Violência LGBTI

Corpo de travesti maranhense assassinada em Goiás é velado em Açailândia

Polícia acredita em latrocínio – roubo seguido de morte. Quatro suspeitos foram presos

Paulina Reis Sousa. Foto: Divulgação

O corpo de Paulina Reis Sousa, de 21 anos, chegou hoje (15) à cidade de Açailândia para o velório na quadra poliesportiva do Residencial Tropical, com orientação aos familiares para evitar aglomeração na despedida, por medida de segurança no enfrentamento à Covid-19. O sepultamento está previsto para o fim da tarde desta segunda-feira (15).

Foto: Divulgação

Paulina foi assassinada na madrugada do último sábado (13), quando estava na companhia de outra travesti, em Anápolis (GO), cidade onde passou a residir há duas semanas. Ela era natural de Açailândia e também morou por dois anos em Imperatriz, antes de se mudar para o Goiás.

Segundo as investigações da polícia, as travestis foram surpreendidas em um ponto onde costumavam ficar no bairro Calistolândia. Os suspeitos estavam em um carro de passeio e teriam simulado a contratação de um programa, mas logo anunciaram um assalto.

Paulina foi morta a tiros. Segundo a companheira travesti, que conseguiu fugir e prestou depoimento, ela estava sem celular. Seria a motivação do crime, investigado pela polícia como latrocínio – roubo seguido de morte. Mas militantes do movimento LGBT acreditam que as travestis também são alvos fáceis para criminosos pela situação de vulnerabilidade.

“O transexual, por tudo que ele passa desde o início quando se descobre trans, como abandono por parte da família, falta de políticas públicas que lhe garantam emprego e estudo, preconceito da sociedade como um todo e a falta de conhecimento da sociedade sobre a pauta, tudo isso faz com que se procure a prostituição e outras formas de levar a vida, que deixam as pessoas trans à margem da sociedade”, acredita Whallassy de Oliveira, Drag Seketh.

Por meio de denúncias, a Polícia Militar chegou a um dos suspeitos que disse onde estava a arma e o carro utilizado no crime. No local informado, outras três pessoas foram presas suspeitas de envolvimento no caso, todos com passagem por tráfico e roubo.

“O veículo [usado no crime] é produto de roubo do último dia 9, na cidade de Goiânia. Todos eles [os 4 supeitos] foram encaminhados à Polícia Civil para serem autuados por latrocínio. Um deles também será autuado por favorecimento pessoal e posse de arma de fogo porque escondeu a arma utilizada no crime. Outro, além do latrocínio, será autuado por receptação desse veículo roubado”, explicou o tenente Júnior, da Polícia Militar, que acompanhou o caso.

Paulina foi dançarina da quadrilha junina Matutos do Rei, de Açailândia, que emitiu nota de pesar nas redes sociais lembrando que a jovem era “sinônimo de alegria e irreverência”. A prefeitura de Açailândia também se manifestou por meio de nota “pela morte trágica da quadrilheira” que fez parte do movimento junino da cidade “conhecida por sua alegria contagiante, entusiasmo e boa relação com todos”.

A morte de Paulina acontece justamente na véspera de um dos eventos nacionais mais esperados pela comunidade LGBT, que este ano ganhou uma edição virtual, ontem (14), por causa da pandemia de Covid-19. A edição tradicional, que no ano passado reuniu 3 milhões de pessoas na Avenida Paulista, teve que ser cancelada.

Com o tema “solidariedade”, a 24ª edição da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo teve o objetivo de arrecadar por meio de lives, doações para o projeto Rede Parada Pela Solidariedade, que apoia uma parcela da população LGBT em situação de vulnerabilidade.

De acordo com o dossiê da Associação Nacional de Travestis (Angra), o Brasil é o país que mais mata travestis e transexuais, com 124 pessoas trans assassinadas em 2019, à frente do México, que ocupa o segundo lugar no ranking global com metade do número de homicídios.

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