa. Mas não posso dizer que vamos estar no Senado com Zé Reinaldo se ele ainda não está nem filiado. Os fatos vão acontecer”, disse o presidente estadual do DEM.

Em entrevista ao jornal O Imparcial, Juscelino Filho ainda comentou sobre os detalhes da aliança entre o DEM e o PCdoB, além dos planos em torno da filiação de Felipe Camarão.

O Imparcial – Por que o DEM resolveu se aliar com o PCdoB?

Juscelino Filho – Nós entendemos que o governador tem se esforçado muito para fazer o seu melhor à frente do governo e que, no momento de crise, onde estamos vendo que alguns estados nem conseguiram pagar seus 13º salários e outros com mais meses atrasados, o Maranhão manteve sua folha em dia. Fora isso, vem realizando grandes obras e programas importantes que têm feito a diferença na realidade do nosso estado. É o caso do Escola Digna, dos hospitais macrorregionais para que a população do interior do estado tenha acesso a hospitais de alta complexidade, de urgência e emergência. Eu já visitei a maioria desses hospitais. Isso tem desafogado muito São Luís. E, na parte de infraestrutura, o mais marcante é o Mais Asfalto, que já chegou a mais da metade dos municípios do estado. São tantas obras que ele vem inaugurando constantemente em várias cidades. Ele está conseguindo investir, manter a folha em dia. Então, enxergamos que é um governo que tem uma boa intenção com a população. Politicamente, foi por isso que a gente optou por estar construindo essa parceria, essa aliança deixando de lado as questões ideológicas, mas pensando no melhor para a população do nosso estado.

O Imparcial – Tradicionalmente, o DEM é oposição ao PCdoB. Então, como se explica essa aliança no Maranhão?

Juscelino Filho – O DEM sempre no Maranhão foi o partido que mais fez oposição ao governo do PT nacional durante 13 anos, concorda? Muito mais até que o PSDB. Se você buscar o histórico das últimas eleições, nas coligações em que o DEM estava, quem estava nela também? O PT. Então, a gente não está pautado por isso, pela relação nacional. A gente tem exemplos aí.

O Imparcial – Então, essa aliança não tem problema aqui no Maranhão?

Juscelino Filho – Tem muitos estados em que a política local diverge da nacional. E, hoje, a prioridade do partido nacional é fazer com que o DEM renasça e cresça no Maranhão. E a gente tem feito esse trabalho. Nas últimas eleições, acho que o Democratas não teve nem candidato a deputado federal no Maranhão. E isso para o partido é nada. Foi um partido morto sem candidatura federal, que é onde os partidos mais valorizam, onde traz tempo de TV, fundo partidário, enfim, mantém representação no Congresso Nacional. Então, a prioridade do DEM no Maranhão é esse trabalho que estamos fazendo de renascimento, fortalecimento, de ampliação dos quadros, de ampliar número de filiados, de prefeitos, de vereadores. Temos uma bancada forte na Assembleia com três deputados estaduais. Temos hoje um deputado federal e, nesse contexto, com essa aliança que formamos com o governador Flávio Dino, também vamos, com certeza, sair mais fortes. Dentre o compromisso que nós firmamos está a participação do Democratas na chapa majoritária agora em 2018. E se você puxar todas as minhas falas desde o ano passado, eu sempre disse que o DEM vai aonde ele tiver espaço na chapa majoritária para o partido, pois nós entendemos que temos tamanho no estado e a nível nacional para pleitear uma vaga na chapa majoritária.

O Imparcial – No cenário atual, essa vaga majoritária está mais próxima de ser conquistada no Senado ou como vice de Dino?

Juscelino Filho – Quando a gente fala em chapa majoritária, a gente está falando de governador, vice-governador e dois senadores. Para governador está definido que Dino irá para a reeleição. Em relação aos senadores, ele já anunciou que é o Weverton [Rocha]. Então tem aberto a vaga de vice e uma para o Senado. Se está aberta a de vice e a do Senado, o DEM vai estar em uma delas. Nós temos uma pretensão do ex-governador Zé Reinaldo se filiar ao partido para disputar o Senado, o que é totalmente legítimo, e que está sendo conversado com a Direção Nacional e comigo. Mas, de fato, ainda não aconteceu essa filiação dele. Acontecendo a filiação dele, ele passa a ser um dos nomes que vamos estar trabalhando. O partido vai estar na chapa majoritária. Agora, com quem e aonde, tudo tem sua hora. Só vamos decidir no momento certo. Não posso dizer que vamos estar no Senado com Zé Reinaldo se ele ainda não está nem filiado. Os fatos vão acontecer.

O Imparcial – Ainda falta um caminho longo para a chegada de Zé Reinaldo?

Juscelino Filho – Acho que não. Ele tinha um empecilho partidário que era o PSB, mas acredito que nesse fim de ano ele conseguiu resolver isso. Me parece que está até sem partido, dependendo dele próprio definir e se filiar.

O Imparcial – Ele se filiando seria o principal nome do DEM para a chapa majoritária?

Juscelino Filho – O governador Zé Reinaldo tem uma história brilhante e tudo. Tem um grande trabalho em nosso estado, uma grande aceitação na classe política. Então, qualquer partido que ele estiver, ele é um quadro para disputar qualquer coisa, até o governo. É um grande nome que o DEM vai ter em seus quadros para poder estar na mesa.

O Imparcial – E a chegada do secretário de Educação, Felipe Camarão, ao DEM?

Juscelino Filho – Está definida a vinda dele. O Felipe é também um jovem que tem se destacado a frente da Secretaria de Educação. Eu conceituava ele como uma das caras boas desse governo. Ele tem se destacado na educação e por onde passou: na administração e na cultura. Ele sempre deu resultados. Então a gente enxerga ele como um grande quadro, além de ser um grande amigo meu pessoal. É um grande quadro que vai enriquecer e fortalecer o nosso partido.

O Imparcial – Para essa eleição, ele já seria candidato a algo?

Juscelino Filho – Não houve nenhuma conversa nesse sentido. A conversa foi no sentido de trazê-lo para gente alinhar a Secretaria de Educação com o Ministério, que hoje é do nosso partido e tentar, assim, ajudar ainda mais o nosso estado, pois a gente já tem ajudado com alguns pleitos que o Felipe já vinha fazendo e o próprio governador. Já temos conseguido encaminhar algumas demandas deles no Ministério da Educação, mas tendo um secretário do nosso partido, naturalmente que facilita e abre as portas para gente poder fortalecer essa área que é de extrema importância para o nosso estado.

O Imparcial – Como o senhor avalia essa forma do governo agregar partidos em sua base aliada?

Juscelino Filho – Acho que ele está buscando fortalecer, porque estamos em um ano eleitoral. Ele está buscando fortalecer o time de partidos, pilhar o tempo de televisão. Acho que nada mais natural do que isso. E claro que partidos que tenham gente e possam contribuir de alguma forma para o governo dá certo. É legítimo e não é inédito. É natural na política você ampliar e fortalecer seu grupo. Isso a gente vê em todos os lugares.

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