O Imparcial 89 anos

Artigo: O Imparcial do Maranhão

“O Imparcial” do Maranhão mostrou-se sempre adiante do seu tempo. Atualizou-se, partiu bem cedo para as versões das multimídias

No dia de hoje, há 89 anos, o jornalista José Pires Ferreira fundava “O Imparcial” com o claro propósito de mudar a forma de fazer jornal em nossa terra. Àquela al- tura, o Maranhão sofria os efeitos dos mo- vimentos militares marcantes, iniciados com a revolta do Forte de Copacabana, em 22 no Rio; do levante de São Paulo em 24, desaguando na Revolução de Trinta, que pôs ? m à República Velha e iniciou a mo- dernização do Estado brasileiro. A coluna de Miguel Costa e Luís Carlos Prestes movi- mentava-se no território nacional, clama- va pela regeneração dos costumes políti- cos, a verdade eleitoral e os direitos sociais.
São Luís era então uma acanhada cida- de, de hábitos provincianos, como descreve Josué Montello no romance histórico “A Coroa de Areia”. Os seus jornais “O Comba- te”, “Folha do Povo”, “Diário da Tarde”, “Notícias”, eram proprie- dades de famílias que se digladiavam na luta política paroquial, movida por apetites partidários, voltados para a conquista e a divisão do poder. O alvo era o Palácio dos Leões. J. Pires, como era conhecido, no primeiro editorial a? rmou que como o títu- lo sugeria, pretendia ser imparcial, sem perder a visão crítica, mesmo atingindo a gregos e troianos, todos competindo na corrida pela conquista do governo estadual. Pretendia que o seu jornal estivesse à frente do seu tempo.
Após quase nove décadas de existência, se deve reconhecer, o sonho de J. Pires realizou-se. O seu diário, instalado com avançado parque grá? co para a época, transformou-se em uma escola de comunicação terceiro grau, mais que isso, em uma universidade de jornalismo, ancorada em laboratório de ideias, operado pelos pro? ssionais que o fazem, mestres da arte e da técnica de produzir um excelente jornal para o consumo coti- diano dos seus leitores.
Em 1944 “O Imparcial” mudou de dono, foi adquirido por Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Melo, passando a integrar a cadeia dos Diários Associados onde até hoje permanece. Passou a ser dirigido por João Calmon, depois pelo jorna- lista e advogado Pires de Saboia. Naquele mesmo ano, o padre Astolfo Serra, que fora interventor do Estado após a Revolução de Trinta, em artigo discorrendo sobre o per? l do matutino, em estilo arrebatado asseverava: “Pode-se dizer deste jornal o que Ingeneiros disse do livro, é mais do que um gesto, é uma atitude! Queria dizer da função social a ser cumprida pela imprensa em meados dos anos quarenta, a guerra caminhava para o ? m, os ventos da democratização começavam a soprar. Vários trabalhos acadêmicos sobre o “O Imparcial” mencionam o engajamento do jornal no episódio de deposição de João Goulart, por conta da participação Chateaubriand no movimento para a deposição do presidente, alarmada que estava a sociedade com a subversão e o “perigo comunista”, do mesmo modo que a grande imprensa brasileira. 
Posteriormente a promessa de democracia se revelou falsa com os vinte anos de ditadura e a censura imposta aos órgãos de comunicação. No plano estadual, em 1965 o jornalista Pires de Saboia apoiou a candidatura de José Sarney ao governo estadual, pelo que representava como bandeira das Oposições Coligadas, unidas para derrotar duas décadas de dominação da oligarquia vitorinista. O jornal posicionou-se a favor dos anseios de mudança da sociedade maranhense.
Nos últimos quarenta anos com a propagação da televisão, da telefonia celular, da internet, processaram-se profundas trans- formações nos instrumentos midiáticos, jornais nacionais de expressão como “Correio da Manhã” “Última Hora” “Jornal do Brasil” desapareceram, não foram capazes de atualizar-se face aos novos meios. O fenômeno repetiu-se no mundo inteiro. Os especialistas reconhecem que os jornais estão perdendo leitores para a internet, veri?cando-se a transferência de anúncios de empregos, imóveis e veículos para a rede.
Verdadeiras entidades como o “Le Monde” na França, “The New York Times”, nos Esta- dos Unidos declinam em tiragem e partem para a versão virtual. Juan Luís Cebrián, fundador e primeiro diretor “El País”, prin- cipal publicação em língua espanhola, comentou em 2007, que se tivesse que fundar agora o jornal, não seria em papel, faria uma coisa na internet, e uma versão em papel do que consi- derasse mais atraente. Trata-se do dirigente de uma das mais importantes publicações mundiais admitindo o impacto das novas tecnologias sobre o mercado editorial.
Pois bem, “O Imparcial” do Maranhão mostrou-se sempre adiante do seu tempo. Atualizou-se, partiu bem cedo para as versões das multimídias, aperfeiçoou os conteúdos, com as visões da interpretação, da análise, e da formação da consciência crítica. É um jornal do passado, por ele se pode contar a História do Estado. Do presente, por combinar entretenimento, análise e formação de opinião. E do futuro, por sua constante atualiza- ção com as modernas tecnologias da informação. Como seu colaborador, presto um depoimento: nunca sofri nenhuma qualquer restrição em meus textos. Escrevo o que quero e como quero, submetido apenas ao julgamen- to dos leitores. Neste primeiro de maio, de parabéns estão todos os jornalistas que o fazem, juntamente com os seus quali? cados leitores.
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