FEMINICÍDIO

Policial que matou mulher diz ter agido em legítima defesa

O colega de trabalho do casal assassinado, que também estava no local, negou essa versão, alegando que o policial começou a briga, dando socos e chutes em Bruna Lícia

Reprodução

Em entrevista coletiva ocorrida na tarde de hoje (27), a delegada Dra. Viviane Fontenelle, chefe do Departamento de Feminicídio da Superintendência de Homicídio e Proteção à Pessoa (SHPP), disse que é pouco provável que o policial militar Carlos Eduardo Nunes Pereira, que matou Bruna Lícia e o suposto amante dela na tarde do último sábado (25), tenha agido em legítima defesa.

Segundo a delegada, um colega de trabalho das duas vítimas, também estava no local do crime e disse, em depoimento, que viu o policial dar socos e chutes em Bruna Lícia, ouviu a amiga gritar “Para com isso. Para com isso Nunes!”, e, enquanto fugia do apartamento para pedir ajuda ouviu os tiros. O soldado confessou ter cometido o crime, mas disse que agiu em legítima defesa.

“Ele alega que ao entrar no quarto foi atacado pelos dois [o casal]. Mas, o depoimento da testemunha refuta essa versão ninguém que está atacando vai mandar uma pessoa que está sendo atacada parar. A gente acredita que houve sim uma briga mas iniciada pelo próprio autor do crime”, disse a delegada Viviane.

Carlos Eduardo foi submetido à exame pericial de corpo de delito, assim como os corpos das vítimas. Com o resultado dos exames será possível apurar o que aconteceu durante o confronto corporal entre os envolvidos.

O delegado, Jefrey Furtado, da SHPP, disse que a perícia nos corpos ainda não foi concluída, mas “preliminarmente, a vítima do sexo feminino foi atingida por dois disparos. Com relação à vítima do sexo masculino, ele deve ter recebido cerca de quatro disparos. Entretanto, já está sendo feito um laudo pelo Instituto de Criminalística para confirmar todas as entradas e saídas dos projéteis”.

O delegado explicou, ainda, que quando a primeira equipe da PM chegou ao local do crime Carlos Eduardo Nunes ainda estava com a arma do crime na mão.

A delegada Viviane Fontenelle demonstrou indignação pelo fato de grande parte da população estar culpabilizando a vítima. “Uma vítima está sendo julgada, sendo que deveria estar sendo apontado o dedo para o autor. Nada justifica esse homem ter tirado a vida dessa mulher, nem que ela estivesse o traindo, ainda mais se não foi esse o caso. Pelo que nós estamos averiguando eles estavam separados, então ele não pode alegar essa traição e mesmo que tivesse havido traição, não justifica um crime”, afirmou ela.

As investigações continuam para que sejam esclarecidos todos os detalhes do crime. “Temos o depoimento da testemunha ocular, que era colega de trabalho das vítimas, temos as imagens das câmeras de monitoramento do condomínio, que mostram o momento em que o autor do crime chegou, e nós vamos ouvir também testemunhas do convívio íntimo das vítimas”, esclareceu a delegada.

A princípio o soldado da Polícia Militar foi autuado em flagrante por dois crimes: homicídio e feminicídio. Em audiência de custódia ocorrida ontem (26), o juiz plantonista converteu a prisão em flagrante em prisão preventiva. Carlos Eduardo Nunes Pereira está preso na sede do Comando da Polícia Militar do Maranhão.

Entenda o caso

Na tarde do último sábado (25) o soldado da Polícia Militar Carlos Eduardo Nunes Pereira, de 25 anos, assassinou Bruna Lícia e o suposto amante dela, em um apartamento no Condomínio Pacífico I, no Bairro Vicente Fialho, em São Luís. Ainda não foi confirmado se Calos Eduardo e Bruna ainda eram casados.

O policial chegou no apartamento e encontrou Bruna e outro homem juntos no quarto. O PM declarou ainda que entrou em luta corporal com o casal, momento em que sacou a arma e atirou em ambos. O policial relatou que não sabe quem ele atingiu primeiro.

Bruna Lícia foi sepultada na tarde do último domingo (26), em São José de Ribamar, região metropolitana de São Luís.

VER COMENTÁRIOS
Polícia
Concursos e Emprego
Esportes
Entretenimento e Cultura
Saúde
Mais Notícias