OPINIÃO

Pré-campanha eleitoral no limite do bom senso

A corrida ao Palácio dos Leões permanece apontando para uma disputa maniqueísta entre Flávio Dino (PCdoB) e Roseana Sarney (MDB)

Foto: Reprodução

A pré-campanha eleitoral do Maranhão está extrapolando os limites do bom senso e do equilíbrio das forças políticas, antes mesmo de começar. Como as convenções partidárias serão em julho, o que encolhe o tempo da disputa pelo voto, o campo de guerra já está conflagrado. Atualmente, a corrida ao Palácio dos Leões permanece apontando para uma disputa maniqueísta entre Flávio Dino (PCdoB) e Roseana Sarney (MDB). Porém, não se vislumbra ainda nem pensamento filosófico debatendo o essencial do Maranhão, muito menos ciências exatas comparando e atualizando números. Ou ciências humanas, sacudindo a poeira da velha política e do flagelo nativo dos votantes dos grotões.

O ex-presidente José Sarney, por exemplo, chega a usar o seu jornal como arma que imagina de grosso calibre no confronto direto com o “comunista”. Enquanto Roseana permanece na sombra da pré-campanha, o pai já se move na trincheira, de carabina entro em punho. Domingo passado, ele já deu os primeiros disparos, em seu artigão semanal de capa, intitulado “O Maranhão engatou a marcha à ré”. Na mesma edição do matutino, a manchete principal crava: “Economia em baixa” – reportagem sobre a queda do PIB.

Sarney, no que escreve, parece o que discursara no distante ano de 1966, ao tomar posse com 35 anos de idade, simpatizado pela ditadura de Castelo Branco, implantada dois anos atrás. Ele disse: “O Maranhão não quer a desonestidade no Governo, a corrupção nas repartições e nos despachos. O Maranhão não quer a miséria, a fome, o analfabetismo e as mais altas taxas de mortalidade infantil, de tuberculose, de malária, de schistosoma como interstícios do cotidiano”. Pois não é que nesse “interstício” de 52 anos de sarneísmo, o velho Maranhão ainda anda com a mesma cara de impaludismo, olhando para o chão e tendo bichos-de-pé como companheiros de milhões de maranhenses descalços, nas zonas rurais?

Ele diz que a marcha à ré está no crescimento negativo do PIB maranhense, mas nenhuma palavra sobre a crise nacional na qual o seu MDB e Temer navegam, como quem pega uma corredeira perigosa. O Maranhão é simplesmente o Estado mais pobre do Brasil há décadas. Antes de Sarney, na outra oligarquia, a vitorinista, que ele asfixiou para plantar a sua, também era. Só que disputava com o Ceará e o Piauí a posição de pobreza extrema. E hoje?

O ex-presidente diz com entusiasmo que a duplicação da BR-135, em Perizes, palco de um arranca-rabo semana passada, “foi obra de Roseana”, mesmo sendo do governo federal. De novo, nenhuma palavra sobre o malfadado Polo de Confecção de Rosário, nem a refinaria de Bacabeira, que renderam em 2010 uma enxurrada de votos para Roseana e Lobão. Hoje perdeu a paternidade política e virou fantasma. Um estorvo para ser esquecido. Órfão fracassado, sem pai e sem dono. Só terra arrasada e bem pertinho da duplicação inconclusa da BR, que atraiu em enxame de políticos – “pais adotivos”. Pelo visto, os sarneístas saudosistas estão entrincheirados para o que der e vier. Flávio Dino, pois que se cuide. Já é chamado por eles até de “oligarca” e chefe da “dinastia dinista”, por quem não se deu ao trabalho de dar uma olhada no ‘papai’ Aurélio, franqueado na internet, para não sair escrevendo patetices.

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