EDUCAÇÃO

Dia dos professores: a história de quem é mestre na arte de ensinar

“Ser Professor é tudo, menos fácil”

Alunos do Instituto Educacional Nossa Senhora Aparecida, com a professora Karla Cunha. (Foto: Arquivo pessoal)

“O homem não é nada além daquilo que a educação faz dele”, declarou o grande filósofo alemão Immanuel Kant (1724-1804). A família, as instituições e o ambiente social mudam constantemente, mas a figura do Professor continua indispensável. Ela carrega a missão de influenciar, inspirar e promover o crescimento do indivíduo através do conhecimento.

Qual a origem do Dia dos professores?

Que o Dia dos Professores é comemorado no dia 15 de outubro, a maioria das pessoas sabem. O que poucos imaginam, é que a criação dessa data é fruto da luta da jornalista, professora e política brasileira Antonieta de Barros (1901-1952). A data foi oficializada nacionalmente em 1963, quando o decreto federal 52.682 a tornou um feriado escolar.

Deputada, jornalista e professora Antonieta de Barros, símbolo da luta pela educação igualitária no país. (Foto: Reprodução)

Um fato curioso é que Antonieta foi a primeira mulher preta a ser eleita no país. Ela esteve ativamente nos movimentos de emancipação feminina e da cultura negra, atuando como defensora de uma educação com qualidade para todos. Para Antonieta, os professores deviam ser vistos como agentes de transformação social.

Construtor de novos saberes

Para cumprir os diversos papéis desempenhados pelos professores, algumas características são fundamentais. Jucileide de Morais, Coordenadora da Robótica Educacional da Escola Anna Adelaide Bello, no bairro Alemanha, explica que o profissional da educação deve acima de tudo amar o que faz, reinventar-se, ser criativo e ter empatia pelo outro.

“O docente é importante para estimular, aprimorar a construção de novos saberes. Ele coordena o processo de relação com o outro, o ensino e a aprendizagem. Atitudes, valores e éticas também são fundamentais para o desenvolvimento do papel da Educação”, esclarece Jucy.

É brincando que se aprende… e ensina!

Karla Cunha está apenas começando na profissão, e celebra o Dia dos professores pela primeira vez. Sua história com a profissão começou quando ainda tinha 7 anos, enquanto brincava de boneca e riscava de giz as paredes da casa onde morava.

Karla em seu 1º dia como professora. (Foto: Arquivo pessoal)

“Aos 8 anos, ganhei meu primeiro quadro negro, daqueles que tem o alfabeto em cima. Foi presente do meu saudoso pai. Em 2019 entrei na faculdade de pedagogia e em 2021 iniciei o meu sonho em sala de aula”, conta com entusiasmo a professora do ensino fundamental.

“A luta é constante de moldar um mundo diferente da realidade, ainda mais em um país onde essa profissão não tem a sua devida valorização.”

Karla Cunha, 23 anos

Para a professora de primeira viagem de uma escola da rede privada na Vila Janaína, ainda é desafiador encarar uma turma de 20 alunos, numa área de periferia. “A luta é constante de moldar um mundo diferente da realidade, ainda mais em um país onde essa profissão não tem a sua devida valorização”, complementa a professora do ensino infantil.

Ensinar é (uma) arte

Ainda que a formação do professor exija o conhecimento teórico, há espaço para a sensibilidade artística na profissão. Michele Cabral é Artista-docente do Departamento de Artes Cênicas da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), atriz, palhaça e Diretora teatral, formação que lhe permite unir a prática pedagógica com a arte.

Michele se apresenta como a palhaça “Palita” para alunos do ensino infantil. (Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal)

“Parte de minha formação foi no fazer artístico e isso influencia sobre meu modo de ensinar. O Diretor é um pouco professor, pois instaura um espaço de troca e confiança entre os atores e toda a equipe criativa”, conta Michele.

Para ela, “ser professora é estar aberta ao outro ser em formação, entendendo que cada sujeito é único e já traz consigo os saberes das experiências vividas, e estes saberes implicam na vida e na formação dos sujeitos da aprendizagem”.

Aprendendo a aprender

Com a pandemia da Covid-19 e a posterior flexibilização, a dinâmica do ensino mudou, com muitas escolas usando o sistema híbrido, de aulas presenciais e à distância.

“Tudo novo assusta, assim tivemos que estudar e mudar a maneira de usar a nossa prática, estamos usando a tecnologia digital que nos permite variar estratégias em sala de aula, contemplando os diferentes estilos de aprendizagem. É aprender a aprender”, explica Jucileide de Morais.

A professora Jucileide e a equipe de robótica da Escola Anna Adelaide Bello. (Foto: Arquivo Pessoal)

Que o diga a professora Karla. Ela conta que teve de “levar a sala de aula para casa”, montar cenários, editar vídeos, dormir às 3 da manhã, tudo para entregar o conteúdo para os estudantes. “Foi uma missão difícil”, diz ela.

“As relações entre o estudante, o professor e a família se estreitaram. Para mim a experiência do ensino remoto foi bastante desafiadora e me revelou potencialidades que eu desconhecia”

Michele Cabral, Artista-docente

Já Michele Cabral acredita que na pandemia a relação com os educandos ficou ainda mais evidenciada. “As relações entre o estudante, o professor e a família se estreitaram. Para mim a experiência do ensino remoto foi bastante desafiadora e me revelou potencialidades que eu desconhecia”, acrescenta.

Recompensa em forma de gratidão

Karla Cunha revela que é recompensador trabalhar na educação das futuras gerações.”Ser professor é tudo, menos fácil. É educar, amar, direcionar ao voo sem cortar as asas. É ser às vezes mãe, amiga, confidente, heroína e vilã. Não é fácil, mas é muito gratificante”, conclui.

“Ser professor é tudo, menos fácil. É educar, amar, direcionar ao voo sem cortar as asas. É ser às vezes mãe, amiga, confidente, heroína e vilã. Não é fácil, mas é muito gratificante”.

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