Música

Rita Benneditto celebra 15 anos de Tecnomacumba

A cantora maranhense pretende levar para o Brasil uma turnê em comemoração ao disco que ganhou vida própria no país e no exterior

Foto: Reprodução

Verdadeira intervenção cultural, sucesso de público e crítica, o disco Tecnomacumba Rita Benneditto, celebra este ano 15 anos de existência e resitencia, como afirma a cantora. Ela comemora com o show “Tecnomacumba – 15 anos de festa e fé”, que entretanto ainda não tem data para ser realizado em São Luís.

Do Rio de Janeiro, Rita conta por telefone à O Imparcial que se orgulha muito da perpetuação e da mensagem que o disco transmite. “Pra mim ele é um divisor de águas, porque ampliou muito o meu público. O projeto, que se propõe a ser um manifesto de brasilidade, um manifestação cultural no sentido de valorização das referencias dos povos que compõem a nossa historia, principalmente a África, que nos trouxe tantos legado e belas coisas, não só na música, mas também na maneira de vestir e falar, de comer, tudo tem bastante da África no nosso pais”.

Em termos musicais, “Tecnomacumba” se caracteriza por fusões sutis da MPB com sons eletrônicos e pontos e rezas das religiões afro-brasileiras. Com elas, Rita Benneditto busca mostrar que o alicerce da MPB e dos ritmos eletrônicos é a musicalidade ancestral dos tambores, dos terreiros de candomblé, centros de umbanda, batuques e xangôs do Maranhão.

Idealizado e produzido por Rita Benneditto para uma temporada no Rio de Janeiro em 2003, “Tecnomacumba” ganhou vida própria por todo o país e no exterior. Deixou sua grande marca no cenário internacional em um megafestival na cidade de Dakar (Senegal, África), em programação que reuniu artistas de vários continentes. Agora, atravessando esse longo período de maturidade e resistência, retorna reafirmando a força do tempo em sua trajetória.

“O disco firmou mais ainda o meu compromisso com a valorização e preservação das culturas de matriz africana e ameríndia, estruturas de base da cultura brasileira. Depois disso, me vi ainda mais conectada com esse universo do que eu já era. Tecnomacumba começa no Rita Ribeiro de 1997, quando eu gravei o Ponto da Cabocla Jurema, que recolhi em um terreiro de umbanda aí em São Luís e eu quis fazer essa fusão do tambor da mata que é uma batida típica da umbanda do Maranhão com os beats eletrônicos”, revela Rita.

Para a cantora, o sucesso se traduz na própria riqueza musical do disco, além da adesão do público que lotam os shows para ver Rita interpretar sucessos como Iansã, de Caetano Veloso e Gilberto Gil, Rainha do Mar, de Dorival Caymmi, e Jurema.

Religiosidade e intolerância

“Se passaram-se 15 anos e a gente continua vivendo um período de intolerância em todos os níveis. As pessoas continuam sem compreender que a religiosidade é uma coisa muito particular, é um direito de cada um. O elemento da fé se tornou um elemento de discórdia e veiculo de ódio entre as pessoas”, diz Rita.

Ela revela que já passou por situações de preconceito em que teve seu show barrado e completa: “Intolerância não pode existir, porque na verdade o que a gente tem que vibrar é uma energia única de amor. Independente de você ser evangélica, eu macumbeira, fulano católico, cicrano budista, o ser humano tem o direito de escolha das filosofias de vida dele”.

A resistência promovida pelo disco, segundo Rita, vai contra todos os prognósticos de um mercado musical que desaprendeu a lidar com a longevidade dos shows e das músicas. “Se não fosse pelo publico, eu não estaria dando murro em ponta de faca, o projeto se mantém sozinho. Elas se identificam como uma bandeira de luta e de resistência. A gente avançou em tecnologia, em acesso a informação, mas regrediu no pensamento, no conhecimento e acima de tudo na consciência, de humanidade”, aponta.

Passagem por São Luís

Questionada sobre vir à São Luís, Rita é enfática: “As pessoas acham que eu não ponho são luis na rota proque eu não quero, imagina, eu quero sempre mostrar pro meu povo que eu estou fazendo. Se eu pudesse, estaria sempre aí. Mas isso não depende só de mim, depende das estruturas, depende do convite para receber minha equipe”.

A cantora ainda não recebeu convites para apresentar a turnê de 15 anos do disco, mas pretende rodar o Brasil ao longo deste ano. “Além de pensar em São Luís, estou com show aqui no rio, já fui pra São Paulo, eu ainda vou pra Porto Alegre. Estamos fechando também em Bele Horizonte e Juiz de Fora para agosto. A ideia é circular, o máximo que puder, dentro das circunstancias, sabendo da dificuldade que é viabilização de shows”, conta.

A última passagem de Rita pelo estado foi no aniversário de 405 anos de São Luís, onde fez um dos shows mais aguardados do evento ao lado da dupla Criolina. No repertório, misturou canções consagradas do seu primeiro CD, lançado em 1997, até sucessos recentes.

“Eu amo a minha terra, acho que maranhão é um polo cultural fortíssimo só que precisa haver um maior investimento de médio e longo prazo de projeção dessa cultura a nível nacional, como fazem os outros. É preciso haver uma conjunção de forças politicas e locais para que a gente consiga elevar isso. Eu faço a minha parte, trazendo do Maranhão toda a referencia cultural que eu tenho, sou uma porta voz da cultura maranhense”, finaliza.

Planos futuros

Rita está com dois projetos paralelos que além do Tecnomacumba, também pretende trabalhar ao longo do ano. Um deles é o show acústico Suburbano Coração, que é um projeto diferente do que a cantora vem construindo ao longo dos anos. Nele, conta com a participação do maestro Jaime Allem, que trabalhou por muitos anos com Maria Betânia.

Mas ela não nega sua veia de ritmias nordestinas. Para isso, trabalha desde o ano passado no projeto Zabumba Beat, onde pretende fazer referência ao instrumento da Zabumba e todas as suas filiações.

A Zabumba é adotada de formas diferentes pelas regiões brasileiras e é assim que Rita pretende mostrá-la no disco previsto para o segundo semestre deste ano. Nesse novo trabalho, em que ela vai do Tambor de Crioula ao Maracatu, a cantora já tem participação confirmada do musicista Donatinho, filho do pianista  João Donato.

VER COMENTÁRIOS
Polícia
Concursos e Emprego
Esportes
Entretenimento e Cultura
Saúde
Mais Notícias