INÉDITO

63 anos depois, o título da garra da Marambaia

Com campeonato inédito em 63 anos de atividade, a Escola Marambaia do Samba fez um carnaval da superação e da motivação para ganhar o primeiro lugar no desfile das escolas do Maranhão

Reprodução

Talvez pouca gente saiba, mas faltando apenas 10 dias para o desfile oficial das escolas na Passarela do Samba, no Anel Viário, o carro abre-alas da Marambaia, que representava a seca do Nordeste, pegou fogo e foi quase totalmente destruído. Foi com o apoio da comunidade que tudo foi refeito e concluído há 3 dias do desfile. A Escola que em anos anteriores sempre “beliscava” o campeonato, ficando geralmente nos quatro primeiros lugares, este ano inovou com o tema sobre o povo nordestino e o enredo Nordeste Brasileiro. Foi o primeiro título desde a existência da escola, oriunda do Bairro de Fátima.

Os trabalhos para o desfile deste ano começaram ainda no ano passado, em maio. Desde então, com poucos recursos, mas fé na vitória e ajuda da comunidade, a Escola conseguiu ficar pronta. “Cheguei para a minha avó e falei: ‘vó, se a escola está aqui, a passarela vai ser montada, por que que a nossa escola não vai sair? A escola sempre brincou sem ajuda política, por que este ano seria diferente?’. Foi então que preparamos esse desfile, com um tema inédito, inovador. A questão do carro que pegou fogo foi um incentivo a mais para a gente lutar com garra pelo carnaval. Ganhamos mais motivação”, aponta o carnavalesco da Escola, Dennys Melodia.

Dennys é neto de Dona Maria Célia (presidente da escola), carnavalesco da escola há seis anos, diretor de criação de bateria e compositor há 12, e diz que não existe escola grande nem pequena, existe a que tem mais dinheiro, frisando que a escola sempre fez carnaval para a comunidade levando sempre o ineditismo. “Optamos pelo Nordeste Brasileiro, por falar do nordestino por ser um povo muito alegre. O folclore nordestino é muito rico. Então, tem muitas coisas boas que me inspiraram. É um tema muito amplo e que saiu da mesmice de todos os anos. Falamos dos nove estados, da cultura, da culinária, das lendas, do futebol. Um tema inédito e que nos trouxe um título inédito”, lembra Dennys.

Para além do que poderia ter sido apresentado na Passarela, o carnavalesco conta que mesmo com parcos recursos (R$ 115 mil) e este sendo liberado em cima da hora, a Marambaia apostou na criatividade reaproveitando muito material. Ele acredita que o ponto alto do desfile foi a soma da comunidade. “Não conseguimos botar na Passarela tudo que planejamos no papel, mas o conjunto da obra ganhou o carnaval. Temos a vantagem de ter uma sede e de ter conseguido reaproveitar muito material, sempre dando o toque divinal. Também, o fato de termos uma Escola com um bom samba enredo, uma boa bateria e um bom intérprete foi primordial para a agremiação não ter passado despercebida na passarela”, explica.

Foto: Karlos Geromy / O Imparcial

Para 2019, a Escola tem dois temas em vista, mas já está aceitando indicações da comunidade, priorizando um temática inovadora e inédita, como foi feito em 2018. “Assim como em 2012, a Marambaia colocou a bateria em cima de um carro, para 2019 não vai ser diferente. Vamos trabalhar agora como campeã, com dinheiro e tempo para investir. Com a premiação vamos ter como preparar um desfile maior ainda. 40 mil reais (o valor da premiação) antecipados se transformam em R$ 80 mil, é só saber fazer. Porque a gente só depende da gente mesmo”, aponta.

Ficou para trás

Todas as vezes que entrevistávamos dona Maria Célia, a presidente da Escola, ela se lembrava com amargura da colocação no carnaval de 2012, quando ficaram com o 9º lugar. Segundo ela, isso serviu para reparar os erros. “A gente se desestimulou, mas passamos por cima com o projeto de mostrar a força da comunidade e a riqueza da nossa história. No ano seguinte fizemos um mergulho na própria história ao longo desses quase 60 anos de carnaval, procurando erros e acertos e retomando o nosso lugar no carnaval de São Luís”, disse Maria Célia.

Fundada em 1954, a Marambaia do Samba foi uma das primeiras formas de organização popular do Bairro de Fátima. Utiliza as cores verde e amarelo e tem como escola-madrinha a carioca Imperatriz Leopoldinense. Ao longo de mais de seis décadas já apresentou desfiles com destaque, como em 1979 quando apresentou um enredo falando sobre a Igreja do Desterro, e em 1981 sobre o Bairro de Fátima, ano em que teve seu auge na passarela na Praça Deodoro. Porém no ano seguinte, em 1982, a Escola foi rebaixada para a 2ª divisão, onde ficou por muitos anos.

Colocações nos últimos dez anos

2008 – 7º – Recordar é viver
2009 – 5º – A festa do Divino Espírito Santo
2010 – 6º – Se ganhar não leva e Se perder arrasa
2011 – 2º – Igaraú, um santuário entre nós
2012 – 9º – São Luís, solo encantado que a história preservou!
2013 – Não houve desfile
2014 – 5º – Ser Marambaia é ser feliz no dia a dia
2015 – 3º – PH: Uma história de alegria e fantasia no Maranhão
2016 – 3º – De Tribuzzi à São Luís uma louvação ao carnaval
2017 – 4º – Majestosa Mãe África: Herança dos Nossos Ancestrais
2018 – Campeã – Nordeste Brasileiro

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