IMPEACHMENT

Michel Temer se articula em meio ao fogo cruzado de Cunha e Dilma

Depois de participar de reuniões com congressistas, o vice aconselhou Dilma a evitar o confronto direto com o Legislativo

Fogo Cruzado

Antes mesmo do anúncio da abertura do processo de impeachment pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o vice-presidente Michel Temer já articulava com senadores em almoço no Palácio do Jaburu os impasses em torno do assunto que desgastava o governo. Durante a refeição, congressistas da oposição reforçavam apoio ao vice caso fosse adiante a possibilidade da saída da presidente Dilma Rousseff do poder. Só um dia após acatado o processo, Temer se reuniu com a presidente e a aconselhou a evitar qualquer confronto direto com o Legislativo, tomando apenas uma postura institucional.

Na avaliação de interlocutores palacianos, Temer considera que Dilma precisa se manter neutra para evitar aumentar ainda mais o embate já travado desde a posse de Cunha na Presidência da Câmara. O conselho não necessariamente se remete a uma crítica por Dilma ter vindo a público assim que anunciado a abertura do processo para se defender e atacar o peemedebista, alfinetando-o no discurso com menções aos seus atos ilícitos.
No pronunciamento, a petista demonstrou “indignação” ao impeachment e negou ter participado de qualquer tipo de barganha. “São inconsistentes e improcedentes as razões que fundamentam este pedido. Não existe nenhum ato ilícito praticado por mim. Não paira contra mim nenhuma suspeita de desvio de dinheiro público, não possuo conta no exterior nem ocultei do conhecimento público a existência de bens pessoais, nunca coagi ou tentei coagir instituições ou pessoas na busca de satisfazer meus interesses.”
Coordenação
Acatando ou não o conselho de Temer, a petista sentou com os ministros da coordenação política do governo para discutir estratégias contra o processo. Participaram da reunião: Jaques Wagner (Casa Civil); Edinho Silva (Secretaria da Comunicação Social); Aldo Rebelo (Defesa); Armando Monteiro (Desenvolvimento); Celso Pansera (Ciência e Tecnologia); George Hilton (Esporte); Eliseu Padilha (Aviação Civil); Gilberto Kassab (Cidades); Gilberto Occhi (Integração Nacional); Helder Barbalho (Secretaria do Portos); Henrique Alves (Turismo); José Eduardo Cardozo (Justiça); Kátia Abreu (Agricultura); Marcelo Castro (Saúde); Miguel Rossetto (Trabalho e Previdência); Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo); André Figueiredo (Comunicações); Juca Ferreira (Cultura); Aloizio Mercadante (Educação); Luís Inácio Adams (Advocacia-Geral da União); Nilma Gomes (Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos); Patrus Ananias (Desenvolvimento Agrário); Tereza Campello (Desenvolvimento Social).
Segundo na linha sucessória, Temer justificou sua ausência no encontro pela agenda previamente marcada em São Paulo. Ele viajou ontem pela manhã, logo após conversar com a presidente e só deve retornar na terça-feira. Mesmo longe, o peemedebista deve continuar nas articulações políticas. Após a deflagração do impeachment, o Palácio do Planalto adotou uma postura de que Temer é jurista, constitucionalista e pode ajudar nas relações com o
Congresso.

Temer se colocou à disposição da presidente para ajudá-la a minimizar os desgastes. Na quarta-feira à noite, ele recebeu no Palácio do Jaburu o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e os senadores Romero Jucá (PMDB-RR), Eunício Oliveira (PMDB-CE), Valdir Raupp (PMDB-RO), além de Henrique Alves (PMDB-RN) e Hélder Barbalho. No jantar, Temer reforçou pedidos de cautela. O peemedebista não quer que o momento seja acirrado pelos senadores e recomendou se manterem na retaguarda. Inevitavelmente, alguns parlamentares da oposição confirmaram apoio ao vice caso ele seja conduzido ao cargo numa suposta saída da presidente. Temer, porém, evita o tema e alega não querer concorrer em 2018, seguindo a trajetória de Itamar Franco após a saída do ex-presidente Fernando Collor, em 1992.

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